Fábrica da Jack Daniel, no Tennessee, é aberta a visitas
Quem vai a Nashville, a famosa cidade da música do Tennessee, pode reservar um dia para conhecer a fábrica da Jack Daniel, que fica nos seus arredores. Para isso, é preciso rodar uma hora e meia de carro rumo ao sul até alcançar a singela Lynchburg, uma cidade com cerca de 6 mil habitantes, que certamente passaria despercebida pelos turistas se não fosse pelo fato de que ali que fica a Jack Daniel Distillery, produtora do uísque mais famoso dos Estados Unidos.
Logo no hall de entrada, dá para conhecer um pouco da história da destilaria e do processo de fabricação da bebida. É possível reservar diferentes tipos de tours, de acordo com seus interesses. Há um que inclui degustação de cinco tipos de uísque, um no qual é possível provar cinco rótulos selecionados e até mesmo um seco, para quem está dirigindo, por exemplo.
A diferença entre os passeios dá-se apenas quando as doses são servidas, no final, já que, até então, todos seguem o mesmo roteiro. Por isso, mesmo quem, não bebe acaba se divertindo por lá.
Tour na fábrica da Jack Daniel
Tudo começa em um ônibus, no qual o guia se apresenta. Com tiradas divertidas, os guias conduzem a todos pelo processo de produção do uísque, que passa pela defumação lenta em carvão (o que o torna diferente do bourbon), a fermentação, a destilação e o envelhecimento em barril, entre outros detalhes.
Há uma parada na fonte natural inesgotável de água que Jack Daniel, nascido em Lynchburg, encontrou por lá, usada até hoje na suavização da bebida. Sentado próximo ao guia, em uma espécie de gruta, é muito bacana ouvir o som do riacho enquanto outros visitantes faziam perguntas ao guia.
Estátua de Jack Daniel
Logo à frente, há uma estátua de Jack, um baixinho bigodudo e mulherengo incorrigível. Durante o tour, dá para entrar também em sua antiga casa, nas dependências da destilaria. Lá dentro, o guia apresenta um cofre e conta uma curiosidade mórbida.
Um belo dia, Jack se viu irritado com alguma bobagem e, talvez com uns uísques (ou seriam moonshines?) na cabeça, deu um pontapé raivoso na caixa forte. Ganhou uma bela infecção no dedão do pé. Vaidoso, não contou para ninguém no início, mas a gangrena se agravou, subindo para os pés e as pernas. Após sucessivas amputações, o fundador do uísque mais famoso dos Estados Unidos veio a falecer.
Degustação
A história é triste, mas o tour segue em alta até a degustação final, para quem a adquiriu. realizada em uma linda sala envidraçada, cercada de barris. O pacote mais caro inclui seletos lotes Single Barrels, com destaque para um uísque batizado de Sinatra, chancelado pelo próprio Frank, é claro.
Condado seco
Para quem gosta, é bom aproveitar para beber dentro da fábrica, pois, acredite se quiser, Lynchburg, a terra do Jack Daniel, fica em uma região onde, até hoje, é proibido vender bebidas alcoólicas – desde o fim da Lei Seca, a decisão pela liberação ou não da comercialização de bebidas cabe a cada condado americano.
Apenas a destilaria tem permissão para oferecer a degustação e comercializar algumas garrafas, mesmo assim de rótulos comemorativos.
Alguns dizem que isso decorre do fato de a região ser pequena e não ter médicos ou estabelecimentos suficientes para atender e receber a horda de bebedores de uísque que chega por lá todos os dias. Outros acreditam que é puro marketing, já que a Jack Daniel ficar em uma cidade na qual a Proibição ainda impera é algo que rende muitas histórias.
Memphis
Outro passeio que vale fazer a partir de Nashville é Memphis, que também fica no Tennessee, a três horas de carro. A maioria dos turistas por lá é também norte-americana e, assim, o interessante na cidade é passear pelos bares com música ao vivo e observar o público, o jeito como escutam e dançam blues, a forma como interagem com os artistas, a maneira como se vestem e o sotaque.
À noite, a balada se fixa na Beale Street, sequência de bares com música ao vivo, restaurantes e lojas. Ali se pratica um dos “esportes” favoritos do local: o barhopping, que se resume a vagar de bar em bar para conhecê-los (e beber, é claro).
Para o dia, um programa incomum: da área central, pode-se ir caminhando, por cerca de 20 minutos, até o Hotel Lorraine, aquele onde foi assassinado, em 1968, o pastor protestante e líder negro Martin Luther King Jr.
O lugar foi transformado no National Civil Rights Museum, que tem como ponto de partida a história do assassinato do religioso e ativista político, mas também trata da luta pelos direitos dos negros, de nativos, de outros povos e das grandes culturas de imigrantes.
A visita começa com um filme que se passa nas redondezas do hotel e, por isso, a sugestão da caminhada ao museu para ir identificando os locais. Outra razão é que os minutos que separam o eterno burburinho de festa da Beale Street e o trajeto a pé observando as ruas, os prédios e o cotidiano dessa área, bem mais pobre que o centro, afastam o visitante um pouco do espetáculo turístico e o coloca em contato maior com o lugar, chegando ao museu pronto para a experiência proposta.
Atualizada em: 07/06/2023