Comece sua visita pela Cidade Baixa – Voupranos

Comece sua visita pela Cidade Baixa

A Cidade Baixa é a região mais central da capital portuguesa e recomendamos que comece sua visita por ela. É onde está a Lisboa tradicional, com as tascas para tomar uma bica (café), as chapelarias que vendem boinas e os simpáticos bondinhos amarelos – os elétricos –, que são a cara da cidade. Embarque no elétrico 28 e irá rodar pelos trilhos da nostalgia em um delicioso, e barato, tour histórico pela capital portuguesa.

AdobeStock, Richie Chan

A região da Baixa foi destruída por um devastador terremoto que atingiu a cidade em 1755 e mudou a história de Lisboa. Sob o comando dos arquitetos de Marquês de Pombal, diversas inovações urbanísticas, como as ruas largas e os quarteirões simétricos, foram aplicados na reconstrução, exemplos que outras capitais europeias seguiriam quase um século depois.

O coração da Cidade Baixa é a Praça do Comércio, também conhecida como Terreiro do Paço, à margem do Rio Tejo. É o palco principal da história da cidade e do país. A Praça do Comércio já abrigou o Paço Imperial, a casa dos reis de Portugal. Ali foi assassinado a tiros o rei D. Carlos em 1908, episódio que pôs fim à monarquia em Portugal. Na praça desfilaram os militares de Salazar. Nela, o povo comemorou o fim da ditadura em 1974. Ao centro fica a estátua equestre do rei D. José e, sob os arcos que circundam os prédios, está um dos cafés mais antigos de Lisboa, o Martinho da Arcada, aberto desde 1782, cuja maior curiosidade é acreditar em fantasmas.

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A casa mantém reservada a mesa que o poeta Fernando Pessoa, um velho habituè, costumava usar. A mesa no canto do salão tem fotos e livros do escritor. Muitos brasileiros célebres passaram por ali, entre eles, Jorge Amado e Fernando Henrique Cardoso.

Aula de história em cada esquina

Quem gosta de história não pode deixar de conhecer o Lisbon History Center, um museu que conta a história da cidade desde os fenícios, que ali estiveram oito século antes de Cristo. O museu tem salas decoradas com peças de época – há até uma réplica em miniatura de uma caravela – e o visitante caminha por elas enquanto escuta a narração em um áudio guia. O mais legal é o cinema, com um curta-metragem sobre o terremoto de 1755. A entrada dá direito a subir ao terraço do Arco da Augusta. É um ponto privilegiado para ver a Cidade Baixa do alto: de um lado, fica a Praça do Comércio, do outro, a Rua Augusta, a principal do bairro. Trata-se de um calçadão para pedestres onde os restaurantes colocam mesas nas calçadas, artistas fazem performances de rua, ambulantes vendem castanhas assadas e turistas babam nas vitrines das pastelarias, que em Lisboa não vendem pastéis, mas sim doces, os famosos doces conventuais portugueses, preparados com muito açúcar e gemas de ovos. Nenhum é mais tradicional do que o pastel de nata. Um certo ritual em Lisboa manda comer essa delícia no bairro de Belém, mas como ninguém é de ferro para esperar tanto, mate logo a vontade na Fábrica da Nata, ali na Rua Augusta mesmo, que serve o doce recém-saído do forno. As pastelarias e os doces conventuais foram a maneira que os portugueses descobriram para tornar a vida um pouco mais interessante.

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Já no Largo de Santo Domingo está um dos lugares mais curiosos da Cidade Baixa, o Ginjinha, um minúsculo boteco, com uma portinha e um balcão de um metro e meio de comprimento. O lugar não tem mesa, nem cadeiras e vende apenas uma única bebida. Mesmo assim, lota. Tem sempre fila na porta. Afinal, todo mundo que vai a Lisboa quer experimentar a tal bebida que é considerada a mais típica da cidade e tem o mesmo nome do boteco, ginjinha. É o licor de uma fruta chamada ginja. A dose, que vem precedida por uma pergunta feita pelo homem do balcão: “com ou sem?”. “Com ou sem o quê?”, quase todo mundo responde sem saber do se trata. “Ginja, oras”. E o tal sujeito nem espera a resposta para entornar no copo um líquido vermelho com umas bolinhas dentro, as tais ginjas, que são uma espécie de cereja banhada por um licor muito doce. É gostoso. Peça outro e vai ouvir novamente: “com ou sem?”. A Cidade Baixa é um lugar para quem dá valor às tradições.

Chiado e Bairro Alto

Ao lado da Cidade Baixa está o Chiado, uma região de comércio chique e bons restaurantes. A forma mais divertida para chegar lá é pelo elevador da Santa Justa, que também cumpre uma função de mirante, ou então pelo elevador da Glória, um funicular que vence a ladeira íngreme até pertinho dos arcos do Convento do Carmo. Outra alternativa é subir caminhando pela Rua Garret, que o levará direto ao café A Brasileira, aberto desde 1905 e célebre pela estátua do poeta Fernando Pessoa. Tirar uma foto ao lado da estátua é outro ritual dessa cidade cheia de adoráveis clichês.  O Chiado é “o” lugar para se comer bem em Lisboa. Tudo bem que qualquer tasquinha portuguesa serve boa comida a preços módicos. Mas nenhum outro bairro da cidade concentra tantos bons restaurantes quanto o Chiado.

Colado ao Chiado está o Bairro Alto, que talvez seja o mais querido entre os lisboetas, que o chamam apenas de “o Bairro”. É onde começa a vida boêmia da cidade, embora boa parte dela tenha migrado para a região do Cais do Sodré. Mas o Bairro Alto ainda não perdeu o charme de suas vielas iluminadas com antigas luminárias onde os jornalistas de um velho diário local juntavam-se, depois do expediente, nos bares da Rua do Diário de Notícias, o que deu origem à tradição boêmia da região. Percorrer as ruas do Bairro Alto à noite é deparar-se com bares de rock, jazz e, claro, de fado, a música que está para Portugal assim como o samba está para o Brasil.

O Bairro Alto é o principal reduto do fado. Lá estão casas bem tradicionais. Os shows acontecem durante o jantar. Não vá a Lisboa sem assistir a um show de fado.  O único problema do Bairro Alto é que, por lei, os bares devem fechar às duas da madrugada, para não incomodar os vizinhos. Mas os boêmios burlam a lei; mesmo depois que os bares fecham, ninguém arreda o pé, e as ruas seguem cheias, já que as mercearias permanecem abertas vendendo bebidas.

Publicado em: 19/10/2022
Atualizada em: 26/10/2022
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