O que fazer em Languedoc Roussillon, dos vinhos às belezas naturais da região – Voupranos

O que fazer em Languedoc Roussillon, dos vinhos às belezas naturais da região

No mapa político do sul da França, Provence-Alpes-Côte d’Azur forma uma região administrativa que se estende até a fronteira com a Itália. Bem ao lado dela, na direção oeste e rumo à divisa com a Espanha, está a bem menos conhecida Languedoc Roussillon, porém repleta de coisas o que fazer.

Nimes

Nimes, pertence à região administrativa de Languedoc Roussillon, mas tem um jeito todo provençal. Situada a cerca de 30 km de Arles, é como sua irmã maior, com cerca de 150 mil habitantes. Conheceu o primeiro auge durante o império romano e, por isso, mantém um coliseu muito bem conservado em pleno centro histórico.

Outro monumento romano que impressiona em Nimes é a Maison Carré, templo construído no 1º século antes de Cristo, que serviu de modelo para muitas construções neoclássicas pela clareza e pela simplicidade de suas linhas.

Na mesma praça da Maison Carré foi construído, em 1993, o Museu Carré d´Art, projetado pelo arquiteto inglês Norman Foster, que mantém exposições temporárias e um rico acervo de arte contemporânea, com obras de artistas de ponta no cenário internacional.

Maison Carree – restored roman temple dedicated to ‘princes of youth’, with richly decorated columns & friezes in Nimes, France

Na parte da tarde, uma caminhada até o Jardin de La Fontaine oferece o complemento perfeito para conhecer as principais atrações da cidade. Construído no século XVIII em torno de uma fonte, que à época do império romano correspondia à região das termas, esse é o primeiro jardim público da França. Mantém os vestígios do Templo de Diana, que data do 2º século antes de Cristo e, para alguns estudiosos, não teria sido um local religioso, mas um prostíbulo.

Depois de uma agradável caminhada nos arredores da fonte, é hora de juntar energias e subir o Monte Cavalier, no interior do parque. No alto, há os vestígios de uma torre que provavelmente data de antes do império romano. A visita à torre oferece uma bela vista sobre os telhados da antiga Nimes e é um convite irresistível a tirar belas fotos do centro histórico.

Montpellier

Distante apenas 50 km de Nimes, rumando para oeste, está Montpellier, a capital de Languedoc Roussillon. Uma vez lá, visite o bairro Odysseum, planejado especialmente como centro de entretenimento, com muitos restaurantes e salas de cinema, além de pista de patinação, boliche e planetário. Uma das atrações mais interessantes da região é o aquário Planet Ocean, um dos mais modernos e amplos da Europa, diversão garantida para adultos e crianças.

Montpellier é uma cidade com grande concentração de jovens e de bares, pois atrai muitos estudantes universitários e conta com grande oferta de cursos de francês para estrangeiros.

A fama de cidade universitária vem desde o século XIII, quando ali foi fundada uma das primeiras faculdades de medicina da França, ainda hoje em atividade. Isso contribuiu para dar à região um caráter progressista, pois a faculdade trouxe para lecionar grandes médicos judeus e árabes que, na maioria das cidades europeias, sofriam de um severo preconceito.

Adobe Stock – Fountain in Antigone district of Montpellier – France

Embora tenha nascido no século X e ainda mantenha muitas ruelas medievais, Montpellier passou por uma profunda transformação durante o século XIX, financiada pelos barões do vinho, principal produto agrícola da região. A reforma transformou o centro da cidade em uma pequena Paris, com direito até a um Arco do Triunfo.

Um ponto central importante de Montpellier, que liga o centro velho ao moderno, lugar de encontro de todas as tribos, é a Place de la Comedie. Ali, os cafés espalham mesas pela rua e recebem muita gente. Outro point de tradicional concentração é a Place Jean Jaurés, que pode ser alcançada pela Rue de La Loge.

Lozère

Depois de conhecer Montpellier, a dica é alugar um carro e rodar 150 km ao norte de Nimes para alcançar o departamento de Lozère, um dos lugares de menor concentração populacional do sul da França, com apenas 75 mil habitantes.

Ali, estão encravados pequenos vilarejos medievais que guardam verdadeiros tesouros da culinária francesa. Não deixe de provar os magníficos queijos roquefort, bleu de Lozère e pelardon, os produtos feitos de carne de porco, chamados genericamente de charcuterie, e a água gaseificada naturalmente da marca Quezac.

Adobe Stock -Village of Florac-Trois-Rivières, Lozère, Massif Central, France

O melhor ponto para se hospedar é a região das Gorges du Tarn, um cânion gigantesco onde corre o cristalino Rio Tarn, que é alimentado por fontes que brotam nas montanhas mais altas circundantes, chamadas de causses.

Acompanhando o curso do rio, diversas cidadelas se estabeleceram nas escarpas rochosas do cânion desde a Idade Média. Merecem atenção especial os vilarejos de Sainte Enimie e La Maléne, a cerca de 20 km de distância um do outro, ligados por uma estrada de paisagem deslumbrante.

Saint Guilhem le Désert

Outra opção de escapada em Languedoc Roussillon é o vilarejo de Saint Guilhem le Désert, distante cerca de 40 km de Montpellier. A história dessa relíquia do período medieval começa com a fundação do Mosteiro de Gellone, no início do século IX.

Conta a história que Guillaume d´Orange – um príncipe guerreiro que ajudou a expulsar os mouros do sul da França e ganhou grande importância política na região –, cansado de guerrear e decidido a retirar-se para uma vida religiosa monástica, construiu o mosteiro em 804.

Adobe Stock – le village de saint guilhem le desert

Quando Guillaume morreu, foi canonizado pela Igreja Católica como Saint Guilhem, versão de seu nome em occitan. Os restos mortais foram recolhidos no mosteiro, que virou local de peregrinação. Trata-se de uma das paradas do caminho que parte de Arles rumo à mítica trilha de Santiago de Compostela, na Espanha.

O vilarejo começou a se estabelecer em torno do mosteiro, que sofreu grande ampliação com a construção de uma abadia no século XIII. A partir da segunda metade do século XX, o legado deixado por Saint Guilhem passou por sucessivas restaurações. O mosteiro de Gellone foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1998.

Publicado em: 30/11/2022
Atualizada em: 01/12/2022
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