O que fazer em Nápoles
Seja apenas como ponto de chegada, para explorar a Costa Amalfitana seja como um pit stop repleto de história e recheado dos autênticos sabores italianos, apesar do ritmo um tanto caótico, há sempre muito o que fazer em Nápoles.
A graça da cidade está em seu verdadeiro clima à moda italiana, com tudo o que isso traz de bom. E de ruim. Uma sinfonia de buzinas é a trilha sonora de qualquer caminhada.
Entre toda essa algazarra, está uma série de joias, principalmente no centro histórico, tombado pela Unesco em 1995. A área esconde um emaranhado de boas surpresas não só arquitetônicas como culinárias, a exemplo de trattorias, osterias, barraquinhas de pizza frita, cafés e peixarias, onde coloridas bacias expõem frutos do mar fresquinhos, que vão parar no seu prato na hora do almoço ou do jantar.
Delicie-se com a comida farta de Nápoles, pois a cidade que criou a pizza margherita só poderia ser a terra da comida boa.
Imponência napolitana
Assim como a gastronomia, outra característica notadamente napolitana é a religiosidade. Não é difícil deparar com minialtares nas calçadas, ornamentados com imagens de santos.
Eles combinam muito bem com o cenário forrado de igrejas, principalmente no centro histórico, onde o destaque é a impressionante Catedral de Nápoles, datada de 1272.
Lá dentro, a capela do tesouro, de 1637, guarda pedras preciosas e 54 estátuas de prata, mas o que os moradores consideram ainda mais valioso são os restos mortais de São Genaro, que estaria enterrado ali.
Outra atração religiosa de respeito no centro antigo é o Complexo Monumental San Lorenzo Maggiore. À parte a visita à basílica, explore os subterrâneos da construção, onde ruínas greco-romanas transportam os visitantes à antiga cidade que existiu há 2 mil anos, mostrando resquícios de fornos, escolas e lavanderias.
O que consegue ser ainda mais interessante do que San Lorenzo Maggiore, e quiçá de todas as atrações de Nápoles, é o magistral Museu Arqueológico Nacional, que abriga o maior acervo de estátuas romanas do mundo.
Ali estão os melhores mosaicos encontrados nas escavações das antigas cidades de Pompeia e Herculano (devastadas pela erupção do Vulcão Vesúvio em 79 d.C.) e até uma sala dedicada à arte erótica romana, a qual é proibida para menores de 14 anos.
Depois dessas boas horas de imersão na cultura, o fim de tarde pede um passeio pela Praça do Plebiscito, onde se impõem o Palácio Real e a imponente Igreja São Francisco de Paula.
Outro bom lugar para flertar com a cidade, num ritmo mais tranquilo, é o Palácio Real de Capodimonte, afastado do centro histórico, mas mesmo assim com uma localização privilegiada: no alto da montanha.
A construção foi transformada em um monumental museu, que, em 160 cômodos, espalhados por três andares, distribui uma coleção de pesos-pesados das artes, como Rafael, Caravaggio, Ticiano e El Greco.
No terceiro andar, dedicado à arte moderna, está a versão de Andy Warhol do vulcão Vesúvio, que espreita a cidade. Não fique só com a pintura. Ao deixar o palácio, estará no imenso Parque de Capodimonte, que revela a vista do verdadeiro vulcão, imperando todo poderoso na paisagem.
Pompeia e Herculano
Quem vê o Vulcão Vesúvio tão altivo e tranquilo junto à Baía de Nápoles mal pode imaginar as “peripécias” que ele já aprontou por ali – e a mais séria delas ocorreu em 79 d.C. Uma pesadíssima erupção, mais as cinzas, as pedras e os gases vindos das entranhas do gigante, soterrou cidades como Pompeia e Herculano.
Aqueles que tentaram fugir foram atingidos por pedras incandescentes, e os que se esconderam morreram sufocados. Esses locais desapareceram do mapa por mais de 1.500 anos, escondidos sob uma espessa camada de rochas e cinzas liberadas durante o “ataque” do vulcão. Pompeia só foi redescoberta em 1594, durante a construção de um aqueduto, e Herculano, mais tarde ainda, em 1709.
Décadas depois, as duas cidades foram “desenterradas” e, no caminho para Sorrento, são sítios arqueológicos imperdíveis. Herculano, a 13 km de Nápoles, é menor, mas ficou até mais preservada por ter sido fossilizada pela mistura de lama e cinzas. As ruínas revelam casas de nobres, uma rua comercial e banhos termais que ainda preservam o piso de mármore e de mosaicos.
Já Pompeia, a 23 km de Nápoles, é mais pop e ostenta espaços como o Lupanare, que era um bordel com camas de pedra e afrescos eróticos nas paredes. Também está bem preservado o Grande Teatro, com mais de 5 mil lugares. Mas nada é mais aflitivo do que o jardim dos fugitivos, com réplicas dos corpos petrificados pela mistura letal de cinzas e rochas, que invariavelmente têm as mãos curvadas sobre o rosto.
A erupção ocorrida no ano 79 d.C. foi tão violenta que também destruiu o cume do Vesúvio, criando uma cratera de dimensões assustadoras, a qual pode ser visitada. Do estacionamento, são 860 metros até a cratera, num trajeto íngreme e pontuado pelas cinzas de antigas explosões (desde a grande erupção, o gigante se manifestou 30 vezes, a última delas em 1944).
Um leve cheiro de enxofre acompanha os visitantes, que não se importam com o odor e se deslumbram com a fumaça que sai das rochas.
Atualizada em: 27/04/2023