O que fazer em Mendoza – Voupranos

O que fazer em Mendoza

A lista de o que fazer em Mendoza é tão peculiar que está escrito no outdoor fincado em meio a uma plantação de uvas bem ao lado do aeroporto: “Deste vinhedo lhe dá as boas-vindas Mendoza”.

O visitante mal chega à terra do vinho argentino e já topa com o símbolo que melhor representa a região. Singelas e simpáticas, as videiras baixas de caule retorcido, com seus cachos de frutas roxas e maduras, estão ali, a saudar silenciosamente os recém-chegados.

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E não se trata de mero capricho de boas-vindas. Os parreirais cobrem quase todo palmo de chão árido da região de Mendoza, que tem a maior quantidade de vinhedos da América Latina, responsáveis pela produção de 70% de todo o vinho feito no país.

Mesmo antes de pousar já é possível testemunhar, pela janela do avião, a aridez terrosa do noroeste argentino se transformar num tapete quadriculado de tonalidades verdes dos campos cultivados de Vitis vinifera, como são chamadas as uvas propícias para a elaboração de bons vinhos. Os parreirais estão em toda a parte: à beira das estradas, ao fundo das paisagens e até ao lado das  piscinas das pousadas da região.

Ao olhar de perto um desses vinhedos, parece difícil crer que as frutas brotem tão fartamente naquela terra seca feito pó. Mendoza está em pleno deserto, bem aos pés da Cordilheira dos Andes.

No entanto, as uvas adoram as condições de clima e solo ali combinadas: sol, chuva praticamente inexistente e grandes variações de temperatura, que podem oscilar até 20 ºC entre o dia e a noite.

Shutterstock, Alexandr Vorobev

Conhecer Mendoza implica mergulhar no universo do vinho, onde o programa principal é visitar vinícolas e comer muito bem, sem gastar demais por isso. É uma atração extra da curiosa paisagem de Mendoza emoldurada pelas montanhas dos Andes e pelo charme das vinícolas, cujas construções elegantes dão mais sabor aos passeios.

Quando ir

No inverno, entre junho e julho, é possível combinar a visita às vinícolas aos passeios na neve da estação de esqui de Los Penitentes.

Entre agosto e novembro o clima é bem agradável, pois não faz tanto calor e os preços são de baixa temporada.

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De fevereiro até o final de abril é época da Vindima. Mendoza está em festa e cheia de turistas.

Onde fica

Mendoza está 710 km a noroeste de Buenos Aires, a uma hora de carro da fronteira com o Chile, numa região onde, em alguns lugares, chove tanto quanto no Deserto do Saara.

Ainda assim, a cidade é arborizada, como um verdadeiro oásis, graças a um engenhoso sistema de irrigação que usa a água do degelo da neve da cordilheira.

Diques e canais distribuem a água que desce das encostas por canaletas que correm ao lado das calçadas. Plátanos, grandes árvores típicas da região, formam túneis verdes em quase todas as ruas. Há diversas praças encantadoras espalhadas pela cidade e um enorme parque, o General San Martín.

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É preciso passar pelos imponentes portões metálicos da entrada principal do parque, que dão um ar solene e importante ao lugar, para chegar ao zoológico, ao Estádio Islas Malvinas, construído para a Copa de 1978, à Hípica e a um teatro ao ar livre, chamado de Teatro Grego, onde acontecem os maiores shows e eventos da cidade.

O coração de Mendoza, no entanto, é a Plaza Independencia, que ocupa um quarteirão inteiro. Ponto de convergência dos mendocinos em busca de momentos de puro relax.

Os moradores usam o espaço sem o menor pudor. Estendem a toalha no gramado, abrem uma garrafa de vinho e ali se vão horas e horas de papo para o ar. Alguns puxam um livro, outros namoram ou apenas fazem umas manobras de bicicleta.

A praça tem fontes luminosas, feirinha de artesanato e apresentações de artistas de rua. É um lugar vibrante e cosmopolita, com gente do mundo inteiro circulando.

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Da Plaza Independencia começa o calçadão da Sarmiento, de onde, antes da meia-noite, ninguém arreda o pé dos cafés e dos bares de vinho com mesas ao ar livre. Mendoza tem hábito de dormir tarde.

E não por conta dos bares da Sarmiento ou das danceterias à beira da Ruta n. 7, mas porque ainda é comum a tradicional siesta, a sonequinha de depois do almoço que os mendocinos  julgam sagrada.

O comércio fecha às 13h e só reabre às 16h ou 17h, para terminar o expediente por volta das 22h. Ou seja, um happy hour em Mendoza pode seguir facilmente madrugada adentro.

Vinícolas

A mesma facilidade de circular pela cidade não se aplica aos passeios às vinícolas, que ficam nos arredores da cidade, espalhadas em quatro distritos produtores da Grande Mendoza. Maipú e Luján de Cuyo são os que concentram maior número de bodegas.

Difícil é escolher para onde ir, pois existem cerca de 1.200 bodegas na região, desde pequenas propriedades familiares de produção semiartesanal, como a Vinã el Cerno (que produz cerca de 9 mil garrafas por ano), até as vinícolas comerciais mais conhecidas no Brasil, com rótulos nas gôndolas dos supermercados por aqui, como Trapiche, Norton e Terrazas de los Andes – esta última produtora do espumante Chandon.

AdobeStock, Luciano

Uma centena de vinícolas em Mendoza está aberta à visitação. Nelas, o turista pode conhecer um pouco sobre o processo de produção do vinho, desde os parreirais até a sala de barris, em meio a uma enxurrada de explicações sobre o cultivo da uva, a colheita, a separação dos frutos, a fermentação e por aí vai. É bem interessante.

Mas depois da quarta ou da quinta vinícola pode começar a ficar um pouco repetitivo ouvir tantos pormenores técnicos que só um enólogo conseguiria assimilar. A melhor parte acontece no final da visita: a degustação dos vinhos, geralmente três ou quatro rótulos.

Publicado em: 21/10/2022
Atualizada em: 26/10/2022
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