Lençóis maranhenses figuram entre os destinos mais desejados do mundo
O Maranhão, apesar de possuir o segundo maior litoral do Brasil, não tem suas praias como principal atrativo. A areia que a maior parte dos turistas procura por lá está reunida em uma área imensa de dunas, salpicadas de lagoas e atrações, batizada de Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. A beleza é tão grande que o destino foi um dos únicos do Brasil, ao lado de Manaus, apontado como um dos 50 melhores lugares do mundo para visitar em 2023 pelo jornal New York Times. E fazer parte dessa seleção não é pouco.
Como chegar
O trajeto desde São Luís, a capital do estado, até Barreirinhas, a maior e mais estruturada cidade da região de Lençóis, dura cerca de três horas de carro em estrada de asfalto. O turista chega ainda pela manhã, faz o check-in no hotel escolhido e, quase que imediatamente, parte para desbravar as dunas e lagoas da região.
É possível também firmar base em pequenos vilarejos espalhados pelo parque, como Atins e Santo Amaro do Maranhão, onde pouca gente vai – o que não quer dizer que sejam lugares onde não vale a pena ir, muito pelo contrário. Atins, por exemplo, é uma grata surpresa. A vila à beira-mar fica praticamente sobre as dunas dos Lençóis.
Lembra Jericoacora de antigamente, com ruas de areia e apenas mil moradores. A única forma de chegar até lá é de barco, um isolamento que traz uma atmosfera mais rústica e permite uma imersão maior na natureza do parque nacional. Apesar do acesso complicado, o local tem conforto e conta com boas pousadas. Santo Amaro do Maranhão, por sua vez, tem o trunfo de contar com lagoas que não secam nunca, mesmo nos períodos de grande estiagem. Isso faz com que ao menos uma visita à região seja mais do que obrigatória nos meses secos do ano.
Quando ir
No período chuvoso, que se estende de janeiro a julho, os tours ocorrem na margem esquerda do Lago Santo Amaro e são realizadas em pequenos barcos. O visitante pode apreciar a rica e diversificada flora e fauna aquática da região.
Já no período seco, que vai de agosto a dezembro, as áreas mais visitadas situam-se à margem direita do Lago Santo Amaro, e os passeios são feitos em carros tracionados. A grande atração do passeio na região, porém, é a descida pelo Rio Cardosa com colete salva-vidas, máscara e snorkel, bem ao estilo de Bonito (MS). Ali, dá para relaxar e deixar-se levar pela correnteza de águas verdinhas e cristalinas.
Paisagem fotográfica
Não importa se você vai se instalar em Barreirinhas, Atins ou Santo Amaro do Maranhão: toda viagem aos Lençóis Maranhenses incluiu tradicionais doses de aventura a bordo das picapes com bancos na carroceria que rodam pelas estradas de terra do parque nacional. Os caminhos rendem legítimos off roads, cruzando bancos de areia e atravessando riachos com a água pelo capô.
O melhor de tudo é que eles sempre levam ao que mais interessa: as dunas e lagoas de águas azuis. Entre essas últimas, as mais populares, por ficarem próximas de Barreirinhas, são a Azul, a da Paz e a da Lua. O programa mais desejado nos Lençóis Maranhenses, entretanto, é fazer um voo de monomotor a partir do pequeno aeroporto de Barreirinhas.
Só assim é possível entender as dimensões desse legítimo deserto de dunas fofas, o único do país, por sinal, burilado ao longo de milhares de anos pela natureza, que pacientemente foi transportando a areia da praia para o interior do continente. Dali de cima é possível observar, entre uma duna e outra, o desenho formado pelas inúmeras lagoas azuis de água doce, represadas pelas chuvas que caem no primeiro semestre de cada ano, formando uma paisagem surreal.
Além das dunas
Em Lençóis, tudo gira em torno do Rio Preguiças que, além de exuberante em natureza, é farto em peixes e garante o sustento do povo da região. Por isso, o passeio pelos meandros e igarapés é obrigatório. O ponto de partida é o porto de Barreirinhas. Dali, segue-se até a foz, no povoado de Caburé. O percurso, feito em lanchas rápidas, que lá se chamam voadeiras, leva uma hora.
É uma boa oportunidade para observar a vegetação típica do interior do Maranhão, repleta de palmeiras como o açaí, que lá se chama Jussara; o buriti, cuja palha é aproveitada por artesãos locais na produção de bolsas, chapéus e acessórios; e a carnaúba, considerada pelos maranhenses a “árvore da providência”. já que é matéria-prima para uma infinidade de produtos que vão de ceras a plásticos e vinis. À medida que o rio se aproxima do mar, as palmeiras começam a rarear, dando lugar a uma vegetação típica de mangue. O passeio então inclui paradas em Vassouras, Caburé e Mandacaru, onde fica o Farol Preguiças.
Delta das Américas
Embarcar numa caminhonete 4X4 em Barreirinhas para percorrer meros 70 km em três horas, numa estrada com trechos de terra e areia, pode, a princípio, não parecer uma grande ideia. Mas reconsidere a questão por ter à frente a chance de passar por casas de farinha ainda na ativa e mulheres cantando e lavando roupa na beira do rio, até chegar a Tutoia, local para explorar, no lado maranhense, o Delta das Américas, também conhecido como Delta do Parnaíba.
Este é o terceiro maior delta oceânico do mundo, atrás apenas dos deltas do Rio Nilo, na África, e do Rio Mekong, no Vietnã. Visto do alto, o cenário local lembra uma mão aberta, sendo que o visual do Rio Parnaíba representa a palma da mão e os cinco afluentes, os dedos. Essa formação criou um grandioso santuário ecológico.
Além de se encantar com a fauna e a flora local, o viajante tem a oportunidade, ali, de passar momentos relaxantes nas grandes dunas de areia e nos banhos em lagoas ou no próprio mar.
Atualizada em: 26/07/2023