Vislumbre a natureza em estado pleno do Jalapão

Adobe Stock: Fervedouro, Jalapão – Lucas A. Klever
Desde fins dos anos de 1990, quando o Parque Estadual do Jalapão, uma das regiões mais isoladas e deslumbrantes do Brasil, emergiu como um senhor destino do ecoturismo, muita gente segue para lá a fim de desbravar suas atrações, dominadas pela vegetação típica do cerrado e por grandes chapadas, onde brotam rios, cachoeiras e até dunas. Uma miscelânea de cenários numa das regiões mais remotas do Brasil, que ocupa uma área imensa (34 mil km², maior do que o Estado de Alagoas) no oeste de Tocantins.
Por conta dessa vastidão, visitar o pedaço por conta própria é complicado. É preciso estar com veículo 4×4 e ter bom conhecimento das estradas de terra que cortam tais planícies. Assim, o mais prático e seguro é contar com ajuda profissional e planejar a viagem com cuidado.

Adobe Stock: Fervedouro do Ceiça, Jalapão – Carina Furlanetto
Quando ir
Entre dezembro e janeiro é alta temporada e os passeios ficam mais disputados, mas as paisagens ficam belíssimas e os banhos de cachoeiras mais agradáveis. Entre junho e setembro, quase não chove no Jalapão. Assim, o pôr do sol nas dunas é mais garantido. Nesse período, a temperatura pode cair um pouco à noite, para cerca dos 18ºC.

Adobe Stock: Pôr do Sol nas Dunas, Jalapão – Dayane
Dunas e fervedouros
Um dia típico no Jalapão começa bem cedo. Acordar com as galinhas é a única maneira de fazer o tempo render, garantindo ao visitante a chance de aproveitar as exuberantes e múltiplas paisagens da região sem correria. É o caso das Dunas do Jalapão, um improvável conjunto de dunas que existe em pleno cerrado tocantinense. As montanhas douradas, com cerca de 20 metros de altura, são formadas pela areia erodida das encostas da Serra do Espírito Santo. Do alto delas, tem-se a mais bela vista do Jalapão. O passeio para lá é feito sempre no fim da tarde, para que se possa curtir o pôr do sol.
Já no quesito curiosidade, a atração número 1 é o Fervedouro do Ceiça, nascente de águas transparentes cercada de bananeiras. O poço parece estar em contínua ebulição, por conta do fluxo de água que brota do subsolo – daí o nome fervedouro.
A torrente é tão forte que impede o corpo de afundar. O único problema é que a nascente é pequena e, por isso, o número de visitantes de uma vez e o tempo que se pode passar por lá são limitados. Por isso, a baixa temporada é a melhor época para curtir essa atração, que é uma das mais famosas do parque. De qualquer forma, dali dá para seguir até o fervedouro seguinte, o do Soninho, bem maior e sem limites de tempo.

Adobe Stock: Dunas, Jalapão – Jarlis
Reino das cachoeiras
Como o Jalapão é uma espécie de reino das águas, também não faltam cachoeiras para a turma continuar se refrescando do calorão do cerrado. Na do Formiga, a água super cristalina lembra os rios de Bonito (MS). A da Sussuapara, por sua vez, se embrenha entre cânions iluminados diretamente apenas por volta do meio-dia.
Mas a cachoeira mais impressionante é a da Velha, a maior das redondezas, com 20 metros de largura, onde as águas do Rio Novo desabam numa queda em forma de ferradura. Lá, o aguaceiro é tão forte que o banho é perigoso. Para nadar, é preciso descer o rio um pouco mais, até a Prainha do Rio Novo, onde as águas ficam represadas por uma faixa de areia que deixa o rio calmo feito uma lagoa.

Adobe Stock: Cachoeira da Velha, Jalapão – Luciano Queiroz

Adobe Stock: Cachoeira da Formiga, Jalapão – Gustavo
Chapadão da Serra do Espírito Santo
Com tantas cachoeiras e nascentes no roteiro, o traje oficial durante quase toda a viagem é roupa de banho e chinelo. Também é bom levar tênis para subir em um mirante no alto do chapadão da Serra do Espírito Santo, que descortina um completo panorama da região. Seguindo por uma trilha de 8 km (ida e volta), são cerca de três horas de caminhada, sendo o trecho mais suado a subida da encosta, que se estende por 800 metros.
Vislumbrados assim de longe, os campos do Jalapão parecem cobertos por um capim homogêneo, com a monotonia quebrada apenas pelas veredas de buritis e algumas árvores baixas de galhos retorcidos. Vistos de perto, porém, nas trilhas, impressiona a variedade e a beleza das plantas desse ecossistema que quase desapareceu do Brasil. O cerrado original é um grande jardim exótico, com flores e folhas de estranhos formatos. E nomes engraçados: barbatimão, jalapa, guaçatonga…
Por conta da beleza das paisagens, quase todo mundo que volta apaixonado do Jalapão. Pudera: em quantos lugares do mundo é possível tomar banho de rio logo de manhã, curtir uma siesta preguiçosa no redário após o almoço e ver casais de araras voando nos fins de tarde?

Adobe Stock: Serra do Espírito Santo, Jalapão – OtavioOliva

Adobe Stock: Serra do Espírito Santo, Jalapão – OtavioOliva
Capim dourado
Um dos passeios mais típicos do Jalapão é o que leva a Mateiros, cidade nos arredores do parque que dá aos turistas a oportunidade de comprar o famoso artesanato de capim dourado. Na loja da associação de artesãos locais, profissionais manuseiam o capim até transformá-lo em peças variadas e muito vistosas. Há cestas, porta-joias, mandalas para pendurar na parede e bolsas.

Adobe Stock: Artesanato com capim dourado, Mumbuca, Jalapão – OtavioOliva

Adobe Stock: Artesanato, Jalapão – Tacito
Atualizada em: 28/09/2023