Litoral Sul de São Paulo tem ilhas, cachoeiras, reservas e praias de encher os olhos.
Nem só dos arredores de Santos vive o Litoral Sul de São Paulo. Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Ilha Comprida, Cananeia e Iguape reservam um bocado de belezas naturais e atrações ressaltadas em áreas preservadas de Mata Atlântica, boa parte delas declaradas Patrimônio Natural da Humanidade, tombados pela Unesco.
Entre essas cidades, a que fica mais perto de São Paulo é Mongaguá, a uma distância que pode ser percorrida em cerca de uma hora de carro. Praias de mar aberto com 13 km de extensão compõem o cenário do município, que está encravado entre os rios Mongaguá e Aguapeú.
O principal point da cidade é a Plataforma de Pesca, a segunda maior da América Latina. Trata-se de uma enorme estrutura de concreto armado que se estende por cerca de 400 metros mar adentro, em forma de T, com 200 metros de braço. Vale a pena caminhar por lá e ver o movimento a qualquer hora do dia.
Outro lugar muito procurado pelos visitantes é o Parque Turístico Umberto Salomone, mais conhecido como Poço das Antas. Lá, há uma revigorante queda-d’água que forma uma piscina de água natural e serve de convite para quem está disposto a renovar as energias. A infraestrutura do recanto ecológico chama a atenção, com banheiro, pontes com corrimão, lanchonetes, guarita e um amplo estacionamento.
Além de ser um excelente lugar para piquenique com as crianças, o parque costuma agradar quem tem espírito aventureiro. Isso porque concentra diversas trilhas morro acima, quase sempre com destino a cachoeiras.
Itanhaém
Do território de 599 km2 ocupado por Itanhaém, pouco mais da metade é composto de Mata Atlântica. Por isso, a cidade ganhou o ousado título de Amazônia Paulista. O verde realmente toma conta da região, como pode ser visto no Parque Estadual da Serra do Mar, que reúne 50 cachoeiras e 14 praias balneáveis. As mais procuradas são as do Sonho, do Cibratel e dos Pescadores, onde o fluxo turístico é intenso no verão.
Com tantas reservas naturais, muita gente vai à cidade para fazer trilhas ecológicas, como a do Morro Sapucaitava, na Praia dos Sonhos, local rico em flora e fauna da Mata Atlântica. Peroba, canela, jequitibá, aroeira, samambaia, bromélia e caeté enfeitam a região, que também concentra animais como lagarto teiú, caxinguelê e preá, bem como sábias, beija- flores, corujas, gaivotas e tiés. Tudo isso pode ser observado em trilhas tranquilas.
Outros morros que valem a visita em Itanhaém são o Paranambuco, que oferece boas vistas do Litoral Sul, e o Piraguyra, que fica na parte central da cidade e conta com uma extensão de mangue. Quem vai até lá ainda dá de cara com um lago formado pelas chuvas e pela drenagem natural.
Reserve um dia também para ver o encontro das águas do Rio Preto, bem escuras, com as cristalinas do Rio Branco, que formam o Rio Itanhaém. Para conferir o fenômeno, é preciso navegar por duas horas em embarcações que partem do píer da Praia dos Sonhos.
Cama de Anchieta
Passear de barco é uma delícia, mas nada é mais típico em Itanhaém do que visitar a Cama de Anchieta. Trata-se de uma formação rochosa que se assemelha a uma cama e que, supostamente, era usada pelo padre José de Anchieta para descansar e inspirar-se por conta da bela paisagem do local.
Localizada entre os costões da Praia da Gruta e da Praia do Sonho, a Cama de Anchieta transformou-se em referência do turismo ambiental e religioso da cidade. O circuito até ela inclui passagens por monumentos, museu e outros locais ligados à história do religioso na região, como o famoso Pocinho do Anchieta, construção de pedras realizada por índios após instrução do jesuíta, com o objetivo de facilitar a pesca na região.
Para alcançar a Cama de Anchieta, é preciso ainda atravessar uma ponte com pouco mais de 20 metros. Pelo caminho, é comum deparar com jovens namorados. Isso porque, reza a lenda, o casal que se deita na pedra tem a união abençoada eternamente. O que não significa, porém, que os solteiros não têm vez por lá. O poder da formação rochosa vai além e, dizem os nativos, pode até garantir um futuro encontro com a alma gêmea. Não custa arriscar…
Peruíbe
Entre o mar que banha São Paulo e uma longa faixa de Mata Atlântica está Peruíbe. Assim como as vizinhas, a cidade é pródiga em áreas naturais bem preservadas, como a Área de Proteção Ambiental (Cananeia-Iguape- Peruíbe), as Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande, a Zona de Vida Silvestre e a Estação Ecológica da Jureia-Itatins.
Nada chama mais a atenção por lá, entretanto, do que a Jureia, estação ecológica que abrange também os municípios de Peruíbe, Iguape e Pedro de Toledo. No local, há diversas trilhas, cachoeiras e até mesmo circuitos de arvorismo.
Jureia faz parte do Parque Estadual do Lagamar, entre Iguape e Cananeia, em São Paulo, e Antonina e Paranaguá, no norte do Paraná. Um dos três principais conjuntos de ecossistemas do mundo e uma das últimas regiões não poluídas do Atlântico Sul, o Lagamar é formado por centenas de cursos d’água que descem a Serra do Mar e por rios de maré, lagunas, mangues e um mar interior protegido por ilhas, como a do Cardoso, a Comprida e a das Peças.
Além da importância ambiental, o parque é um marco na história de São Paulo: foi lá que o português Martim Afonso de Souza aportou em 1532 e deu o pontapé para o processo de colonização do estado. Mais do que belezas naturais, Peruíbe atrai visitantes também por concentrar sítios arqueológicos. Entre eles, estão sambaquis, ruínas de uma igreja jesuíta (Ruínas de Abarebebê) e uma das primeiras capelas-escola do Brasil, construída por volta de 1550 e usada para conversão dos índios e repouso de viajantes à época.
Cananeia e Ilha do Cardoso
Ao sul de Peruíbe está Cananeia, cidade que se espalha pelo continente e também por uma série de ilhas, como a que empresta o nome à região, a do Cardoso, a Bom Abrigo, a Filhote e a Pai do Mato. Pouco explorada, a cidade tem como trunfo preservar praias selvagens e encantadoras, embora algumas delas sejam de difícil acesso.
Tombada pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e já apontada pela revista Condé Nast Traveler, dos EUA, como o melhor roteiro ecológico do mundo, a região estuarino-lagunar de Cananeia é uma fantástica coleção das águas de muitos rios, baías, lagoas e do mar. O local, que também é parte do Parque do Lagamar, compreende quatro ecossistemas: mangues, dunas, restingas e Mata Atlântica.
Protegida, a região engloba o famoso Parque Estadual da Ilha do Cardoso, um dos trechos mais exuberantes do Litoral Sul de São Paulo. Embarcações como escunas e voadeiras (pequenas lanchas) partem do porto de Cananeia até o local, que tem mais clima de aventura que de conforto.
Uma das maiores atrações turísticas da região é a presença de botos-cinza, que muitas vezes se aproximam dos barcos na travessia entre Cananeia e Ilha do Cardoso. Na ilha ainda é possível encontrar mamíferos grandes, como bugios, e de menor porte, a exemplo de suçuaranas e veados- mateiros. Há mais de 85 espécies catalogadas pelo Instituto Florestal de São Paulo.
Ilha Comprida
De Cananeia, é possível alcançar Ilha Comprida (para entender o motivo do nome, dê um Google no mapa da região), no Vale do Ribeira. Intitulado Reserva da Biosfera, o local é apontado pela BirdLife International, organização ambiental que protege a biodiversidade de aves e seus hábitats, como um dos principais points de conservação de aves do Brasil.
Uma vez no pedaço, quem curte descarregar adrenalina pode aventurar-se em passeios com catamarã, quadriciclos e UTVs (veículos off road). Os passeios revelam a Ilha Comprida de norte a sul, passando por vilas caiçaras, mares de dentro e de fora e inúmeras trilhas ecológicas.
Iguape
Encravada no extremo sul do litoral paulista, Iguape é outra cidade que faz parte do Circuito Turístico do Lagamar. Não à toa, quase 70% de seu território é composto de áreas naturais protegidas, como a Estação Ecológica dos Chauás e cerca de 85% da Estação Ecológica Jureia-Itatins. Está parcialmente em Área de Proteção Ambiental (Cananeia-Iguape- Peruíbe).
Rios, morros, manguezais, praias e cachoeiras compõem o ecossistema do município, além das Reservas de Mata Atlântica do Sudeste, tombadas pela Unesco em 1999 como Patrimônio da Humanidade.
Mas não é só de refúgios verdes que vive Iguape. O centro histórico, formado por casarões coloniais, é uma graça e compõe um dos acervos mais bem preservados do estado. Pelas ruas de paralelepípedo, é possível alcançar a Basílica de Bom Jesus de Iguape, erguida entre 1787 e 1856, assim como museus, videotecas e exposições que contam a história da região.
Atualizada em: 31/10/2024