Uma viagem cheia de sabores e surpresas por Tóquio
Prepare-se para ser muito bem recebido. No Japão, gentileza e respeito andam lado a lado. Se bem que andar lado a lado não é nada fácil em Tóquio, cujo quilômetro quadrado é compartilhado por 13 mil habitantes. Em São Paulo, que tem uma população maior do que a da capital japonesa, a média é de 7.800 pessoas. Populoso? Nossa, é muita gente. Isso porque o país é um arquipélago cuja densidade demográfica se concentra em poucas ilhas, já que 80% do território japonês é inabitável, restando apenas 20% repleto de atrações para toda essa multidão.
Tóquio chega a ter calçadas com “mão certa”, em que um grupo segue pela direita e outro pela esquerda. E você só deve atravessar o fluxo se for entrar numa loja. Ou comprar refrigerante, café, cigarro, refeição em lata e tudo o
mais que puder imaginar numa das 5 milhões de máquinas automáticas que estão pelos cantos, em toda parte. E pasme: elas não estão pichadas, depredadas ou em manutenção. Tudo funciona.
Transporte
Andar de metrô em Tóquio, por exemplo, é algo superorganizado, desde que você decodifique o processo. Após descobrir como comprar o bilhete, que linha seguir, qual escada subir ou descer, fica fácil. Mas, na primeira vez, essa empreitada leva tranquilamente uma hora. As estações se confundem, e a ordem é seguir as placas em inglês, perguntar ou abusar do “efeito mapinha”.
Explico: abra um mapa qualquer no celular, faça aquela cara de “socorro, estou perdido” e aguarde. Pode ter certeza de que, segundos depois, alguém irá oferecer ajuda em japonês, inglês ou na linguagem universal da mímica – e, em alguns casos, esse “anjo” vai se desviar do próprio caminho em seu auxílio. O que é bem-vindo, até para sair da estação, que pode ser enorme, caso de Shinjuku, que tem 14 linhas, sete plataformas, 3 milhões de passageiros por dia e acredite: mais de 200 saídas.
Está no Guinness, o livro dos recordes. Ao sair da estação, há outra encrenca. As ruas não têm nome e as casas não têm número. Ao mirar o alto, você também verá vários anúncios coloridos, e indecifráveis, telões gigantescos e avisos de “proibido fumar” (no Japão, nem sempre se pode fumar ao ar livre) afixados lá em cima dos edifícios, que distribuem estabelecimentos comerciais acima e abaixo do solo. Tudo para ganhar espaço. Então, prepare-se para se virar.
A capital
Tóquio se chamava Edo e, em 1868, tornou-se a capital japonesa, substituindo Kyoto. Em 1923, um terremoto fez um estrago daqueles; anos depois, foram os bombardeios da Segunda Guerra. Ainda assim, a cidade não se intimidou com o custoso processo de renovação, tampouco desistiu de crescer: hoje, são 14 milhões de habitantes. Somada a Osaka e Kyoto, a cidade compõe a tríade de destinos- chave do país. Tóquio é uma vanguardista metrópole. Osaka tem fama na gastronomia. E Kyoto é cultura e tradição. Entretanto, essas facetas se mesclam facilmente.
Sensoji
Exemplo é que Tóquio, mesmo cosmopolita, é superreligiosa, exibindo o templo budista Sensoji, que, datado do ano 645, é o mais antigo e visitado da cidade. A entrada da construção, chamada de Kaminarimon (portal do trovão, em japonês) e repleta de incensos, que afastariam os maus espíritos, traz uma lanterna imensa, levando ao pagode, uma torre com múltiplos telhados, e ao hondo, prédio principal do complexo. Para se purificar de vez, use o temizuya, fonte onde os visitantes lavam as mãos ou fazem um bochecho.
Kamakura
Aproveitando o clima religioso, a dica é seguir de trem à vizinha Kamakura para ver um buda de bronze, o qual tem 13,4 metros de altura, pesa 93 toneladas e prova por A mais B que é resistente. O “A” foi uma senhora tormenta, em 1334, que voltou a se repetir em 1369 , o “B” dessa equação. E ainda teve um “C”: um tsunami, em 1498. Mais de 500 anos depois, o altivo buda continua lá, no templo de Daibutsu.
Palácio Imperial
Mas, como o que não falta são templos e budas exuberantes ao longo deste roteiro, tudo bem se você abdicar do passeio e se jogar no ritmo de “tudo ao mesmo tempo agora” de Tóquio, priorizando atrações locais como o vistoso Palácio Imperial, onde fica a residência do imperador Akihito, o 125º da história do Japão. O complexo é composto por diversos templos e parques interligados, formando uma das mais belas áreas verdes da metrópole, e abriga ainda o castelo de Edo. Esta era a casa dos senhores feudais no antigo núcleo urbano que deu origem a Tóquio, e a base de pedras do castelo segue de pé no Parque Higashi Gyoen.
Compras
Outra atração que é a cara de Tóquio é o Tsukiji Shijo, o maior mercado de peixes do mundo. O lugar é grande, e o número de visitantes também, principalmente pela manhã, quando rola um curioso leilão de atum. O negócio é começar a visita bem cedo, por volta das 5h – vá até lá, então, nos primeiros dias de viagem, quando, a essa hora, por conta do fuso, você certamente já terá despertado. Nesse horário, você verá embarcações pesqueiras descarregando atuns enormes, peixes-espada e quiçá baleias, uma vez que, no Japão, a pesca e venda da carne de baleia é restrita, mas não proibida.
Por volta das 9h, a interessante movimentação cessa, já que os pescados estão sendo levados para os comerciantes e donos de restaurantes que os compraram. O tour, porém, não precisa acabar: nos arredores do Tsukiji Shijo, não faltam restôs e lojinhas, que vendem de garrafas de saquê a facas para fatiar peixe.
Por falar em compras, a boa notícia é que preço de produtos e serviços cobrados em iene, a poderosa moeda japonesa, já não assusta tanto quanto no passado. Assim, seu dinheiro vai render bem, especialmente em redes como a Daiso, que, no estilo das lojas de R$ 1,99, vendem toda sorte de quinquilharias.
Shibuya
Já a vizinhança de Shibuya, casa do iluminadíssimo e icônico cruzamento que tem oito semáforos regendo uma coreografia de gente – e merece ser apreciado de longe ou com você no “corpo de baile” –, é o endereço das
lojas de moda jovem e das butiques de grife. Essas também são encontradas na região de Guinza, em lojas de departamento como a Mitsukoshi, quintessência do luxo na cidade, como bem comprova o andar onde são vendidas belíssimas, e caras, cerâmicas japonesas.
Akihabara
Não saia de Tóquio sem conferir Akihabara, tomada por galerias que vendem eletrônicos e caracterizada por geeks e jovens paramentados como seus personagens favoritos. Ali, a oferta de produtos é enlouquecedora. E o valor também, já que os preços de laptops, câmeras, videogames, celulares, tablets e outros gadgets vendidos no bairro estão entre os mais baixos do mundo.
Atualizada em: 08/01/2025