Os encantos de Interlaken e da estação de trem mais alta da Europa
Interlaken, um dos destinos de ecoturismo mais procurados da Suíça, reúne inúmeras atrações. Como o nome indica, o vilarejo está localizado entre dois lagos, Thun e Brienz.
Não há muito que ver em Interlaken propriamente, habitada por apenas cinco mil pessoas e com uma única rua principal, que liga duas estações de trens. Em poucos minutos, dá para atravessá-la de ponta a ponta e observar o desfile de gente munida de mochilões, trajes de ciclismo e botas de caminhada.
Isso porque Interlaken é base para diversos esportes de aventura como montain bike, alpinismo e paraglider. Contudo, a principal atração é a Jungfrau, a maior montanha da Suíça, que reina soberana na paisagem, a 4.158 metros acima do nível do mar.
Jungfrau
Apelidada de Topo da Europa, Jungfrau (que significa Mulher Virgem) abriga a estação de trem mais alta do continente. O trajeto para chegar lá em cima é feito em trilhos íngremes que levam o visitante a 3.454 metros de altitude. O caminho passa por vilarejos encravados entre vales que parecem saídos de embalagens de chocolate, como Lauterbrunnem, onde é preciso fazer baldeação
A ferrovia que leva ao alto da maior montanha dos Alpes Suíços foi construída há pouco mais de um século, fruto da mente visionária do engenheiro Adolf Guyer. Dizem que a diferença entre o gênio e o louco é o sucesso. E que sucesso: Jungfrau recebe cerca de dois milhões de turistas a cada ano.
Para vencer um terreno tão escarpado, o trem utiliza-se de um sistema de reboque com cremalheiras e cabos de aço. Por isso, segue bem devagar, mas na velocidade certa para a contemplação dos grandes glaciares que escorrem pelas encostas enquanto o corpo se acostuma à altitude e à diminuição de oxigênio.
Passeio de trem
Um solavanco seco, seguido do grunhido estridente do vagão em atrito com o trilho, e o trem lentamente inicia sua breve jornada morro acima. Entre os passageiros, a excitação que paira no ar é densa, quase palpável. A maioria já antevê o que os aguarda ao final da viagem, provavelmente estimulados por fotos ou vídeos, embora nenhuma informação prévia amenize a excitação de se começar um dos mais clássicos trajetos ferroviários da Europa.
Desde a Revolução Industrial, no século 18, o trem tornou-se um dos principais meios de locomoção no Velho Continente. E foi justamente as conquistas tecnológicas oriundas desse período que tornaram possível a magnífica obra de engenharia que deu vida a Jungfraujoch, a estação de trem mais alta da Europa, localizada no topo dos Alpes suíços, a 3.454 metros de altitude.
A linha férrea até o cume levou 16 anos para ser construída e consumiu dezenas de vidas até ser inaugurada em 1912. A magnitude da centenária obra, com seus 7,3 km de túneis rasgando o interior rochoso da montanha Eiger – símbolo do alpinismo europeu – atrai cerca de 700 mil visitantes anualmente.
No interior do vagão que inicia lentamente sua íngreme subida, poucos passageiros parecem saber ou refletir sobre os aspectos técnicos e históricos que envolvem a viagem. E não há como culpá-los. Se outros percursos de trem na Europa atraem viajantes pelo luxo de seus serviços ou glamour da rota, o caminho que leva a Jungfraujoch fascina mesmo pelo olhar, razão pela qual as janelas são disputadas e o clique das câmeras fotográficas ressoa constantemente.
O trem que parte da estação de Kleine Scheidegg, pequeno vilarejo situado a 2.061 metros de altitude, do ladinho de Interlaken e ponto de convergência da rota que leva a Jungfraujoch, possui grande diversidade de povos ali dentro reunidos. E nem é preciso ser poliglota para logo entender que todos aqueles gritinhos, suspiros e olhares embasbacados referem-se a estonteante paisagem que se abre à vista destes afortunados passageiros.
Atrações na montanha
A estação de Jungfrau oferece um terraço com vista panorâmica, cinco restaurantes e um impressionante museu de gelo com esculturas de animais. Pode ser visitada o ano inteiro. No inverno, porém, não é permitido esquiar por causa do risco de avalanches. Nessa época, o frio é bastante rígido, com ventos que jogam a sensação térmica na casa dos -30º C.
No retorno, vale conhecer as inusitadas cachoeiras de Trummelbach, conjunto de quedas d’água formada pelo derretimento de dez glaciares. O acesso até as cachoeiras é feito por elevadores e túneis escavados na rocha, já que as águas correm pelo interior da montanha. Um complemento perfeito para mostrar o quanto a mãe-natureza foi generosa com a Suíça.
Atualizada em: 09/06/2023