Eclética, Porto Seguro oferece atrações para todos os públicos
Quando Pedro Álvares Cabral vislumbrou o cume do Monte Pascoal, na região de Porto Seguro, sacramentando o Descobrimento do Brasil, ele provavelmente não imaginava que, cinco séculos mais tarde, o lugar se tornaria um point com atrações para todas as tribos. Também não poderia supor que ao menos um trecho daquelas belezas naturais se manteria quase intocado, pronto para ser redescoberto a cada dia pelos milhares de viajantes que visitam, todas as semanas, o berço do Brasil, atraídos por praias de águas mornas, festas sem hora para acabar e hotéis para todos os bolos.
Meca de famílias, casais e formandos em busca de agito, o município, que engloba as vilas de Trancoso, Arraial d’Ajuda e Caraíva, tem o clima festivo típico de um bom destino baiano. Tanto que uma simples barraca de
praia pode se transformar em uma grande balada assim que o sol se manda.
Para que os boêmios de plantão possam aproveitar um pouco de tudo após aquele drinque na Passarela do Descobrimento – não à toa, conhecida como Passarela do Álcool –, as baladas bombam cada noite em um lugar diferente. Os ritmos também variam: vão do sertanejo ao zouk e do forró ao eletrônico, com destaque para o eterno axé music e seus dançarinos, que nunca se cansam de ensinar e criar coreografias.
Centro Histórico
Independentemente da farra na noite anterior, vale a pena reunir forças para visitar o Centro Histórico de Porto Seguro. O caminho, pelo menos, é simples: basta subir de carro a BR-367, passar por uma rotatória com a estátua de Cabral e virar à direita quando avistar uma placa indicando Cidade Alta.
Primeiro núcleo habitacional do Brasil, a vila faz o pensamento retroceder aos tempos do Descobrimento diante de monumentos, como o Marco Padrão de Posse (datado de 1503), as ruínas da primeira escola de jesuítas (1551) e as igrejas de São Benedito (1551), Nossa Senhora da Penha (1535) e da Misericórdia (1526), onde funciona o Museu de Arte Sacra.
Há ainda a Casa de Câmera e Cadeia, de 1772, que abriga o Museu de Porto Seguro, com objetos indígenas e documentos da época de Cabral. Não à toa, o conjunto foi tombado como patrimônio da humanidade pela Unesco. Se estiver com crianças, siga de lá para o Memorial da Epopeia do Descobrimento. O acervo inclui reproduções de azulejos, quadros e documentos históricos, bem como uma réplica da Nau Capitânia, que integrava a esquadra de Cabral.
Povos indígenas e praias
O roteiro histórico por Porto Seguro pode incluir ainda uma visita à reserva indígena da Jaqueira, que abriga cerca de 30 famílias da etnia pataxó. Agora, se a sua praia é outra, o melhor a fazer é esticar até Taperapuan para aproveitar a animação das megabarracas à beira-mar. Os mais esportistas ainda podem disputar uma “pelada” na areia (que em Porto Seguro atende pelo nome de “baba”), jogar vôlei de praia e frescobol.
Quem prefere dar um tempo no axé, por sua vez, deve seguir para a Praia do Mutá. Lá, a grande atração são os esportes náuticos, como windsurfe, kitesurfe e stand up paddle. Para quem não se importa em acordar cedo, vale a pena também fazer o passeio de escuna pelo Parque Marinho do Recife de Fora, geralmente realizado em semanas de lua cheia ou nova. Quando a maré está baixa, formam-se piscinas naturais e um banco de areia bem no meio do mar.
Arraial D‘Ajuda
Assim como as pessoas, lugares também mudam com o tempo, e até amadurecem. Arraial D‘Ajuda, outra “descoberta” de Porto Seguro, é um caso assim. A praia, que até alguns anos atraía multidões de jovens para as raves que agitavam a alta temporada de verão, está muito (mas muito) diferente. Acabaram-se as baladas na praia e os megashows com Ivete Sangalo e Asa de Águia.
O público da vila agora é formado majoritariamente por casais e famílias mais interessadas em relaxar do que farrear. Uma coisa, porém, não mudou em Arraial D’Ajuda: a beleza de suas praias. A mais bonita entre elas é a da Pitinga, menos urbana que a vizinhas Mucugê e Parracho.
Pitinga marca o início de belíssimo trecho de falésias avermelhadas e nela estão as mais gostosas barracas para aproveitar o dia entre petiscos e banho de mar. Quem gosta de caminhar pode seguir até a Praia do Taípe, que é ainda mais vazia e sossegada, no caminho para a vizinha Trancoso. Andar ali é um remédio para qualquer estresse.
Trancoso
É no distrito de Trancoso que se concentram os viajantes moderninhos e os points que, vira e mexe, recebem celebridades! Quem circula por suas lojas de grife, barzinhos descolados e hotéis de luxo dificilmente imagina que, há cerca de 30 anos, esse mesmo trecho do litoral baiano servia de refúgio alternativo para levas de hippies e mochileiros em clima paz e amor. Hoje, tudo mudou por lá. Surgiram condomínios chiques, restaurantes de altíssimo padrão e uma dúzia de hospedagens luxuosas em meio a praias anteriormente isoladas, como Coqueiros, dos Nativos e do Rio Verde.
Mas muitos lugares mantiveram o seu charme, como o Quadrado. Antes que o sol se ponha, corra para lá e confira toda a magia que emana desse pedacinho de terra, repleto de lojas de grife, artesanato e artigos de decoração e restaurantes badalados, que ficam ainda mais charmosos à noite, sob a luz de velas e o branco da Igreja de São João Batista ao fundo.
Praia do Espelho
Um pouco mais ao sul de Trancoso está a Praia do Espelho, uma das mais lindas do Brasil. Se você não estiver de carro, vale contratar o serviço de um jipe ou barco para ir até lá e, de quebra, conhecer as vizinhas Caraíva e Curuípe.
A primeira, incrustada entre o rio de mesmo nome e uma reserva pataxó, atrai aventureiros pela beleza de sua orla e pelo clima primitivo, onde energia elétrica e sinal de telefone ainda dependem da sorte. O programa lá é tomar banho de sol, de mar e de rio durante o dia e cair no forró à noite.
Também dá para seguir de barco até a igualmente sossegada Ponta do Corumbau ou navegar rio adentro para descer a correnteza, rumo ao mar, em cima de boias feitas com câmaras de pneu. O destino mais cobiçado, porém, é a Praia do Espelho, que pode ser visitada em uma mesma tacada com Curuípe. Encravada no meio do caminho entre Trancoso e Caraíva, Espelho é abençoada por falésias cobertas pela mata nativa, que abraçam o mar e criam mirantes perfeitos, enquanto os arrecifes, na maré baixa, formam piscinas naturais.
Atualizada em: 11/12/2024