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Dicas do Atacama

O Deserto do Atacama é uma gigantesca imensidão seca e vazia, do tamanho do Estado do Paraná, que ocupa boa parte do norte do Chile. Descrito assim, pode até parecer desinteressante, mas não é. Basta seguir algumas dicas para curtir muito a região.

Para começar, o Atacama não tem nada de monótono. Vulcões, gêiseres, dunas gigantes, cânions, fontes de águas termais e salares compõem paisagens fantásticas neste que é o mais árido de todos os desertos do planeta.

No Atacama, chove menos do que no Saara. Todo mundo que vai até lá volta fascinado. E o que se ouve nos comentários dos turistas são adjetivos do tipo: “maravilhoso”, “estupendo”, ou apenas, “diferente, muito diferente”.

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Afinal, que outro deserto tem lagoas de águas em tons verdes e azuis emolduradas pelas montanhas da Cordilheira dos Andes? Ou reúne vulcões a 6 mil metros de altitude? E ainda abriga o segundo maior salar da Terra, uma enorme planície em que o chão é puro sal petrificado, que ocupa o dobro da área da cidade de São Paulo?

Você pode nunca ter ido para a Lua nem para Marte, mas talvez tenha alguma ideia de como eles são caso passe pelo Atacama qualquer dia desses.

As paisagens do deserto chileno são dignas de cenários extraterrestres. Tanto que a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) escolheu o lugar para testar diversos robôs que foram enviados em foguetes para Marte, já que o solo pedregoso do Atacama lembra o do planeta vermelho. E certa região do deserto recebeu o nome de Vale da Lua justamente por conta das curiosas formações rochosas que por lá se espalham.

Por todo canto, há bem pouca vida, poucas plantas e poucos insetos. Porém, aqui e ali, surgem pequenos rios formados pelo degelo da neve da cordilheira. É essa água que permite a permanência de moradores de 17 povoados instalados em plena secura, que vivem da agricultura e da criação de cabras e lhamas.

San Pedro de Atacama

Quem vai ao Atacama costuma desembarcar em Calama, que fica aproximadamente 1.600 km ao norte de Santiago, na fronteira com a Bolívia. Basta descer do avião para perceber que o aeroporto está no meio do deserto.

De lá, são mais 80 km até a cidade de San Pedro de Atacama, onde, aí sim, o “meio do nada” turístico realmente surge. No caminho, embora o bom asfalto não tenha obstáculos, as vans não passam dos 70 km/h por causa do ar rarefeito da altitude.

O Atacama é uma espécie de prolongamento da Cordilheira dos Andes, com terrenos que variam entre 2 mil e 4 mil metros acima do nível do mar. Na parte mais baixa do deserto fica San Pedro de Atacama, mais para vila do que cidade, com poucas ruas empoeiradas onde vivem cerca de 10 mil habitantes. Assemelha-se a um oásis no meio do deserto, com pousadas, bares e restaurantes.

A maioria das pessoas curte o lugar, talvez por conta do astral de vila do Velho Oeste, só que com turistas estrangeiros vestidos à la Indiana Jones no lugar dos caubóis. Boa parte das ruas é de terra e as casas, rústicas, têm teto baixo e paredes de adobe.

É um lugar informal e descontraído, uma espécie de Jericoacoara do Chile, com deserto em vez de praia, onde todo mundo circula nos finais de tarde depois de voltar dos passeios.

Há bons restaurantes na vila e diversos bares desencanados, desses com almofadas pelo chão e luzes psicodélicas. Depois de um par de dias em San Pedro, é inevitável entrar no clima do lugar, e muitos vestem os mesmos ponchos comprados nas lojas de artesanato e mostram os mesmos ares de “não estou nem aí” no rosto.

Apesar da aparente rusticidade, a cidadezinha tem boa infraestrutura para receber visitantes de várias partes do mundo, desde mochileiros até turistas mais exigentes, que ficam em hotéis sofisticados, com conceito ecolodge. Não há resorts nem qualquer construção vertical, pois a lei local proíbe.

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Como se aclimatar

Seja qual for o tipo de hospedagem, a rotina no Atacama é sempre a mesma: acordar de manhã bem cedo, muitas vezes antes do nascer do sol, e sair para os passeios.

Antes, porém, é preciso vestir metade da bagagem, porque o frio que entra pela noite e invade a manhã do Atacama é forte, mesmo no verão. Tanto que todos os restaurantes de San Pedro têm lareiras para aquecer os clientes.

Sem os raios de sol, a temperatura no Atacama desaba. Vai de 40 ºC até próximo de zero em poucas horas.

Assim, o turista sai do hotel embrulhado em gorro, luvas e jaquetas para voltar horas depois só de bermuda e camiseta, derretendo com o calor – ou seja, você vai “descascando” camadas de roupa com o passar das horas e o aumento de temperatura.

Todos os dias são assim, pois no Atacama quase nunca chove. Em muitos locais do deserto, não se tem notícia de que tenha chovido algum dia. Quando uma garoa começa a cair em San Pedro, os moradores vão para a rua comemorar, especialmente as crianças, já que muitas delas nunca viram uma gota de água cair do céu.

Nenhum morador tem guarda-chuva em casa, tampouco já ouviu o som de um trovão. As casas do povoado nem telhas têm, já que teto por ali serve apenas para proteger do sol e do frio.

Cuidados

Nos hotéis, os recém-chegados são logo alertados a usar sempre protetor solar, já que a incidência de raios ultravioleta é altíssima por causa da baixa umidade do ar, e beber água, litros e litros de água, para evitar a desidratação.

Roteiros

A boa notícia é que se tem absoluta certeza de que o dia seguinte no Atacama terá sol e céu azul, o que é perfeito para os passeios. E opções não faltam. O cardápio de possibilidades vai de lagoas de águas inacreditavelmente azuis a gêiseres que cospem água fervente do solo e salares, onde o chão é uma placa de 1 km de espessura de puro sal petrificado.

São tantas opções que fica impossível conhecer tudo. Nem que a viagem durasse o ano inteiro, fazendo um passeio diferente a cada dia, daria para explorar todo o deserto chileno.

Publicado em: 18/10/2022
Atualizada em: 26/10/2022
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