Mistério, aventura e descobertas no alto do Monte Roraima – Voupranos

Mistério, aventura e descobertas no alto do Monte Roraima

Adobe Stock: Monte Roraima, Fabiano Vieira

É preciso atravessar o Brasil. Ir ao extremo norte do país, na tríplice fronteira com a Venezuela e a Guiana, para se deparar com um dos cenários mais originais e impressionantes do País: o Monte Roraima. Essa montanha em formato de mesa, que ganhou fama em 2014 com a novela Império, da Rede Globo, tornou-se um dos destinos mais desejados por “trilheiros”  brasileiros, que vão até lá atraídos por sua aura de misticismo e pela paisagem exótica, desenhada por atrações como jardins endêmicos, cachoeiras e abismos.

Há diversos roteiros para explorar a montanha. O do Lago Gladys, por exemplo, tem oito dias de duração, com quatro pernoites no topo. São 120 km de caminhada no total, o que dá uma média de 14 km ao dia. Ele parte de Boa Vista e cruza a fronteira com a Venezuela até alcançar Paraitepuy. Ali, começa a caminhada por uma trilha aberta e plana.

Adobe Stock: Monte Roraima, Venezuela – Marabelo

Para aventureiros

Aqui, vale dizer que subir ao Monte Roraima não é um passeio turístico qualquer. É uma expedição para montanhistas e adeptos do ecoturismo. É preciso caminhar muito, entre pedras e subidas. Mas também não se trata de uma aventura tão extrema quanto a escalada em outras montanhas famosas da América do Sul, como o Aconcágua, por exemplo.

Isso porque o Monte Roraima pode ser acessado apenas caminhando, sem uso de cordas, e seus 2.800 metros não provocam os sintomas da soroche, o “mau de altura”. Por isso, fundamental mesmo é ter disposição e um bom par de pernas, além de roupas adequadas para o frio e a umidade. Todos os acampamentos do trekking ao Monte Roraima são selvagens, realizado dentro de cavernas, que os nativos chamam de “hotéis”. Não há luz elétrica, nem chuveiro quente.

Adobe Stock: Acampamento na base do Monte Roraima – Mario Sergio

O banho é de rio mesmo, com água fria. E o banheiro é improvisado em uma barraca cujo interior tem apenas um banquinho com o assento cortado, no qual cada usuário pendura um saco plástico para fazer as necessidades básicas. É um pouco estranho, mas o método, embora rudimentar, funciona e reduz o impacto no frágil
ecossistema da montanha.

São dois dias de caminhada até chegar à base da montanha, bem debaixo do paredão de arenito do Monte Roraima. Em alguns pontos, essas encostas chegam a ter até mil metros de altura. Há uma névoa constante, que ora exibe os paredões avermelhados, ora encobre toda a vista. Serve para aumentar ainda mais o clima de mistério.

Adobe Stock: Monte Roraima – Curioso.photography

As surpresas do platô

Para quem segue rumo ao topo, é preciso encarar um trecho de 8,5 km de subida íngreme, passando por um caminho de rochas conhecido como Paço das Lágrimas. É lá que se tem o primeiro vislumbre da paisagem: chão rochoso e plano, com pedras gigantes em formatos estranhos, e poucas plantas baixas, a maioria bromélias e pequenas orquídeas.

O trecho seguinte leva à caverna batizada ironicamente pelos nativos de “Hotel Guachero”. A partir daí, admira-se cada vez mais o visual da pedra do Monte Roraima. Os jardins são belíssimos, cheios de plantas exóticas, muitas delas insetívoras, por conta do pouco nutriente do solo. E as rochas têm nomes curiosos: do sapo, do camelo, do jacaré, da tartaruga…

Adobe Stock:Parque Nacional do Monte Roraima – Emanuel

Justamente porque têm a forma perfeita desses animais. Margeando o Rio Cotingo, cujas águas são incrivelmente avermelhadas e com rochas gigantescas em formatos de cogumelos nas margens, chega-se ao Lago Gladys, a grande atração do roteiro. O lago é todo cercado por um paredão de rocha, que permite a vista de um nível superior.

Adobe Stock: Monte Roraima – Otavio Lino

O caminho de volta

No trajeto de volta, dá para passar no Ponto Triplo, o marco de pedra acanhado que limita Brasil, Venezuela e Guiana, fincado na expedição de Marechal Rondon, em 1931. Entre os montanhistas, é um lugar simbólico. Próxima parada: o Fosso, uma cachoeira que desaba dentro de uma caverna formando um lago surreal dentro, que só pode acessado entrando no subsolo por uma gruta.

Depois, é hora de voltar, com mais um show de paisagens, como as do Rio Kukenán. A marcha final segue até Paraitepuy, onde se encerra um dos trekkings mais espetaculares do Brasil. Afinal, a montanha devolve em belezas, e com sobra, todo o esforço empregado para alcançá-la. Existe mesmo algo místico naquele platô de arenito no extremo do país.

Adobe Stock: Cachoeira Monte Roraima – Carina Furlanetto

Quando ir

A melhor época para fazer o trekking no Monte Roraima vai de setembro a abril, quando chove menos e a temperatura é mais agradável. Evite o período entre maio e agosto, pois chove bastante no topo da montanha, o
que atrapalha os passeios.

Adobe Stock: Expedição Monte Roraima – Otavio Lino

 

Publicado em: 22/11/2024
Atualizada em: 21/11/2024
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