O que fazer no Algarve, região conhecida pelo clima mediterrâneo, construções históricas, litoral ensolarado e resorts de golfe
Adobe Stock: beautiful ocean landscape, the coast of Portugal, the Algarve, rocks on the sandy beach, a popular destination for travel in Europe – OlezzoNão é à toa que os brasileiros encontram muito o que fazer no Algarve, em Portugal. Quando o infante Dom Henrique escolheu Sagres para sede da sua escola de navegação, em meados do século XV a região do Algarve era vista pelos próprios portugueses como um fim de mundo. Mas a empreitada seguiu adiante. Enquanto o navegador e seus alunos mergulhavam em estudos náuticos para se aventurar em mares nunca dantes navegados, perto dali, na cidadezinha de Lagos, eram construídas e tripuladas as naus que se lançariam no oceano para explorar a África, a Ásia e, por obra do destino, descobrir o Brasil.
Hoje, passados cinco séculos dessa fase áurea de Portugal, prevalece o caminho inverso: milhares de asiáticos, africanos, brasileiros e europeus – inclusive lusitanos vindos de outras regiões – aportam todos os anos em terras algarvias, ávidos por conhecer seus tesouros naturais e históricos.
Motivos para tamanha badalação não faltam. As praias, por exemplo, mais parecem uma sucessão de galerias de arte a céu aberto, com gigantescas formações rochosas esculpidas pela ação do tempo. A maioria delas tem mar calmo, protegido por falésias, e paisagens tão únicas que fazem muita gente dar aquela paradinha para uma selfie antes de se jogar no mar.
O clima mediterrâneo, marcado por verões longos e secos, completa o convite ao banho. Some a esse litoral ensolarado algumas dezenas de construções históricas, campos de golfe, spas, centros de talassoterapia e a deliciosa gastronomia à base de frutos do mar para ter um bom apanhado dos atributos que tanto fascinam os visitantes.
Faro
Quem passeia pelas ruas tranquilas de Faro nem imagina o quão conturbado foi o seu passado, marcado por abalos sísmicos, invasões e incêndios de proporções devastadoras. Vestígios desses tempos de luta contra mouros e a própria natureza podem ser conferidos no centro histórico, cercado de muralhas. Mas a cidade tem vocação de fênix para renascer das cinzas ainda mais fortalecida.
Vale reservar ao menos alguns dias para bater perna pelas ruelas de pedra, tomar um café em mesinhas ao ar livre e conhecer as atrações do gracioso centro histórico de Faro, que guarda solares, templos religiosos e trechos de muralhas seculares erguidas à beira-mar.
É nessas andanças que se conhece monumentos como a eclética Catedral da Sé, de 1251, e o complexo da Igreja do Carmo, que conta com uma capela toda adornada com ossos humanos e outra revestida com folhas do ouro trazido de Minas Gerais.
Não por acaso, há tantos museus por ali. Tem acervos náuticos, arqueológicos e etnográficos. São os passeios de barco, entretanto, que mais atraem quem chega de fora. Há desde roteiros de veleiro, com duração de três horas pelo extenso areal dourado da Ilha da Barreta, até tours pela charmosa Laguna de Ria Formosa, labirinto de canais que permite fazer um pit stop em cinco ilhotas ocupadas por salinas, dunas e pântanos.

Adobe Stock: Une virée à Faro au sud du Portugal –Jrmy

Adobe Stock: Capela de Nossa Senhora da Rocha, Sunset, Algarve – Defpics

Adobe Stock: Faro city center by Ria Formosa, Algarve, Portugal – Malajscy
Arredores de Faro
Depois de montar base em Faro, explore os arredores com a mesma minúcia de quem sabe degustar um bom vinho. Para quem segue a leste, o primeiro ponto de parada é Olhão, a 10 km da capital. Acessível por linhas de ônibus e trem, essa vila de pescadores tem ares de medina marroquina, com casas branquinhas, de chaminés quadradas.
Mas a igreja de Nossa Senhora do Rosário deixa claro que os cristãos venceram a disputa. Vale pedir autorização para subir sua torre e contemplar a vista panorâmica.
Mais adiante, chega-se ao sítio arqueológico romano de Milreu. Suas ruínas proporcionam a rara oportunidade de entender como funcionava a vida por aquelas paragens no primeiro século da era cristã, e estão longe de se resumir a um amontoado de pedras como em outras escavações.
As termas, por exemplo, revelam mosaicos de peixe bem conservados, além de luxos como calefação subterrânea e esculturas de mármore que hoje já não estão mais por lá – se quiser vê-las, vá aos museus de Faro e Lagos.
Bem pertinho dali – dá pra ir a pé, em dez minutos – está Estoi, com seu palácio barroco transformado recentemente em pousada de charme. Mas, se quer aproveitar bem o dia, seja breve na visita, pois serão mais 32 km pelas estradas A22 e N270 até Tavira, uma das mais interessantes cidades algarvias, onde uma ponte romana e um preservado casario do século XVIII dividem as atenções com 30 igrejas e o imponente castelo mourisco erguido no topo de uma colina.

Adobe Stock: Eindrücke aus der Stadt Olhão in Portugal – Pattilabelle

Adobe Stock: Aerial. Estoi Palace and garden Algarve, Portugal, Faro – Sergojpg
Albufeira
Ainda tendo Faro como quartel-general, uma boa ideia é tirar um dia para explorar o outro lado da costa, no sentido oeste. É lá que o Algarve revela sua faceta mais mourisca em cidades como Albufeira e Silves.
Localizada a 50 minutos de carro da capital, Albufeira foi uma das praças algarvias que se mantiveram por mais tempo sob posse dos árabes, protegida por muralhas e fortificações quase invioláveis.
As heranças dos mais de cinco séculos de domínio resistiram ao tempo e refletem-se hoje no avanço das técnicas agrícolas, nas influências linguísticas e na arquitetura do centro antigo, caracterizada pela presença de muitos arcos, cúpulas e casinhas pintadas de branco.
A excelente rede de transporte e a farta agenda cultural reforçam os atributos que garantem a Albufeira a fama de ser uma das melhores cidades para se viver em Portugal.
Continue no sentido oeste rumo à Praia da Albandeira, uma das mais lindas da região, repleta de cavernas escondidas no meio do oceano. Piscinas naturais de pedra e uma deliciosa lâmina dourada de areia completam o visual de cinema.

Adobe Stock: giant panorama about albufeira at portugal – Robert Herhold
Silves
Dali, são mais 14 quilômetros até Silves, outra joia herdada dos árabes. Durante vários séculos, a cidade ostentou o título de capital moura do Algarve, mas os cristãos destruíram as belas mesquitas quando reconquistaram o povoado, de modo que praticamente nada restou da arquitetura original. Contudo, isso não a torna menos deslumbrante.
Seu castelo avermelhado, que parece de Lego, é um dos mais bem preservados do sul português. Quem se dispõe a subir suas muralhas e ruelas sinuosas pode caminhar sobre as robustas paredes de arenito da fortaleza e ainda conferir a bela vista panorâmica da cidade e de seus arredores.

Adobe Stock:A view of Silves town buildings with famous castle and cathedral, Algarve region, Portugal – Pkazmierczak
Lagos
A moda do verão no Algarve tem nome: Lagos. Era de lá que os navegadores da Escola de Sagres partiam em suas naus para encarar as incertezas do além-mar, sem saber se um dia retornariam.
Hoje, milhares de alemães, nórdicos e franceses desembarcam ali e retornam todos os anos às suas casas de veraneio na cidade portuguesa justamente por saber o que vão encontrar: um mix contagiante de praias ensolaradas, bares fervilhantes e baladas noturnas que lembram o pique de Ibiza, mas sem tantos holofotes.
Protegida por muralhas medievais, a cidade tem lindas ruas de pedra, praças e igrejas – cuidado para não se perder em meio ao labirinto de casinhas brancas! –, mas as praias roubam a cena. As que se espalham pelo sul da cidade são menores e mais escondidas, banhadas por águas serenas e pontilhadas por uma fascinante sucessão de grutas, rochedos e torres de arenito colorido.
É o caso das orlas de Batata, Pinhão, Camilo e da Praia de Dona Ana, uma das mais bonitas da Europa. Em Lagos, há vários passeios de barco até as grutas, além de safáris de caiaque, aulas de surfe, cursos de mergulho e observação de golfinhos.

Adobe Stock: Aerial from the city Lagos with the Forte da Bandeira in Portuga – Nataraj
Portimão e Serra do Monchique
Menos badalada que Lagos, a cidade de Portimão também se destaca por sua costa rochosa, com praias de areia dourada, emolduradas por imensas falésias. As mais conhecidas são as de Careanos, Rocha, Vau e Prainha.

Adobe Stock: Aerial view of the beaches of Portimão, Algarve, Portugal – Jair

Adobe Stock: Charming Monchique in mountains of Algarve, Portugal – Eunikas
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Atualizada em: 03/01/2023