O que fazer em Belfast, capital da Irlanda do Norte

Adobe Stock: Northern Ireland – Susanne2688

Na hora de listar com mais propriedade o que fazer em Belfast, capital da Irlanda do Norte, vale a pena conhecer um pouco de sua história. Isso porque, curiosamente, os lugares mais fotografados da cidade referem-se ao conflito histórico entre separatistas católicos e unionistas anglicanos que assolou o país no século 20.

Há uma série de edifícios com pinturas enormes que retratam cenas tensas que marcaram a sangrenta disputa. Entre eles, felizmente, despontam apelos que ratificam o processo de paz que toma conta da região há anos. Por outro lado, um muro, também repleto de grafites e ironicamente chamado Peace Wall (Muro da Paz), ainda separa os bairros católicos dos protestantes.

A boa notícia é que, ideologias à parte, as brigas acabaram há tempos, a segurança impera e tudo relacionado ao conflito transformou-se em ponto turístico de Belfast, que virou uma espécie de museu a céu aberto. Sorte do visitante, que, além dos resquícios dos dias difíceis, encontra na capital da Irlanda do Norte uma série de lugares interessantes para visitar.

História

A porção norte da Irlanda, onde se concentrava a província de Ulster, cresceu economicamente na segunda metade do século 19 e comecinho do século 20, quando toda a ilha, situada ao lado da Grã-Bretanha (ilha que reúne Inglaterra, Escócia e País de Gales), ainda pertencia ao Reino Unido.

Isso tudo porque, após a Revolução Industrial, muito dinheiro foi injetado em Belfast e seus arredores, que viram empresas prosperarem ao ponto de criarem o refrigerante, o chocolate em barra, o termômetro e uma série de outros produtos consumidos ou usados em larga escala no mundo moderno.

Um forte movimento separatista, porém, já tomava conta da Irlanda à época. Assim, surgiram dois grupos: os que queriam a independência do Reino Unido, de maioria católica e que se concentravam prioritariamente nas regiões centrais e sul da ilha – grande parte delas agrícolas –; e os que queriam se manter unidos ao governo britânico, apoiados na religião anglicana e com poderio econômico industrial, situados ao norte da região.

Temendo uma guerra civil, o Reino Unido assinou o acordo que, em 1922, deu origem à República da Irlanda, um país soberano, e à Irlanda do Norte, com política autônoma, porém ligada ao governo britânico.

Com o passar dos anos, a minoria católica que permaneceu na Irlanda do Norte começou a ser perseguida e ter seus direitos civis cerceados. Isso gerou fortes tensões que culminaram no surgimento de grupos terroristas, como o IRA (sigla em inglês para Exército Republicano Irlandês), e em acontecimentos tristes como o Domingo Sangrento, em que civis foram assassinados pelo exército britânico durante uma manifestação nas ruas da cidade de Derry.

Em 1998, após a assinatura de um acordo que previu um governo partilhado entre separatistas e unionistas, o processo de paz começou a tomar conta da Irlanda do Norte. Sete anos depois, em 2005, o IRA anunciou o fim da luta armada. Desde então, a Irlanda do Norte se tornou um lugar seguro para ser visitado e com muita história para contar.

Adobe Stock: Ulster Way, Irlanda do Norte – Stevie

Centro histórico

A visita a Belfast pode começar pelo centro da cidade, onde estão o Albert Memorial Clock, torre com um relógio no topo, ligeiramente inclinada por causa do solo arenoso em que foi construída; o imponente prédio da prefeitura (City Hall), que pode ser visitado e fica lindo à noite, quando é iluminado; o St. George’s Market, onde se pode provar pratos típicos de diversos países; e a Queen’s University Belfast, onde há um belo jardim botânico.

Dá para ver tudo isso em um único dia e reservar o fim da tarde para dar um pulo no belo Palácio de Sormont, sede do Parlamento da Irlanda do Norte. Ele é bem bonito por fora e por dentro. Não deixe de visitar.

À noite, dê um pulo na Comercial Ct., rua repleta de pubs divertidos, como o Duke of York. Foi ali que a banda de rock Snow Patrol arriscou seus primeiros acordes.

Adobe Stock: Albert Memorial Clock Tower Belfast Nordirland – Nina

Museu do Titanic

No dia seguinte, é hora de conhecer o Titanic Quarter, uma região revitalizada que abriga o futurista prédio do Titanic Belfast, museu dedicado ao famoso RMS Titanic. É comum quem torça um pouco o nariz e ache um pouco mórbido passear pelo lugar que retrata a história do então maior navio de passageiros do mundo, finalizado em Belfast e que naufragou em 1912, durante a viagem de inauguração, após colidir com um iceberg. Lá dentro, porém, a experiência surpreende positivamente.

Como se fosse uma atração da Disney World, o tour pode ser iniciado a bordo de cadeirinhas que se deslocam por um trilho suspenso e o colocam dentro do antigo estaleiro da cidade, que ficava ali mesmo. Assim, descobre-se mais sobre o progresso da região no início do século 20 e o trabalho gigantesco exercido na construção do Titanic.

Depois, engenhocas futuristas o levam para “dentro” do navio. Dá para visitar cabines recriadas das três classes de passageiros em que a embarcação se dividia, ver relatos de pessoas a bordo no momento do acidente, ouvir depoimentos de sobreviventes e assistir a um filme que mostra a descoberta dos destroços naufragados.

No fim do passeio, é possível até se sentir um pouco como Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, atores do principal filme inspirado na tragédia, e comprar itens em uma imensa loja temática do Titanic.

Adobe Stock: Titanic Quarter – Nataliya Hora

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