Um roteiro dos sonhos pelas cidades históricas de Minas Gerais

Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João del-Rei estão entre as cidades que se destacam no famoso roteiro histórico de Minas Gerais. Muita gente as inclui em uma só viagem, mas também dá para visitar apenas Ouro Preto e Mariana durante um passeio, e Tiradentes e São João del-Rei em outro, tamanhas são as atrações disponíveis em todas elas.

O melhor é fazer o trajeto de carro, deixando-o de lado apenas nas vilas históricas, onde é mais fácil caminhar – a despeito das ruas de paralelepípedo e imensas ladeiras. Durante o percurso, você verá igrejas históricas – algumas delas marcadas pela obra de Aleijadinho –, muita natureza, lojinhas e restaurantes maravilhosos. Cada cidade tem seu charme e merece ser visitada de forma minuciosa.

Adobe Stock: Mariana, Minas Gerais – Maarten Zeehandelaar

Ouro Preto

A cidade histórica mais importante do Brasil concentra o maior casario colonial preservado do país e foi capital de Minas Gerais entre 1823 – quando o seu nome mudou de Vila Rica para o atual Ouro Preto – e 1897. No auge do garimpo, chegou a ter quase 120 mil habitantes. Era uma metrópole do século 18, quatro vezes maior que Nova York, à época.

Desde 1980, detém o título de Patrimônio Histórico da Humanidade dado pela Unesco. A melhor forma de conhecer a cidade é caminhar. O passeio deve começar pela Praça Tiradentes, onde fica o Museu da Inconfidência, com exposição de móveis e utensílios antigos, peças de arte sacra e a sepultura dos inconfidentes. No centro da praça, há um monumento de granito e bronze feito para lembrar o local onde foi exposta a cabeça do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Adobe Stock: Museu da Inconfidência, Ouro Preto, Minas Gerais – Marina Marr

Adobe Stock: Ouro Preto, Minas Gerais – Fred Pinheiro

Em meio à história, Ouro Preto concentra o fino da arte barroca e rococó do Brasil, cuja obra-prima é a Igreja São Francisco. O medalhão da fachada foi esculpido por Aleijadinho, responsável também por toda a capela-mor, imagens do altar e da sacristia. O forro interno foi pintado por outro expoente artista brasileiro, Manoel da Costa Athaíde. No largo em frente à igreja, está a permanente Feira de Pedra Sabão do Largo de Coimbra.

O mesmo deslumbre vem ao rosto de quem entra na Igreja de Nossa Senhora do Pilar, toda decorada em ouro. Os guias afirmam que há cerca de 400 quilos de ouro folheado nos entalhes de madeira da igreja. Também vale a pena ir a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de arquitetura única, toda curvilínea, e à Santa Ifigênia, no topo de uma ladeira.

Adobe Stock: greja São Francisco de Assis, Ouro Preto – Ronaldo Almeida

Adobe Stock: Feira de artesanato, Ouro Preto – nathsegato

Mariana

Toda viagem a Ouro Preto deve incluir ainda uma visita a Mariana, que abriga lindas catedrais, como a Basílica da Sé. Uma vez dentro dela, repare no lindo órgão alemão de 1701, que conta com 1.039 tubos. Não vá embora da cidade sem conhecer a Praça Minas Gerais e as igrejas de São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo. Se sobrar tempo, passe também no Pelourinho e na Câmara Municipal.

Adobe Stock: Basílica de Nossa Senhora da Assunção, Mariana – Gabrielle

Adobe Stock: Mariana, Minas Gerais – Marco Sete

Tiradentes

Tiradentes está com tudo e está para prosa. Pelo menos, um dedo de prosa. Durante o século 18, a então Vila de São José foi um dos principais pontos de mineração do país. Hoje, o ouro e as pedras preciosas minguaram no Campo das Vertentes, mas acabaram revelando para o turismo um tesouro ainda mais valioso: sua gente.

Especialistas na arte de bem receber, os moradores fazem questão de preservar o jeito leve de tocar a vida, que se expressa no aroma de café passado na hora, na comida caseira com gosto de casa de vó, na criatividade de seus artesãos e na vocação inata para contar “causos”. Entre os principais pontos turísticos da cidade está a Igreja Matriz de Santo Antônio, de 1710, com influências que compõem o estilo Barroco Exagero da Arte.

Adobe Stock: Ouro Preto, Minas Gerais – zigres

Outras edificações sacras famosas são a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, o Museu da Liturgia e o Museu de Sant’Anna. Mas nem só de igrejinhas e museus vive Tiradentes. Muito pelo contrário. A gastronomia também é ponto forte por lá. Tanto que sua cena gastronômica vem se sofisticando a cada ano para agradar aos mais
exigentes paladares.

Para quem gosta de comida típica mineira – e farta, muito farta –, é uma grande chance de provar iguarias como linguiça de pernil, costela, lombo caipira, feijão-tropeiro, frango com ora-pro-nóbis e jiló com costelinha. Mas há também opções de pratos internacionais e veganos, que podem vir acompanhados desde com uma cervejinha gelada até um coquetel tailandês.

Adobe Stock: Igreja Nossa Senhora do Rosario dos Homens Preto, Ouro Preto – Jobz fotografia

Adobe Stock: Museu da Liturgia, Tiradentes – BrunoMartinsImagens

Para descobrir os segredos e ingredientes por trás de pratos tão saborosos, basta alugar uma bike e percorrer a Estrada da Caixa d’Água ao longo da chamada Rota do Sabor. O percurso tradicional, de 18 km (ida e volta) – todo plano e em chão de terra –, passa por várias propriedades rurais que abrem suas portas para o visitante ver de perto como é preparada cada uma das delícias mineiras e, de quebra, se deleitar com as histórias e o estilo de vida de quem vive na roça.

São João del-Rei

Tiradentes ainda tem outras rotas em seu centro histórico, como a dos Ateliês, mas vale a pena dar uma escapada de lá para fazer o tradicional passeio de maria-fumaça até São João del-Rei. O percurso, realizado de sexta a domingo e em alguns feriados, percorre em cerca de 30 minutos os 13 km que separam as duas cidades, margeando o Rio das Mortes e serpenteando a Serra de São José.

Uma vez na vizinha, conheça a Igreja São Francisco de Assis, que se gaba de ser a primeira construída em arte barroca no Brasil e a única da cidade projetada por Aleijadinho. É muita história para contar.

Adobe Stock: São João del-Rei, Minas Gerais – Hugo

Adobe Stock: São João del-Rei, Minas Gerais – Hugo