Santo André é refúgio de sossego perto de Porto Seguro
A precisão dos mapas é a prova. Caso contrário, não daria para acreditar que a encantadora e pacata vila de Santo André, no sul da Bahia, fica a menos de 40 km de uma das cidades brasileiras com mais atrações ligadas ao agito, a festiva Porto Seguro.
Primeiro porque o som dominante por lá não é o axé: o que faz a cabeça dos moradores é o forró e as flautas das crianças, de cujos instrumentos ecoam As Quatro Estações, de Vivaldi, ou Asa Branca, de Luiz Gonzaga.
Outro diferencial da cidadezinha de cerca de 800 moradores, dona de praias de areias brancas e de um irresistível mar turquesa, é que a grande quantidade de turistas que “invadiu” os destinos da região, como a própria Porto Seguro e Trancoso, não atravessou o Rio João de Tiba, que dá acesso à vila. Assim, Santo André continua preservada, como raríssimos trechos do litoral baiano.
Santa Cruz de Cabrália
A palavra preservação, a propósito, tem tudo a ver com o lugar. É que o vilarejo, distrito de Santa Cruz de Cabrália – onde foi realizada, em 26 de abril de 1500, a primeira missa após o descobrimento do Brasil –, está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Santo Antônio, onde não faltam cenários de cinema que mesclam mata atlântica, restingas costeiras, falésias, recifes de coral e praias para lá de especiais.
A beleza natural da região pode ser apreciada já na travessia de balsa do Rio João de Tiba, que leva de Santa Cruz de Cabrália até lá. O percurso dura apenas dez minutos, o que é uma pena, pois revela um dos visuais mais bonitos da viagem, principalmente à noite, quando a luz dos astros ilumina as águas e até é possível ver estrelas cadentes.
De dia, o trajeto também impressiona, já que o rio com nome de gente exibe um mangue vistoso em meio à paisagem de mata atlântica.
Ao pisar em Santo André, esqueça facilidades como bancos, caixas eletrônicos e máquinas para pagamento com cartões de crédito e débito, entre outros sinais de civilização. Salvo raras exceções, tudo fica para trás e, depois da travessia de balsa, o visitante se depara com outro ritmo de vida.
Clima de sossego
Antes que o viajante de perfil urbano e tecnológico se desespere por estar no “fim do mundo”, é quase certo que ele acabará fisgado pelo ritmo do povoado e de seus encantos. Em Santo André, o que reina é a informalidade, o alto-astral e outras cositas más. Entre elas a praia que leva o nome da vila, a qual é sossegada e com mar mansinho, perfeita para quem está com crianças.
É na frente dessa faixa de areia que se concentram as casas e os empreendimentos hoteleiros do vilarejo. Há pousadas e até resort por lá.
Praia de Jacumã
O encantamento é ainda maior para quem encarar a caminhada, por uma estrada de terra, rumo à praia semi-deserta de Jacumã, cuja porção esquerda recebe o nome de Tartaruga. Essa é a praia mais famosa de Santo André, na qual se formam convidativas piscinas naturais quando a maré fica baixa.
Além da vila
Para aqueles que têm mais do que uns pares de dias de folga, a boa notícia é que praias bonitas não se limitam a Santo André. Mais ao norte do vilarejo, os 60 km a caminho de Belmonte são tomados por praias como a incrível Guaiú, a menos de dez minutos de Santo André. Mais intocada do que a vizinha, ela é cortada por um riozinho e margeada por um belo coqueiral, em um cenário que é a cara do litoral baiano.
A 25 km de Guaiú está Mogiquiçaba, ponto de encontro de jovens surfistas. Mais meia hora de carro e chega-se a Belmonte, cidade com casarões centenários às margens do Rio Jequitinhonha. Em seu centro há até um semáforo que, curiosamente, remonta ao século 19, o qual teria sido fabricado pela mesma empresa responsável pela construção da Torre Eiffel, em Paris.
Mais do que circular pela cidade, o bacana mesmo nos arredores de Belmonte é fazer um passeio de voadeira no Rio Jequitinhonha. Tipo de lancha pequena e rápida, a embarcação navega pelos mangues do rio, os mais belos do sul da Bahia, até chegar na tranquilidade de Barra do Peso, praia que, banhada por rio e por mar, rende um inusitado mergulho.
Esse é só mais um tour que comprova que vale se distanciar um pouco da verve baladeira de Porto Seguro e do clima despojado de Trancoso – bem como da tecnologia dos tempos modernos – para explorar os arredores de Santo André. Uma região que oferece um turismo mais rústico e simples que o das vizinhas famosas, mas que também traz em seu DNA todas as delícias dos desejados refúgios litorâneos da Bahia.
Quando ir
Embora esteja a menos de 40 km ao norte de Porto Seguro, Santo André é garantia de sossego o ano inteiro, até mesmo no verão. A temperatura por lá varia entre 20ºC e 30ºC e costumar chover apenas em maio. Ainda assim, o tempo não chega a impossibilitar o acesso dos turistas à praia.
Atualizada em: 11/10/2024