Recife e Olinda formam um dos destinos casados de viagem mais famosos do Brasil – Voupranos

Recife e Olinda formam um dos destinos casados de viagem mais famosos do Brasil

Adobe Stock: Arquitetura Colonial, Recife, Pernambuco – Marcio

Assim que bota os pés na capital pernambucana, o turista logo percebe que Recife, a Veneza Brasileira, tem muito o que fazer, graças a vocação inata para misturar ritmos, culturas, tendências e muita história debaixo de um mesmo guarda-chuva colorido. Enquanto seu centro antigo mantém vivo o passado de invasões holandesas, insurreições lusitanas e imigrantes vindos de toda parte, com diversas igrejas barrocas e edifícios coloniais, os hotéis, restaurantes e barzinhos da Praia de Boa Viagem revelam ares de modernidade em suas fachadas, quase sempre adornadas com alguma obra de arte.

Adobe Stock: Marco Zero, Recife – MontenegroStock

A culinária não fica atrás, com receitas que vão desde moquecas e caldeiradas de peixe à beira-mar até buchada de bode, jerimum recheado com carne-seca e uma feijoada típica, feita com legumes. Para adocicar, leite maltado, cartola, bolo de rolo e o tradicional sousa leão. Não bastasse toda essa efervescência de culturas e sabores, Recife ainda é vizinha de Olinda, com a qual divide um dos carnavais mais animados do Brasil. Juntas, ambas as cidades propõe um roteiro regado a maracatu, frevo, manguebeat e o que mais aparecer pela frente.

Adobe Stock: Bolo de rolo, Recife, Pernambuco – RoYam

Adobe Stock: Frevo, Recife, Pernambuco – Brastock Images

Recife Antigo

A alma cultural de Recife está intimamente ligada ao seu passado. Por isso, reserve o primeiro dia da viagem para sorver os quase 500 anos de história da capital direto de sua nascente: o Recife Antigo. A melhor maneira de explorar suas atrações é caminhando. E o melhor ponto de partida não poderia deixar de ser o Marco Zero. Dali partem os barquinhos que levam ao Parque das Esculturas de Francisco Brennand.

Adobe Stock: Praça Rio Branco, Marco Zero, Recife – Pedro

Na volta, faça umas compritchas no Centro de Artesanato de Pernambuco. Instalada num dos armazéns do porto, a megaloja reúne mais de 15 mil peças feitas por artesãos de todo o Estado. Pertinho dali está o Museu Cais do Sertão, que retrata o cotidiano do homem sertanejo contando, entre outras histórias, a do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Outra grata surpresa de Recife é o Paço do Frevo. Tudo o que você precisa saber sobre o ritmo mais frenético de Pernambuco, intitulado Patrimônio Imaterial do País, está ali, num dos prédios mais bonitos do Recife Antigo.

Cedo ou tarde, quem vai à região sempre cai na Rua Bom Jesus, onde fica a maioria dos bares e construções históricas. Após a invasão holandesa, no final do século 17, judeus perseguidos na Europa se estabeleceram no local, deixando como herança a primeira sinagoga das Américas (hoje, Centro Cultural Judaico).

Arte pernambucana

O programa cultural em Recife pode ainda incluir uma visita à Oficina de Cerâmica Francisco Brennand. Aficionado por esculturas com conotação sexual, o ceramista que empresa o nome ao local transformou a olaria da família, no bairro da Várzea, em um museu-ateliê de atmosfera surreal, com jardins projetados por Burle Marx e uma infinidade de quadros, estátuas e painéis de azulejos.

Adobe Stock: Artesanato, Olinda, Pernambuco – MontenegroStock

O sobrenome famoso volta a aparecer no Instituto Ricardo Brennand, um dos melhores museus da América do Sul. O gigantesco complexo arquitetônico de estilo medieval tem tantas antiguidades e obras de arte que boa parte nem é exposta. A maioria das peças data da Baixa Idade Média até o século 21.

A vontade é de passar o resto do dia ali, só observando os detalhes de cada obra, mas o roteiro tem que prosseguir. Se você gosta de umas comprinhas, por exemplo, não vai querer abrir mão de uma visita à Casa da Cultura, em Santo Antônio, onde 130 lojas ocupam as celas de um antigo presídio, de 1865, oferecendo desde rendas e miniaturas de barro até xilogravuras de cordel. Perto dali está a mais bela igreja de Recife, a Capela Dourada (1697), repleta de ouro e pinturas sacras, e a simpática Praça da República com a imponente fachada cor-de-rosa do Teatro de Santa Isabel (1851), ao fundo, e o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, ao lado.

Olinda

Se Recife é a Veneza Brasileira, Olinda é a nossa Montmartre – o mais boêmio dos bairros parisienses. Agraciada com dezenas de construções coloniais bem preservadas e mais de 600 ateliês de artistas plásticos, gravadores, antiquários e artesãos, a cidade ferve no fervor do frevo, nas noites de seresta no centro histórico e vai à completa ebulição durante o Carnaval, quando 2 milhões de foliões lotam suas ladeiras atrás de trios, blocos de rua, maracatus e, claro, dos famosos bonecos gigantes, símbolo máximo da festa no município.

Adobe Stock: Olinda, Pernambuco – Marcio

Adobe Stock: Olinda, Pernambuco – Marcio

Para entrar nesse clima e vislumbrar tudo o que Olinda oferece de uma só vez, suba primeiro até o Alto da Sé. É lá que fica a igreja, de 1537, onde dom Hélder Câmara clamou por justiça no Brasil pós-1964. Erguida a mando de Duarte Coelho, a construção mistura diversos estilos entre seus altares banhados a ouro. Mas o que mais chama a atenção dos turistas são mesmo as paisagens banhadas a sol que se avistam do lado de fora, no mirante.

Adobe Stock: Catedral Alto da Sé, Olinda, Pernambuco – MontenegroStock

Outro programão em Olinda é fazer uma “via sacra” pelos principais templos religiosos do município, como o Convento de São Francisco (1585), o primeiro da Ordem Franciscana no Brasil; a Igreja do Carmo (1580); a Igreja da Misericórdia e a Basílica de São Bento (1582), a mais rica de todas elas – só o seu altar, de estilo barroco, é revestido com 28 kg de ouro. Durante o tour, dê uma paradinha no número 182 da Rua São Bento para fotografar a fachada da casa de Alceu Valença, cuja varanda vira palco e epicentro da folia olindense já há muitos carnavais. Também é nessa rua que fica o Museu do Mamulengo, com centenas de fantoches de madeira e pano usados no teatro popular de rua desde o século 19.

Adobe Stock: Igreja Portuguesa, Olinda, Pernambuco – Grigory Kubatyan

Publicado em: 25/09/2023
Atualizada em: 25/09/2023
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