Não é só no Brasil – Veja como a Europa celebra o Carnaval
Algumas das tradições mais conhecidas adotadas no Carnaval hoje em dia, como o uso de máscara e os desfiles nas ruas, vêm da Europa, especialmente da Itália medieval, onde o Carnaval de Veneza era a referência mais famosa. De lá, o evento se espalhou para outras nações católicas, como França, Espanha e Portugal.
A partir daí, o evento seguiu atravessando fronteiras, alcançou a Alemanha e se espalhou pelo restante da Europa, chegando a países do Leste Europeu, da Escandinávia e dos Bálcãs. A colonização francesa na América do Norte
também contribuiu para a disseminação da festa no novo continente.
As metrópoles ibéricas, por sua vez, acabaram exportando a festa para as colônias no Caribe e América do Sul. No Brasil, o Carnaval começou a dar seus primeiros passos com o entrudo, costume um tanto agressivo importado pelos portugueses, que consistia em jogar baldes de água, lama e outras nojeiras nas pessoas. Por outros caminhos e em momentos diferentes, o evento chegou ainda a países como Índia e Austrália.
Em meio a essa “globalização”, a festividade perdeu o elo religioso, o que gerou, em alguns pontos do planeta, novas datas para comemorar o Carnaval. No Reino Unido, por exemplo, a folia de Notting Hill, em Londres, e a de Leeds, na região de Yorkshire, acontecem no fim do verão europeu, no mês de agosto.
Independentemente da época do ano, veja como os países da Europa celebram o Carnaval.
Itália
Do outro lado do Atlântico, as máscaras pintadas a mão feitas de gesso e com pedrarias são a marca registrada do Carnaval de Veneza, o mais tradicional da Itália. Antigamente, os foliões as usavam para esconder a sua identidade e curtir a festa sem se preocupar com as convenções da sociedade.
Assim, ricos e pobres, nobres e plebeus se disfarçavam e conseguiam se misturar. Houve até uma época em que era tão comum usar máscaras mesmo fora do período do Carnaval que o costume precisou ser restringido na Sereníssima: alguns aproveitavam o anonimato para cometer atos ilícitos.
Hoje, as máscaras são um dos suvenires mais cobiçados pelos turistas que vão à região. Nos dez dias de festa, realizada antes da Quaresma, ocorrem diversos eventos culturais, incluindo uma competição de fantasia na Praça São Marcos, principal cartão postal de Veneza. À noite, os salões se enchem de vida com os bailes de Carnaval realizados em pontos espalhados pela cidade. Os ingressos são bastante concorridos.
França
As animadas festas de rua que ocorrem durante o Carnaval fazem de Nice um dos destinos mais badalados da Riviera Francesa no período que precede a Quaresma. A primeira menção histórica aos festejos é de 1294. A partir de 1873, na era moderna do Carnaval, a cidade passou a ter um comitê organizador para o evento.
Desde então, desfiles de bonecos gigantes, fogos de artifício e procissões de carros alegóricos decorados com flores enchem os olhos dos turistas, que acompanham a festa na elegante avenida que se descortina pela orla da praia. São mais de dez dias de folia, nos quais as ruas ficam movimentadas com barracas de comida que abastecem e repõem a energia dos visitantes.
Bélgica
O Carnaval de Binche, cidade belga localizada a cerca de 60 km da capital Bruxelas, ostenta um título de fazer inveja a muitos: o de obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, concedido pela Unesco em 2003. A tradicional festa acontece desde o século 14. Por três dias, a contar do domingo que antecede a Quarta-feira de Cinzas, a pequena cidade, com pouco mais de 30 mil habitantes, recebe turistas para acompanhar os desfiles de rua e performances musicais e de dança.
A parte mais aguardada é o desfile ao som de tambores dos palhaços conhecidos como Gilles, com suas máscaras e roupas de cores vibrantes. Reza a tradição que os tradicionais palhaços devem colocar chapéus com penas de avestruz e jogar laranjas ao público. Para o visitante que ainda tiver energia, vale dar uma passada no museu sobre o Carnaval situado na cidade belga.
Espanha
Tenerife, a maior e mais populosa das sete ilhas Canárias, território espanhol, costuma ser lembrada não só por causa do movimentado porto ou por ter um dos maiores vulcões do mundo, mas também pelo seu Carnaval. Aspirante ao título de Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco, a festa na cidade de Santa Cruz de Tenerife arrasta multidões atrás dos desfiles e folias de rua.
O evento começa na sexta de Carnaval e termina na Quarta-feira de Cinzas, quando os foliões seguem a procissão do “entierro de la sardina” (do espanhol, enterro da sardinha). O festejo é retomado no fim de semana seguinte, conhecido como fim de semana da “piñata”.
Alemanha
Em contraste com a tradição secular de diversos carnavais ao redor do mundo, as festividades que ocorrem em Berlim nos dias anteriores à Quaresma são bem mais recentes: o evento foi criado na região em 1996 para celebrar a diversidade de nacionalidades na capital alemã, que abriga mais de 450 mil estrangeiros. Por isso, recebeu o nome de Carnaval das Culturas.
No final da primavera no Hemisfério Norte, geralmente em maio, a cidade reúne 1,5 milhão de visitantes que dançam ao som de ritmos variados e se esbaldam com comidas típicas de toda parte. Do outro lado da Alemanha, a quase 600 quilômetros de Berlim, a cidade de Colônia também é lembrada quando o assunto é Carnaval. A festa acontece há tempos por lá, mas foi a partir de 1823 que passou a ser formalmente organizada.
Conhecido como a quinta estação do ano, declarada aberta às 11h11 do dia 11 de novembro, o festejo dá uma esmorecida no final do ano e volta com força total nos dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. O ápice é a procissão na segunda-feira, conhecida como Rosenmontag (do alemão, segunda de rosa).
Suíça
O centro antigo da cidade suíça da Basiléia, quase na divisa com a França e a Alemanha, fica tomado de turistas nos três dias de Carnaval, realizado entre fevereiro e março. Alguns dizem que é ali que as batalhas de confetes de papel colorido foram inventadas em substituição aos confeitos, doces de origem italiana, jogados pelos foliões. Difícil de ser comprovada, essa tese bate de frente com relatos de que a farra teria surgido em Paris ou em Roma.
Verdade ou não, o fato é que os confetes dominam o Carnaval local. E como tudo na Suíça remete a ordem, só é possível comprar pacotes com uma cor, para evitar que os papeizinhos já usados sejam recolhidos do chão e, posteriormente revendidos.
Holanda
Caricaturas de políticos locais, celebridades e anônimos ganham vida em elaboradas máscaras de papel machê usadas por foliões em várias cidades da Holanda durante o período do Carnaval, celebrado no período tradicional. Com bares repletos, festas de rua animadas e desfiles coloridos, entretanto, a festa realizada na cidade de Maastricht é a mais disputada do país.
A tradição por lá é, ao longo de três dias, entrar de bar em bar para cantar, dançar e beber. Nas ruas, geralmente enfeitadas por balões verdes, amarelos e vermelhos, o que mais se vê são foliões fantasiados, muitas vezes com os rotos pintados.
Atualizada em: 21/11/2024