Ilhas Gregas – um caleidoscópio de tonalidades em Santorini

Adobe Stock: Santorini – Svetlana
Poucas ilhas despontam tão belas no horizonte quanto Santorini. Como uma nuvem de casas brancas encarapitadas sobre uma enorme massa de terra no Mar Egeu, ela é capaz de arrancar olhares de admiração de todos que, diariamente, procuram ali o que fazer ao chegarem a bordo de navios de cruzeiros.
Originalmente uma única massa de terra, a ilha surgiu a partir da explosão de um vulcão, ocorrida há milhares de anos. A cratera, destruída, foi inundada pela água, dando origem ao que é hoje a caldeira que os ocupantes de casas, hotéis, pousadas e restaurantes de Santorini avistam do alto.

Adobe Stock: Oia, Marina Art
Há quem diga que tal terreno é parte do que sobrou da lendária Atlântida, teoria que não tem a menor comprovação científica – mas como quase sempre ocorre na Grécia, as lendas normalmente são mais interessantes do que os fatos históricos. A origem vulcânica confere a Santorini algumas peculiaridades. Uma delas são as areias vulcânicas, o que faz do ato de ir à praia uma experiência totalmente diferente. Quando chegar à cidade, alugue um carro ou combine com um taxista de levá-lo até Kamari, a faixa de areias pretas.

Adobe Stock: Praia de Perivolos, Santorini – Trattieritratti
O panorama parece estranho à primeira vista, assim como o caminho até o mar – esteiras fazem as vezes de passarelas, levando do calçadão até as chaise longues, porque o cascalho negro chega a machucar a sola dos pés. Mas tudo fica mais normal depois do primeiro mergulho no mar, sempre onipresente e incansavelmente azul.
Uma boa pedida para fazer as pazes entre a areia preta e a sola do pé é ir ao café-bar Ethnic, exatamente em frente à entrada da Praia de Kamari, e admirar dali o degradê azul e preto entre mar e costa. De preferência, pegue um lugar à sombra e tenha a companhia de um vinho branco estupidamente gelado, produzido na ilha.

Adobe Stock: Areia vulcanizada, Santorini – Trattieritratti
Está aí outra vantagem do solo vulcânico: são 36 tipos de uvas diferentes cultivadas em Santorini. Apaixonados pela bebida de Baco podem agendar degustações em vinícolas locais, como a Santo Wines, a caminho de Oia (lê-se “ia”).
Fira
Em Santorini, três lugares merecem visita. O primeiro é Fira (capital local e também conhecida por Thira ou Thera), a parte mais comercial da ilha. Lojinhas e restaurantes famosos à beira de precipícios oferecem uma vista espetacular, com preços proporcionais à altura em que estão.

Adobe Stock: Fira – Ecstk22
Um breve caminhar pelas ruazinhas de Fira e tem-se a impressão de que, ao menos lá, não há crise econômica alguma: objetos delicados a preços salgados (o valor de um simples olho grego para pôr na porta, peça comum no artesanato do país, chega a ser de mais de 100% superior ali em relação a outras ilhas) são a deixa para que se compre lembrancinhas em outro lugar.

Adobe Stock: Fira, Santorini – Losbkru
Oia
O vaivém de turistas, a maioria proveniente de grandes navios de cruzeiro, dá uma espiada em Fira e segue para Oia, um belíssimo vilarejo encarapitado 300 metros acima do nível do mar, em que casinhas caiadas de branco repetem no horizonte o contraste de azul e branco exibido na bandeira grega.

Adobe Stock: Oia, Santorini – Santosha57
Para quem está com os joelhos em ordem, vale a pena subir até a entrada das igrejinhas, no alto da montanha, absolutamente apaixonantes de tão simples. Quem não confia no próprio par de pernas deve ter cuidado, pois as escadarias são repletas de degraus íngremes e escorregadios.

Adobe Stock: Oi, Santorini – Blue Orange
Imerovigli
Imerovigli, uma vila ao norte de Fira, é o terceiro e mais tranquilo dos recantos da ilha. Localizado num platô que funciona como uma espécie de varanda natural de Santorini, é talvez a melhor opção de hospedagem para quem busca uma atmosfera romântica, fugindo um pouco do movimento de Fira e Oia. Sim, porque Santorini também é must entre os casais. Da mordomia de relaxar nas piscinas de borda infinita e nas espreguiçadeiras viradas para o mar aos quartos cheios de mimos, tudo é para ser desfrutado a dois.

Adobe Stock: Imerovigli, Grecia – Larauhryn
Sozinho ou num grupo de amigos, qualquer um é bem-vindo, claro, mas não há como os “ímpares” deixarem a ilha sem, ao menos secretamente, carregar consigo um desejo de repetir a visita com alguém especial. Desejo que também vale para os casais. Por isso, cuidado: Santorini pode causar dependência.

Adobe Stock: Imerovigli, Grecia – Jerome Bouche
Barco e pôr do sol
Vale reservar, se possível, metade de um dia da estada em Santorini para fazer um passeio de barco. Indicado para quem está com o preparo físico em dia, o tour inclui uma subida íngreme até o antigo vulcão, um mergulho nas águas termais e um almoço na Ilha de Thirassia, uma das partes do vulcão que se desmembrou durante a explosão. Tudo tão bonito e imponente que o passeio deve ter o dedo de Afrodite, a deusa grega da beleza.

Adobe Stock: Por do sol em Santorini – PawelUchorczak
Se nem isso foi capaz de seduzi-lo completamente, espere até contemplar o pôr do sol, uma das armas locais mais fulminantes. O espetáculo faz supor que, na Grécia, a luz tem um quê de mágica pelo poder de mudar e se metamorfosear em todas as cores, numa alquimia fantástica e arrebatadora. Em Santorini, o “feitiço” toma conta do céu, do mar e das encostas forradas de casas brancas.

Adobe Stock: Volcão em Santorini – Artistique7
Assim como se assiste a um Partenon, em Atenas, lentamente mudar de cor, na ilha a transformação novamente merece ser degustada em todos os seus matizes e nuances. E de camarote, já que muitos mirantes, restaurantes, meios de hospedagem e mesmo muretas ficam em pontos privilegiados.
Mas o show do crepúsculo, infelizmente, nem sempre é apreciado como se deve, especialmente na alta temporada. O grande volume de turistas lota os principais mirantes de Fira e Oia, e o intimismo de um momento tão esperado se transforma em uma disputa silenciosa por mais espaço.

Adobe Stock: Por do sol, Frédéric Prochasson
Em Imerovigli, pode-se ter menos concorrência, mas a experiência não chega a ser 100%: culpa de uma ilha no horizonte que impede, daquele ponto, a observação do Sol se pondo diretamente no mar. Começa, então, o debate: qual o melhor lugar para assistir ao pôr do sol? Apesar da aglutinação de gente, Fira e Oia disputam o título de mirante mais bem localizado, e quanto maior a polêmica, mais cheias estarão suas sacadas. Imerovigli tem a vantagem da lotação menor, mas sua vista esbarra, literalmente, numa pedra.

Adobe Stock: Pôr do sol em Santorini – Gatsi
A possível solução pode vir do próprio idioma: por empirismo, do grego empeirikós, que quer dizer “por experiência”. Ou seja, aproveite que o pôr do sol rola todo santo dia e experimente assistir ao cair da tarde em cada
um dos mirantes. É provável até que não se chegue à conclusão alguma, mas terá valido, e muito, assistir a três versões desse indiscutível (e gratuito) espetáculo grego.

Adobe Stock: Santorini -Jenifoto
Atualizada em: 24/01/2025