Visita a Foz do Velho Chico e outros passeios – Voupranos

Visita a Foz do Velho Chico e outros passeios

Quando estiver em Maceió, reserve um dia para conhecer um dos mais belos cartões-postais de Alagoas: a foz do velho Chico, o Rio São Francisco, que demarca a divisa com o Sergipe. Conhecido como Rio da Integração Nacional por abranger nada menos que cinco Estados brasileiros ao longo de seus 2,7 mil quilômetros, o incansável Velho Chico parece reservar seu maior encanto para o momento em que se abre rumo ao mar, como se quisesse entregar ao Oceano Atlântico toda a riqueza cultural aprendida com os 14 milhões de brasileiros que se banham, pescam, lavam roupa, contam histórias e saciam a sede do sertão às suas margens.

AdobeStock, Silva

Os passeios até a foz são feitos em escunas, saveiros, catamarãs e outras pequenas embarcações que partem do cais de Piaçabuçu. A duração do trajeto pelo rio varia conforme o tipo de barco. Mas nem é preciso se preocupar com o tempo, porque o percurso é, por si só, um deleite às máquinas fotográficas, aliando as belíssimas imagens de ilhas fluviais, garças e rancharias (casas de palha à beira-rio onde pescadores costumam descansar) ao colorido poético dos barcos-borboleta (espécie de embarcação de madeira com velas quadradas, herdada dos portugueses e só encontrada lá). Seu nome deve-se ao colorido das velas, que mais lembram borboletas a pousar sobre o rio.

Na chegada à foz, o visual é mesmo cinematográfico, com a areia limpinha, as águas mornas do rio convidando para um banho, algumas peças de artesanato deitadas em um pequeno trecho da margem e… nada mais. Mas não precisa mesmo.

Como o caminho é longo (leva-se, no mínimo, uma hora e meia para percorrer de carro os 142 quilômetros que separam Maceió de Piaçabuçu, sem falar no tempo do trajeto de barco até a foz), deve-se reservar o dia inteiro para esse passeio. E aproveitar a deixa para almoçar e fazer uma caminhada pela simpática Piaçabuçu.

Algumas cenas do filme Deus é Brasileiro foram gravadas ali, ao som de músicas típicas da cidade embaladas pelo conjunto de tarol, zabumba, sanfona e pífano (instrumento de origem indígena próprio da região, semelhante à flauta). Afinal, é na simplicidade que o Todo-Poderoso revela suas obras-primas.

Folclore mágico

A cultura alagoana é riquíssima em manifestações folclóricas cheias de ornamentos, coreografias e trajes coloridos. Uma das mais expressivas é o Guerreiro, que nasceu da mistura do Reisado com o Auto dos Caboclinhos, a Chegança e o Pastoril. Isso porque suas cantigas são dançadas por bailarinos ricamente paramentados para imitar os trajes da antiga nobreza colonial. As sedas, brocados e pedras preciosas de antigamente são substituídos por fitas, espelhos, diademas e até enfeites de árvores de Natal.

Outra tradição é o Quilombo, uma adaptação de danças que representam lutas, ora entre brancos e negros, ora entre mouros e cristãos, sendo comum a sua apresentação em festividades religiosas. Para acompanhar a cantoria, bandas de pífanos. E as opções de folguedos não param por aí. Também tem presépios, fandangos, taieiras, baianas, o poético coco alagoano e as disputas das cavalhadas e vaquejadas. Várias fantasias e instrumentos podem ser conferidos em museus de Maceió, como o Théo Brandão e a Casa do Patrimônio.

Hoje tem Sururu

Em Alagoas, sururu não é sinônimo de confusão, e sim um pequeno molusco que vive na lama lacustre e garante o sustento de muitas famílias no entorno das lagoas de Manguaba e Mundaú. Símbolo da gastronomia local, a iguaria faz sucesso nas mesas de Maceió ensopada ao leite de coco, ao vinagrete ou cozida na própria concha (capote) com molho de tomate, pimentão, cebola, alho, azeite, coentro, cheiro-verde e leite de coco.

AdobrStock, Art by Pixel

Os caldinhos feitos com o mexilhão também aparecem nos cardápios de quase todos os bares e restaurantes especializados em pescados. Afinal, reza a lenda que a especialidade tem propriedades afrodisíacas. É só experimentar e tirar a prova. Mas a culinária alagoana vai muito além de pescados e frutos do mar. A comida sertaneja, recheada de muita carne-seca, também faz sucesso. Tapiocas, pratos à base de macaxeira e sucos de diversas frutas locais completam a cena gastronômica.

Artesanato

Peças de renda, barro e até palha fazem do artesanato alagoano um dos mais criativos do Brasil. Não à toa, há tantas feirinhas e comunidades de artesãos espalhadas pelo Estado. Às margens da Lagoa Mundaú, rendeiras de mãos hábeis dão forma ao filé – bordado mais característico de Alagoas.

No Pontal da Barra, em Maceió, é possível comprar peças direto das rendeiras a preços bem convidativos. Já no Pontal de Coruripe, bolsas, esteiras e cestas são criadas com a palha do ouricuri (espécie de palmeira-anã com folhas longas) e fazem o maior sucesso até no exterior.

AdobeStock, Anahy

Lagoas Mundaú e Manguaba 

Há dezenas de lagoas no Estado, sempre convidando para um banho refrescante. Na região metropolitana de Maceió, um dos passeios mais procurados é o das lagoas Mundaú e Manguaba. Embarcações margeiam lentamente o conjunto de nove ilhas e param na chamada Prainha, onde uma barraca serve bebidas e petiscos à beira d’água. Normalmente, os passeios partem do Pontal da Barra e duram cerca de quatro horas. Vale optar pela saída da tarde, para ter a oportunidade de contemplar o belíssimo pôr do sol na região.

Publicado em: 19/10/2022
Atualizada em: 26/10/2022
Quero contribuir com essa matéria dos Voupranos

VEJA TAMBÉM

Maceió