Museu do Ipiranga preparado para 1 milhão de visitantes
Após nove anos fechado, três deles em reforma, o Museu do Ipiranga, em São Paulo (SP), é reaberto e se torna um dos mais modernos museus da América Latina. Entre as novidades, o museu teve a área construída duplicada (com um novo espaço subterrâneo), obras do acervo restauradas e jardins recuperados. A reforma custou cerca de R$ 283 milhões, captado com empresas privadas pela Lei de Incentivo à Cultura, e a expectativa é de que a instituição passe a receber cerca de 1 milhão de visitantes por ano.
A fachada do edifício, construído em 1885, está como nova. Ganhou tratamento para trincas, ornamentos recuperados e uma nova pintura. Internamente, as mudanças foram bem minuciosas. Todas as 450 portas e janelas do edifício foram retiradas para serem restauradas e, posteriormente, recolocadas no lugar de origem. O mesmo aconteceu com o piso de ladrilho hidráulico alemão, que também passou por um refinado processo de recuperação. A parte elétrica foi totalmente trocada e envolvida por manta de cerâmica, capaz de reter altas temperaturas. Esse detalhe é parte do moderno sistema anti-incêndio que foi instalado e conta com chuveiros hidráulicos, detectores de fumaça, portas corta-fogo em todas as escadas, entre muitos outros pormenores pensados para evitar uma tragédia semelhante ao que aconteceu no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2018.
Uma nova recepção também foi construída em uma área subterrânea, embaixo da esplanada, de tal forma a não atrapalhar o visual da arquitetura original. Chamada de “Área de Acolhimento”, ela inclui também a bilheteria, uma livraria e um auditório para 200 pessoas.
No novo Museu do Ipiranga, o público se depara com 12 exposições – 11 de longa duração e uma mostra temporária. As de longa duração são divididas em dois eixos temáticos. O primeiro, “Para entender a sociedade”, exibe objetos, móveis, roupas, ferramentas de trabalho e outros objetos antigos que trazem um panorama da sociedade brasileira dos séculos 19 e 20. O outro tema “Para entender o museu”, conta a história da construção do edifício em estilo neoclássico.
No total, são cerca de 3.500 itens divididos em 49 salas expositivas (eram apenas 12 antes da reforma). Outro diferencial é a maior interatividade das mostras com 70 peças multimídias, como a atração áudio-visual que narra curiosidade sobre a vida dos polêmicos bandeirantes paulistas.
O grande destaque do acervo, porém, continua sendo o quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo. A enorme tela, com 7,6 x 4,1 metros, maior do que as portas e janelas do Salão Nobre, onde está instalada, nunca foi retirada do lugar. Por isso, teve que ser restaurada simultaneamente com as obras do edifício, envolvida por um tecido especial para impedir a entrada de pó na pintura.
Já o restante do acervo do museu precisou ser removido e acondicionado em espaços controlados de umidade e temperatura, antes de serem restaurados. Isso incluiu todos os mais de 3 mil itens que estão expostos na reabertura. Dentre eles estão as pinturas, esculturas, documentos textuais, fotografias e objetos em tecido e madeira. Foi a primeira vez que o museu realizou o restauro completo de todo o acervo, antes realizado somente de forma pontual.
Na frente do museu, o Jardim Francês, do início do século 20, projetado pelo paisagista belga Arsenius Puttemans e inspirado no jardim do Palácio de Versalhes, também foi revitalizado. Durante oito meses, a obra, de R$ 19 milhões custeados pelo Governo do Estado de São Paulo, recuperou os jardins, modernizou a iluminação pública mantendo os postes originais, reativou as fontes e restaurou os ornamentos do entorno.
Serviço
O Museu do Ipiranga fica na Rua dos Patriotas, 20. Funciona de terça a domingo, das 11h às 17h. O Jardim Francês tem entrada livre das 11h às 18h.
Atualizada em: 27/01/2023