Por que Praga é conhecida como a Paris do leste?

Adobe Stock: Ponte Charles, Praga – Noppasinw
Quando Franz Kafka, o famoso autor de A Metamorfose e O Processo, viveu em Praga, entre 1883 e 1924, a cidade tinha o mesmo charme de hoje, mas incontáveis turistas a menos e nem tanto o que fazer. Também não havia tanto comércio e lojas finas como atualmente, nem tanta gente nos bares bebendo as cervejas produzidas lá desde o século 15.
As pontes, as catedrais e a imensa área do castelo que há séculos são parte do cenário da capital da República Tcheca foram fazendo sucesso e hoje atraem quem quer ir além de cidades como Roma e Paris. É verdade que Praga lembra muito a capital francesa, o que já faz dela um sonho de consumo e gerou a alcunha Paris do Leste. Mas ela tem alma própria e preciosidades arquitetônicas únicas.

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Cidade Velha
Quase tudo em Praga acontece na Cidade Velha, onde fica a Praça da Cidade Velha ou Staromestské námestí (na sopa de letrinhas da língua Tcheca). Ela é ponto de convergência de todas as ruazinhas da cidade e é cercada por cafés que funcionam em edifícios históricos.
É lá também que fica a gótica Prefeitura Antiga, de 1338, com sua torre que abriga o famoso Relógio Astronômico, instalado em 1410. A estrutura é formada por anéis dourados difíceis de decifrar, mostrando não só as horas, como também o movimento do Sol e da Lua em relação aos doze signos do zodíaco. Independentemente de entendê-lo, é a atração da praça.

Adobe Stock: Cidade Velha, Praga – Adisa

Adobe Stock: Cidade Velha, Praga – Oscity
É possível subir até a torre de 70 metros de altura e observar toda a vista de Praga ou ainda se juntar à multidão reunida em frente ao relógio nas horas cheias, quando um mecanismo faz girar pequenas estátuas simbolizando os 12 apóstolos. E a apenas alguns passos de lá fica a Igreja Tyn, que envolve a praça com suas duas imponentes.
O mais legal é que dá para fazer tudo a pé na Cidade Antiga de Praga. Da praça pode-se seguir até a beira do Rio Moldava e atravessá-lo pela Ponte Carlos IV, uma atração a mais. Construída em 1357 e toda decorada nas laterais com 30 esculturas de santos, é tomada por muitos visitantes, além de artistas fazendo caricaturas e ambulantes vendendo quadros e fotografias.
A ponte é reservada para pedestres e, mesmo assim, há um certo trânsito com tanta gente. Há os que a atravessam da Cidade Velha até o castelo e os que simplesmente passeiam, indo e voltando entre as duas torres das extremidades.

Adobe Stock: Igreja Tyn, Praga – Marinadatsenko

Adobe Stock: Igreja Tyn, Praga – Yasonya
Castelo de Praga
O Castelo de Praga fica na parte alta da cidade, em um dos lados do rio, enquanto a outra margem é plana e concentra a maior parte das construções. Na verdade, trata-se de um complexo com palacetes, a deslumbrante Catedral de São Vito, um convento, museus, salas de concerto, torres, antigos calabouços e o Beco de Ouro, onde, na casa de número 22, viveu Franz Kafka.
Também fica lá o Palácio Real, com o gabinete do presidente e onde todos os dias, ao meio-dia, ocorre a cerimônia da troca da guarda. Os oficiais, sempre imóveis tomando conta da região do castelo, nessa hora passam a se movimentar ao som de fanfarras executando uma coreografia completamente sincronizada antes de trocar a bandeira e o turno. Não dá para perder.
A região do castelo, quase uma minicidade, faz qualquer um sentir-se voltando à Idade Média e, com tantos atrativos, recebeu pelo Guiness Book, o livro dos recordes, o título de maior castelo medieval do mundo. Os pontos a serem visitados são tantos que os tíquetes vendidos na entrada são divididos por atrações, dando acesso a cada setor.

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Adobe Stock: Igreja de São Vito e Castelo de Praga – Mindaugas Dulinskas
Cidade Baixa
Para continuar o tour real, dá para seguir a pé do castelo até o bairro de Malá Strana (Cidade Baixa), em que fica o Palácio de Wallenstein, atual sede do Senado. Caminhar pelo simétrico jardim, por onde passeiam também pavões, e assistir aos concertos que ocorrem no verão em meio às fontes e aos gramados é um programa típico.
Neste mesmo bairro ainda estão a Igreja de São Nicolau, a Igreja do Menino Jesus e o Museu de Franz Kafka, com uma completa exposição que busca transmitir na cenografia o universo das obras e da Praga da época do escritor judeu.

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Josefov
O bairro judaico de Praga, o Josefov, frequentado pelo escritor, é mais um bom local para bater perna. Foi fundado no século 13 e reuniu a comunidade judaica até o século 18. Depois de décadas abandonado, foi todo reformado no século 19 e, assim, restou pouco da arquitetura original. Mas não pense que por isso irá ver prédios pouco sofisticados. São típicos dos anos de 1900, em estilo art nouveau, mais uma vez lembrando muito Paris. Em Josefov estão seis das 16 sinagogas originais, entre elas, a chamada Antiga Nova Sinagoga (Staronová). Apesar do nome contraditório, ela não tem muito de nova. Em estilo gótico, foi construída em 1270 e é a mais antiga sinagoga em funcionamento na Europa.
Composto por ruelas e construções de 800 anos atrás, o Josefov abriga ainda a contrastante Rua Paris, a mais luxuosa de Praga. Ao bater perna por lá você irá se deparar com vitrines de grifes como Hermés, Dior, Mont Blanc, Rolex e Prada.

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Cafés e cervejas
As ruelinhas de Praga parecem chamar para serem exploradas. É nelas que estão os deliciosos cafés, sofisticadíssimos, no estilo do século 19. O mais famoso deles, o Louvre, é de 1902 e foi frequentado por ninguém menos que Albert Einstein, além de Franz Kafka. Ainda guarda toda a aura clássica do século passado, quando oferecia concertos duas vezes ao dia para o público de alto nível, bem como salas de bilhar e as de xadrez, com instalações telefônicas.
A pausa para os cafés e o chocolate quente entre uma atração e outra é essencial, mas em se tratando de bebida, é importantíssimo reservar um espaço para tomar a cerveja de Praga. Os tchecos são os que mais bebem cerveja per capita e, inventores da tipo pilsener (criada em Pilsen, a 90 km de Praga), produzem algumas que estão entre as melhores do mundo.

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Quase como uma Meca da Cerveja, a capital é o lugar onde apreciadores da bebida têm bares aos montes para peregrinar. A Budwar, que deu origem ao nome Budweiser da cerveja norte-americana (embora não tenha nada a ver com ela), e a Pilsner Urquell, encontrada no centro em bares a cada 50 metros, são as mais típicas. Os amantes da bebida também vão gostar de ir à U Fleku, cervejaria na Cidade Antiga, que produz a bebida desde 1499, antes mesmo de o Brasil ser descoberto.
No mesmo bairro, também para apaixonados por cerveja, há o Museum Pub. Lá, dá para provar uma infinidade de tipos da bebida, inclusive com mel, blueberry, raspberry e outras combinações feitas pelas microcervejarias tchecas.

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Adobe Stock: Cidade Velha, Praga – Dimbar76
Atualizada em: 06/06/2023