Porque a Holanda se pinta de laranja no fim de abril
Todo dia 30 de abril, Amsterdã e muitas outras cidades da Holanda se cobrem de laranja e sai às ruas em festa. A cor é uma homenagem ao nome da família real, a Casa de Oranje-Nassau (oranje, em holandês, é laranja). Nesta data, alçada a feriado nacional, é celebrado o aniversário da rainha holandesa. Hoje, é o evento nacional mais importante do ano.
A tradição começou em 1885, com a Rainha Wilhelmina, mas até 1949 o evento era comemorado em 31 de agosto, dia em que Wilhelmina nasceu. Quando a filha dela, a Rainha Juliana, ascendeu ao trono, em 1949, o dia mudou para a data de seu nascimento, 30 de abril.
Ao suceder Juliana em 1980, sua filha e então rainha, Beatriz, apesar de fazer aniversário em 31 de janeiro, decidiu manter a comemoração em abril para homenagear a mãe. Isso sem falar que era preciso poupar os habitantes de festejar algo nas ruas em meio ao frio de janeiro no Hemisfério Norte.
Farra na rua
No Koninginnedag, ou o Dia da Rainha, Amsterdã e outras grandes cidades ficam tomadas por bandeiras, faixas e acessórios laranjas, além de uma multidão de gente vestida na cor nacional, em um fenômeno conhecido como a loucura ou febre laranja (oranjegekte). Vale um pouco de tudo na hora de festejar: usar roupas e chapéus malucos, apelar para perucas e boás de penas e até pintar o corpo.
É comum os moradores montarem barraquinhas na rua, ou simplesmente estenderem um pano no chão, para vender todo tipo de objeto usado. Pode ser roupas, sapatos, brinquedos a cacarecos em geral. Algumas praças viram imensas feiras, nas quais famílias inteiras participam do vrijmarkt (mercado livre), único dia em que não se precisa de permissão para realizar comércio de rua.
Em diversas cidades, bandas e DJs animam festas ao ar livre. Em Amsterdã, que chega a receber 1 milhão de visitantes, os maiores eventos musicais costumam acontecer nas famosas praças Museumplein e Rembrandtplein. Também há muitas atividades para as crianças.
Festa na noite anterior e passeio da rainha
Cidades como Haia e Rotterdam vão além e comemoram a noite anterior ao feriado, chamada Koninginnenacht. Os jornais publicam a programação e rolam shows a noite toda, com direito à festa no momento da virada.
Acompanhada de membros da família real, a rainha aproveita o dia para visitar uma ou duas cidades diferentes a cada ano. A população local, então, prepara danças e apresentações para receber os visitantes ilustres. As celebrações costumam acontecer em clima de festa e tranquilidade.
Apenas um ano manchou a alegria dos festejos. Foi em 2009, quando o Dia da Rainha foi marcado por uma tragédia. A família real participava do desfile sobre um ônibus aberto na cidade de Apeldoorn, a cerca de 70 km de Amsterdam, quando sofreu um atentado.
Um homem de 38 anos que estava ao volante de um carro avançou em alta velocidade sobre o público. O veículo só parou quando bateu em um monumento, distante poucos metros da rainha. Sete pessoas morreram atropeladas.
O lamentável fato, porém, não afetou a continuidade da festa nos anos seguintes, que segue como a mais popular e divertida da Holanda. Quem estiver em Amsterdã, Haia ou Rotterdam em um dia 30 de abril certamente poderá comprovar isso.
Amsterdã
Caso não vá à Holanda durante o Koninginnedag, não se preocupe. Há muitas outras atrações para curtir no país, sobretudo em Amsterdã, a cidade mais turística.
Lá, as ruas são puro charme e, muitas vezes, você se sente em um cenário de cinema. A arquitetura local é muito peculiar e tem uma explicação histórica. Quando a cidade foi fundada, no século 13, os impostos cobrados sobre as construções eram muito altos. Para driblar o problema, os habitantes de Amsterdã encontraram uma solução criativa: fizeram casas altas e compridas, para ocupar menos área construída.
Há muito o que fazer por lá, como visitar um dos 200 museus e galerias de arte espalhados pela cidade. O Museu Van Gogh, por exemplo, abriga centenas de quadros do artista, entre os quais se destaca O Quarto. O portentoso Museu Rijks, por sua vez, tem um acervo de mais de 400 obras datadas do século 17 e assinadas por mestres como Rembrandt, Vermeer e Jan Steen.
Outro ponto de visita obrigatório é a casa de Anne Frank. Trata-se do registro mais tenebroso da passagem do nazismo por Amsterdã. O museu foi construído na casa onde Anne Frank e outros sete judeus, incluindo seus pais e sua irmã, se esconderam entre 1942 e 1944 para fugir da perseguição
anti-semita promovida por Hitler durante a Segunda Guerra. O lugar guarda objetos e documentos originais, inclusive o diário escrito pela garota durante o período em que ficou confinada.
Atualizada em: 26/07/2023