O incrível Vale dos Vinhedos
Quando estiver planejando sua visita a Gramado e Canela, considere muito explorar o restante da região e conhecer o incrível Vale dos Vinhedos.
Quando os primeiros imigrantes italianos chegaram ao sul do Brasil, há quase 150 anos, logo perceberam que a combinação de clima ameno e relevo montanhoso, semelhante à de algumas cidades de sua terra natal, era perfeita para o cultivo de alguns tipos de uva que rendem bons vinhos.
Não demorou muito para transformarem a região na principal área vinífera do País. Hoje, as mais famosas marcas nacionais de vinhos e espumantes estão ali – casos de Miolo, Casa Valduga, Salton e Chandon, entre tantas outras.
Só o trecho de 82 km² batizado de Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, abriga mais de 30 vinícolas, e boa parte delas abre suas portas aos visitantes, que podem participar da colheita na época da vindima, conferir cada passo do processo de produção e degustar os principais rótulos na companhia de um enólogo.
Fora as grandes caves, há outras menores que se destacam por suas produções pequenas e de alta qualidade, conferindo um caráter ainda mais exclusivo aos seus rótulos. É o caso das marcas Almaúnica, Cave Geisse, Don Laurindo, Marco Luigi, Lidio Carraro, Pizzato e Larentis.
De tão intimistas, algumas chegam a ter visitas personalizadas, como a Torcello, onde o próprio dono ensina a arte de apreciar um bom vinho e sentir a quantidade de tanino presente em cada variedade de tinto. Salut!
Vindima
Entre meados de janeiro e março, diversas propriedades rurais do Vale dos Vinhedos abrem suas portas para que os visitantes possam participar da Vindima (colheita da uva). Os parreirais ficam cheios, perfumados, e uma atmosfera de festa toma conta de vinícolas, hotéis, restaurantes e pontos turísticos.
Em Bento Gonçalves, por exemplo, a programação inclui cursos de degustação de vinhos, visitas a plantações, jantares temáticos, palestras e até pisa da uva, bem à moda antiga. Já o município de Caxias do Sul (localizado 44 km adiante) promove, em anos pares, a famosa Festa Nacional da Uva.
Tour de Maria-fumaça
Todos os dias, durante as altas temporadas de Natal e de inverno, uma velha maria-fumaça apita, sacoleja e proporciona uma divertida viagem no tempo entre as cidades de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa.
O percurso tem pouco mais de 20 km e é feito em cerca de uma hora e meia. Mais do que um passeio nostálgico a bordo de um trem centenário, a viagem é uma algazarra só, com bandas de música dentro dos vagões e gente fantasiada como os colonos de antigamente puxando cantorias e arrancando risadas dos turistas o tempo todo.
Na parada em Garibaldi, os passageiros são convidados a experimentar vinhos, espumantes e suco de uva em um clima de permanente Tarantella. Não há quem não goste, seja pelo passeio, seja pela bagunça contagiante. Para embarcar na velha maria-fumaça, pode-se dirigir até Bento Gonçalves, que fica a 120 km de Gramado.
Tente também organizar uma visita ao Parque Temático Epopeia Italiana, onde os personagens Lázaro e Rosa narram a história da vinda dos primeiros colonos enquanto os turistas caminham por belos cenários, como um navio e uma réplica de um vilarejo italiano do início do século 20.
Outra sugestão é aproveitar para fazer o tour de alguma vinícola na região. O tour passa por salas de fermentação, pela cave de barricas e termina com degustação de espumantes, tintos e brancos produzidos na casa. Na saída, na loja da vinícola, ninguém resiste à tentação de comprar algumas garrafas a preços bem convidativos para levar para casa.
Nova Petrópolis
Nenhuma viagem para a chamada Região das Hortênsias seria completa sem ao menos um dia na mais germânica de suas cidades: Nova Petrópolis, conhecida como o Jardim da Serra Gaúcha. Para imergir no universo da arquitetura enxaimel, das malhas, dos fartos cafés coloniais e dos chucrutes com salsichão regados a canecas e mais canecas de cerveja, vá direto ao parque temático Aldeia do Imigrante, que reproduz uma antiga vila de colonos alemães. Tem igreja, escola, ferraria, lojas, cemitério e um museu com roupas de época, documentos e ferramentas antigas.
Uma jardineira de 1942 parte da frente do parque para um passeio de aproximadamente uma hora pelo centro da cidade, com parada na Praça das Flores para o turista ter a oportunidade de tirar aquela foto clássica no miolo do Labirinto Verde – com sorte, você mata a charada e encontra o caminho para o centro dos arbustos em cinco minutos.
Uma alternativa é fazer o passeio autoguiado por uma região colonizada por alemães. O roteiro contempla cinco propriedades rurais, uma serraria do século 19, uma venda de produtos coloniais e um acervo que conta a história das famílias que povoaram a região.
Quando a fome bater, não faltarão opções de restaurantes típicos alemães, nem de cafés coloniais com mesas fartas, onde garçonetes em trajes germânicos abarrotam a mesa com mais de 20 especialidades, desde o gaúcho matambre enrolado até o saboroso kassler (carne de porco defumada servida com chucrute e purê de batata).
Atualizada em: 26/10/2022