Um tour pelo Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves – Voupranos

Um tour pelo Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves

Adobe Stock: Bento Gonçalves, Bruno Silva

Viajar para Bento Gonçalves significa, acima de tudo, degustar muitos vinhos. A região é sede das maiores vinícolas do país, que dão conta de 20% de toda a bebida produzida no Brasil. É de lá que parte o caminho do Vale dos Vinhedos, onde as grandes e pequenas bodegas vão se sucedendo uma ao lado da outra ao longo de uma bucólica estradinha que contorna morros cobertos de parreirais. Quem passeia por ali pode ter a ligeira sensação de estar passeando pela rota dos Chianti, na Toscana italiana, ou em Bordeaux, na França. Mas o melhor de tudo é que fica no Brasil.

Qualquer encosta de morro em Bento Gonçalves é tomada por parreirais. A cultura da uva para produção de vinho é antiga nesta região da Serra Gaúcha. Muitos desses vinhedos foram plantados pelos primeiro imigrantes italianos que saíram do Vêneto e chegaram à região de Bento Gonçalves no final do século 19. A cidade praticamente vive da economia do vinho. Tanto que o pórtico de entrada de Bento Gonçalves tem formato de pipa, a igreja tem arquitetura em forma de tonel e a fonte em frente à prefeitura jorra (adivinhe?) vinho! Na verdade, é água de coloração avermelhada. Mas, na foto, fica bonita.

Adobe Stock: Bento Gonçalves – RS – Luciano Queiroz

Adobe Stock: Maria Fumaça Bento Gonçalves – Paulo

Vinho de qualidade

Os turistas vêm de longe para entrar no clima etílico de Bento Gonçalves e de outras cidades da região, como Pinto Bandeira e Garibaldi, a terra dos vinhos espumantes. Diversas vinícolas se transformaram em atrações turísticas e estão de portas abertas para receber os visitantes que aprendem um bocado a respeito dos segredos de um bom vinho durante os passeios pelas instalações e, sobretudo, nas desejadas sessões de degustação. A mais visitada é a Aurora, que é também a maior da Serra Gaúcha. Trata- se de uma cooperativa, aberta em 1931, que reúne a produção de centenas de produtores locais. A sede da Aurora fica no centro de Bento Gonçalves – a cidade praticamente cresceu no entorno dela.

Na entrada da vinícola, uma vitrine mostra um velho conhecido: o garrafão de rótulo vermelho Sangue de Boi, símbolo dos tempos em que o vinho brasileiro era produzido com uvas de mesa (comuns) e mais consumido em quentão de festa junina.

Por sorte (e muito trabalho), porém, os tempos mudaram, e os vinhos brasileiros deram um salto incrível de qualidade. São produzidos com uvas finas e com um sistema semelhante ao praticado nas mais importantes regiões viníferas do mundo. A sofisticação do vinho nacional já não é mais surpresa entre os apreciadores, e a bebida brasileira vem ganhando espaço até no mercado internacional.

A Aurora foi a primeira vinícola a abrir-se aos turistas, ainda na década de 1960. Atualmente, recebe milhares de visitantes ao ano. O Sangue de Boi ainda está lá na vitrine, sim, mas as pesquisas dos enólogos da empresa se voltam principalmente para os vinhos finos, com destaque para os espumantes pinot noir, vencedores de prêmios internacionais.

Adobe Stock: Fonte de Vinho em Bento Gonçalves – Erich Sacco

O Vale dos Vinhedos

A maior parte das vinícolas de Bento Gonçalves está concentrada ao longo de uma estrada de 20 km que corta ao meio o chamado Vale dos Vinhedos. Muito vistosa é a Miolo, a inventora de uma mania que se espalhou por todas as vinícolas da Serra Gaúcha: o winegarden. A ideia foi da Morgana Miolo, que espalhou tapetes, almofadas e cadeirões em um belo gramado ao lado da sede. Uma tenda com mesas também foi colocada para os dias chuvosos e para os fins de semana, quando o espaço fica lotado.

Na Dal Pizzol, no Distrito de Faria Lemos, o grande barato é a degustação às cegas. Os visitantes, com venda nos olhos, experimentam três vinhos(branco, rosé e tinto) e fazem uma prática de aromas. A sessão acontece com técnicas de meditação, que incluem até música relaxante.

Adobe Stock: Vinícola no Vale do Vinhedos, Bento Gonçalves – Emanuel

Pinto Bandeira

A rota do vinho não se resume a Bento Gonçalves. As vinícolas espalharam-se por diversas outras cidades da parte italiana da Serra Gaúcha. Em Pinto Bandeira, por exemplo, a Família Geisse tem fama de produzir os melhores espumantes do Brasil, preparados com chardonay e pinot noir. A vinícola entrou na onda do winegarden e montou o seu sobre um deque e madeira, cujas mesas são abastecidas por tábuas de frios e empanadas chilenas. A visitação na Geisse pode incluir um passeio em 4×4 pelos vinhedos, com paradas para drinques em uma cachoeira e num mirante com vista para os vinhedos.

Já a sede da Don Giovani lembra uma casa da Toscana com paredes de pedra. A visita à vinícola fica mais gostosa no final da tarde, quando se pode caminhar pelo parreiral até uma plataforma de madeira para assistir ao pôr do sol em campo aberto em meio ao verde e com brinde de espumante.

Adobe Stock: Pinto Bandeira, Bento Gonçalves – Erich Sacco

Garibaldi

Em Garibaldi, por sua vez, está a Peterlongo, uma das mais tradicionais daSerra Gaúcha, em funcionamento há mais de cem anos. Foi lá que foi produzido o primeiro vinho espumante do Brasil, em 1913, o que ajudou a consolidar Garibaldi como a capital brasileira da bebida. A casa-sede da vinícola mais parece um castelo, com grossas paredes de pedra basalto.

Adobe Stock: Vinhedo em Bento Gonçalves, BY BRAZIL

Publicado em: 19/02/2024
Atualizada em: 19/02/2024
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