Tróia, Pérgamo e Éfeso revelam o interior histórico da Turquia – Voupranos

Tróia, Pérgamo e Éfeso revelam o interior histórico da Turquia

Adobe Stock: Cavalo de Tróia em Canakkale, Turquia – Multipedia

Pelo menos em três ocasiões, as aulas de História vão voltar à mente assim que o tour sair de Istambul para percorrer algumas cidades dos arredores, no interior da Turquia. Poucos países do mundo antigo parecem tão
misturados aos principais movimentos da humanidade quanto essa nação localizada na fronteira de Ásia e Europa.

Troia, por exemplo, era uma cidade turca – e não hollywoodiana, como o fã-clube do ator Brad Pitt costuma dizer. Pérgamo, idem. E Éfeso, cujos habitantes receberam incontáveis cartas do apóstolo Paulo, também fica em território turco.

Adobe Stock: Biblioteca de Celso em Éfeso – Alexlukin

Éfeso

Das três, Éfeso é a mais impressionante. Fundada pelos gregos por volta do ano 1000 a.C., a cidade se tornaria um dos portos mais importantes do Império Romano. São justamente desse período as ruínas que hoje são visitadas, como a Biblioteca de Celsus, o Templo de Adriano, o Teatro e os Banhos de Varius.

Adobe Stock: Templo de Adriano, Turquia – Debu55y

No século 5º da Era Cristã, a cidade foi sede de dois importantes concílios católicos – cujos seguidores têm dois motivos para uma visitinha: nos arredores de Éfeso ficam a igreja de São João Evangelista, erguida em honra do autor do livro do Apocalipse, e uma casa que se considera como a última morada da Virgem Maria.

Adobe Stock: Biblioteca de Celso, em Éfeso – Efired

Pérgamo

Também impressionantes são as ruínas de Pérgamo, localizadas no alto de uma bela colina. Fundada por volta do século 8º antes de Cristo, a cidade foi dominada pelo guerreiro Alexandre, o Grande, e teve lá seus dias de esplendor no século 2º antes de Cristo.

Adobe Stock: Antiga rovina de Side, Costa de Antalya – Franco Ricci

Famosa por ser um centro de estudos de medicina, Pérgamo foi também a capital da província de Ásia, durante o Império Romano. O passeio por lá é rápido, mas muito bacana: um teatro ao ar livre com capacidade para 10 mil pessoas, o templo de Trajano, ainda hoje coberto de mármore branco, e o Altar de Zeus são alguns dos pontos altos da visita.

Adobe Stock: Teatro de Pérgamo – Cesar

Troia

Perto da cidade portuária de Çanakkale ficam as ruínas de Troia – ou melhor, as ruínas sobrepostas de nove cidades, descobertas em 1873 pelo alemão Heinrich Schliemann, por muitos acusado de simples explorador de sítios arqueológicos. Charlatão ou não, foi ele quem iniciou as escavações na região, sempre em busca da cidade tão cantada por Homero na “Ilíada”.

Adobe Stock: Ruinas de Tróia – Sayilan

Para os visitantes de hoje, Troia é uma série de pedras e restos de muro, mais famosa pelo que poderia ter sido que por construções minimamente preservadas. Na entrada do parque nacional, um cavalo de madeira feioso serve de playground e lembra a todos a lenda do cavalo de Troia – no qual os gregos se esconderam para invadir os muros da cidade durante a madrugada, pondo fim a uma guerra de anos.

Mas o cavalo mais interessante fica mesmo à beira-mar de Çanakkale: é um dos modelos usados no filme estrelado por Brad Pitt. Por ter sido provavelmente tocado pelo famoso ator, é alvo de fotos e mais fotos.

Adobe Stock: Cavalo de Tróia em Canakkale, Turquia – Serdarerenlere

Idioma

A não ser que suas raízes familiares estejam fincadas em Istambul e seus arredores nas últimas 152 gerações, desista de tentar falar turco. “Sim” é evet e ”não”, hayir. Uma pergunta típica de turistas – ”Quanto custa?” – é bu kaç lira? Ler, também, é complicado. Embora tenham adotado o alfabeto ocidental no fim dos anos de 1920, os turcos adaptaram as nossas letras ao som de sua língua.

Assim, o abecedário por lá tem 29 letras – sendo 8 vogais. Só a letra ”i” tem três sons distintos. Mas dá para brincar de falar turco. A letra ”ç” tem o som de ”tch“, como tchau. O ”c” soa como ”dj” – de Djalma. E o ”s” com cedilha – sim, eles têm isso – soa como o nosso bom e velho ”x“. Confuso, não é?

Melhor ficar com o inglês. Nos passeios turísticos pelos arredores de Istambul, você não terá grandes problemas.

Adobe Stock: Mulher em Istambul – William87

Gastronomia

A hora das refeições na Turquia, seja em Istambul, seja nas cidades dos arredores, é sempre um deleite. Os pratos são fartos, bem temperados e variadíssimos. A cozinha turca serve carneiro, frutos do mar, arroz, berinjelas e iogurtes.

Mas tudo começa com as meze – entradas, servidas em pequenas porções, como os tapas dos espanhóis. Tudo pode ser uma mezé – charutinhos de folha de uva, alcachofras, favas, patê de menta e alho… e berinjela, muita berinjela.

Adobe Stock: Comidas típicas de Istambul – Faxri

Na sobremesa, peça um firinda sütlaç – calma, é apenas um pudim de arroz feito no forno. A aparência é de um creme brulée e o sabor lembra o arroz doce da vovó.

Adobe Stock: Pudim tradicional da Turquia – Yalcinsonat

Para beber, raki – o destilado de aniz é o alcoólico mais popular da Turquia. Mas é bom saber que, em vários restaurantes, segue-se a lei islâmica: nada de álcool.

Adobe Stock: Rakí bebida típica – Martin Debus

Compras

Esqueça a praticidade do “olhou, gostou, pagou, levou”. Isso é coisa para ocidentais sem imaginação. Fazer compras na Turquia é um ritual cheio de salamaleques, avanços, recuos, piruetas e blasfêmias. Um cruzamento de
minueto com truco.

Algumas regras básicas devem ser seguidas à risca: nunca, nunca mesmo, perguntar o preço de um produto; exibir sempre um olhar de desprezo pelo objeto, por mais desejado que ele seja; jamais, em tempo algum, falar “ok” ao primeiro preço pedido – seria quase uma ofensa ao vendedor; regateie, pechinche, chore se for preciso.

Adobe Stock: Gran Bazar em Istambul – Misha

É uma cerimônia que exige tempo. Mas é muito divertida. Fora dos bazares e das fábricas de tapetes e joias, pechinchar é menos praticado – mas vale a choradinha. Pedindo com jeitinho, sempre rola um desconto. Só não tente aplicar o método em bares e restaurantes.

Adobe Stock: Galerias de interiores no Gran Bazar de Estambul – S-aznar

 

Publicado em: 18/01/2025
Atualizada em: 15/01/2025
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