O que fazer em Bordeaux, a capital mundial dos vinhos
La Région de Bien Manger et de Bien Vivre ou, em bom português, a região do comer e viver bem. Quando se procura o que fazer em Bordeaux, descobre-se um mundo de possibilidades. Afinal, nesta que é a sexta maior cidade francesa, ainda que a história esteja por toda parte, o vaivém vigoroso de universitários produz nas ruas um sopro constante de jovialidade com traços multiculturais.
Pontilhada com uma combinação adorável de avenidas, ruelas, monumentos e praças seculares, Bordeaux é banhada pelo Rio Garonne e concentra um sem-número de cafés, restaurantes, lojas e galerias de arte. Embora as distâncias não sejam exatamente curtas, os passeios, em boa parte, podem ser feitos a pé ou de bicicleta. Já para os pontos mais afastados, lá estão são os tramways da Citadis, os chamados bondes modernos, deslizando silenciosamente por 43 quilômetros de linhas.
Centro histórico
No centro histórico, classificado em 2007 como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, brilha um tesouro arquitetônico: depois de Paris, Bordeaux é a cidade francesa com o maior número de monumentos preservados – são mais de 347 edifícios listados.
Entre eles, destacam-se a Place de la Bourse, com seus edifícios refletidos em um espelho-d’água, e o Grand-Théâtre, na Place de la Comédie, em frente a um dos hotéis mais sofisticados da cidade, o Grand Hotel de Bordeaux and Spa.
Caminhar e pedalar pelas ruas com fachadas imponentes é poder também contemplar o urbanismo que reflete o triunfo dos ideais dos filósofos do Iluminismo, movimento de intelectuais do século VXIII na Europa, cuja aspiração era fazer das cidades verdadeiras cubas de humanismo, universalidade e cultura. Vale tirar uma tarde para observar, com calma, a história trazida nessas construções, a pé ou de bicicleta.
Compras e gastronomia
É tentador explorar as ruas da cidade tendo ao lado as vitrines coloridas das incontáveis confeitarias, tradicionais e de vanguarda. A Rue Sainte Catherine é um dos maiores bulevares comerciais da Europa, mas as grifes mais badaladas se avizinham na região conhecida como Triângulo Dourado, que compreende a Cours de L’Intendance, a Cours Georges Clemenceau e Allées De Tourny.
Quando o assunto é gastronomia, Bordeaux contabiliza o maior número de restaurantes per capita da França. Brasseries, cafés, bistrôs, pâtisseries e butiques de queijo se espalham por toda a cidade e, se os vinhos ancoram o prestígio da região, a gastronomia local oferece ícones internacionais do sabor.
O resultado só poderia ser uma harmonia singular. Entre as especialidades, brilham o foie gras de Landes, o entrecôte à la bordelaise, o confit de ganso com cogumelos, o gratin de peras em Sauternes e os tradicionais canelés, bolinhos com massa úmida à base de gemas, manteiga e leite, com calda caramelizada e aroma de baunilha e rum.
A tradição desses bolinhos está intimamente ligada à história do vinho em Bordeaux. A bebida era filtrada no barril com claras em neve, um procedimento dispendioso usado por antigos produtores locais. As gemas eram doadas a irmãs de caridade, que criaram a receita para reaproveitá-las.
Já o nome canelés se deve ao recipiente de cobre canelado onde é assado. Os bolinhos, que são caramelizados e durinhos por fora e macios e cremosos por dentro, podem ser encontrados à venda em diversas lojas espalhadas pela cidade.
Vinícolas
A partir do centro de Bordeaux, basta rodar por cerca de meia hora de carro para chegar às desejadas vinícolas da região, de onde saem muitos dos vinhos mais caros e célebres do planeta. Château Lafite, Pétrus, Cheval
Blanc, Mouton-Rothschild, Yquem… Por ano, 650 milhões de litros são extraídos a partir dos quase 120 mil hectares ocupados pelos vinhedos locais. Traduzindo, 850 milhões de garrafas.
A produção se concentra em torno de três rios: o Dordogne e o Garonne, que se unem e formam o Gironde. Assim, Bordeaux está dividida em três partes: Margens Esquerda e Direita do Gironde, e Entre-Deux-Mers (entre dois mares), que vem a ser o trecho entre os rios Dordogne e Garonne.
Nessas áreas, existem aproximadamente 60 microrregiões, como Médoc Graves, Pomerol, Saint-Émilion, entre várias outras, que originam vinhos com características diversas. Além dos tintos, considerados as estrelas locais, também são produzidos ótimos brancos, rosés, espumantes e licorosos.
Quem já esteve na outra grande região produtora francesa, a Borgonha, percebe rapidamente uma diferença: os vinhedos bordaleses são vastos e se estendem, normalmente, em torno de grandes – quando não míticos – castelos, os châteaux.
Outra diferença é que os vinhos locais são compostos de mais de uma variedade de uva, como se cada uma atribuísse características próprias à combinação. Entre os tintos, merlot e cabernet sauvignon são os destaques. Quando o assunto são os vinhos brancos, por sua vez, despontam sémillon e sauvignon blanc.
Um caso especialíssimo em Bordeaux é a região de Sauternes, conhecida por produzir vinhos de sobremesa excepcionais, como o famoso Château d’Yquem, com garrafas valendo milhares de dólares. Não deixe de passar por lá e, se puder, tomar uma taça.
Saint-Émilion
O vilarejo de Saint-Émilion, situado a 40 quilômetros do centro de Bordeaux, é um dos destinos mais visitados da região, com ruelas de pedra, atmosfera medieval, lojinhas com vinhos para todos os gostos e acessórios ligados à bebida.
Por toda parte, há vitrines com os “verdadeiros macarons”, típicos da cidade, preparados a partir da receita original, de 1620. A versão local é bem diferente da parisiense, que se popularizou mundo afora, com dois discos coloridos unidos por recheio. Aqui, esses doces têm sempre tom pálido, não têm recheio e apresentam textura macia, com sabor acentuado de amêndoas.
Nas proximidades concentram-se cerca de 920 vinícolas e é bom reservar uma tarde para visitar algumas delas.
Atualizada em: 30/11/2022