Desvende os encantos de Myanmar, no sudoeste Asiático

Adobe Stock: Mrauk-u, Myanmar – Saravut
Myanmar é um país que divide fronteiras com China, Laos, Tailândia e Bangladesh, que se abriu a visitantes apenas em 2011, depois de 49 anos de ditadura. Os anos pesados são um passado distante, mas ainda hoje ocidentais ali são atrações turísticas.
Ali, quase ninguém conhece a cultura ocidental. Todos, homens e mulheres, não usam calça, e sim longyi, um tecido que, amarrado à cintura, se transforma em saia. Bebês, mulheres e homens, por sua vez, têm o rosto pintado com o amarelo da thanaka, planta que serve para a proteção contra o sol mas também para a beleza: carregam nas bochechas desenhos de flores e plantas para enfeitarem-se, feito a nossa maquiagem por aqui.

Adobe Stock: Criança, Myanmar – Sabine Leikep
De quebra, homens mascam a noz de betel, deixando os lábios e dentes vermelhos, como se tivessem bebido goles generosos de vinho. E o vermelho, por sinal, é a cor que mais representa o país: as túnicas avermelhadas dos monges são figurino tão comum quanto as calças jeans deste lado do mundo. Por ser um recente conhecido, Myanmar efetivamente não é país para viajantes iniciantes. Mas há maneiras bem confortáveis de circular por lá, inclusive a bordo de navios fluviais.
Fora do barco, ao longo do Rio Ayeyarwady, a vida segue como no século passado. Pescadores cruzam as águas em canoas carregando suas típicas redes cônicas, enquanto nas beiradas há quem busque ouro, há quem lave roupas.
Nas margens, uma série de estupas reluzentes se revelam a quem está na cabine, no restaurante ou na piscina do navio. Já a cada desembarque, descobrem-se os templos de madeira talhada ou os dourados do século 14, às vezes em charrete, às vezes em bicicleta e às vezes caminhando.

Adobe Stock: Lago Inle, Myanmar – R.M. Nunes
Yangon
O acesso a Myanmar se dá por Yangon, a cidade mais movimentada do país e aonde chegam os voos internacionais. Ela é uma pitoresca mescla do caos urbano, dominado pelas calçadas esburacadas e pelos vendedores de comida nas ruas, com uma religiosidade sem igual.
A espiritualidade emana principalmente da fenomenal Shwedagon Pagoda, o maior templo budista do mundo, onde impera uma estupa com 98 metros de altura toda coberta de ouro. E há ainda outros palácios lindos por lá, como o Karaweik, que se espelha nas águas do Lago Kandawgyi. De Yangon, vale a pena pegar um voo para Mandalay. É lá que fica a Sagaing Hill, uma montanha inteira dedicada apenas a construções religiosas – no caso, templos, santuários, mosteiros e os hospitais erguidos com o apoio dos monges.

Adobe Stock: Shwedagon Pagoda, Yangon – F11photo
O visual do alto é espetacular, especialmente do Soon U Ponya Shin, um dos templos mais antigos do país, construído há mais de 700 anos, em 1312. Tire os sapatos e caminhe. É bem provável que você estará andando junto a dezenas de monges que vão ali rezar ou se inspirar contemplando o visual.
Mandalay foi a antiga capital do país e é endereço do Palácio Real (tão grande a ponto de ter 12 entradas) e do monastério Shwenandaw, inteiro de madeira talhada, adornado com figuras de Buda nas portas, janelas e tetos. Dos 114 palácios que havia como esse na região, ele é o único remanescente, mas é tão belo que vale por todos.
É em Mandalay também que fica um dos pontos mais fotografados de Myanmar: a maior ponte de madeira do mundo, a U Bein. Todo fim de tarde, centenas de pessoas atravessam seus 1.200 metros para ver o espetáculo do por do sol pairando sobre o lago.

Adobe Stock: Ponte U Bein, Myanmar – Thirawatana

Adobe Stock: Ponte U Bein, Myanmar – Kenan
Ava
Vale a pena ainda conhecer Ava, mais uma das antigas capitais imperiais de Myanmar. Em charrete ou em bicicleta, você passa por campos de arroz e plantações de banana até dar de cara com templos perdidos, meio escondidos nessa natureza toda. Em um mosteiro de madeira talhada feito em 1834, dá para observar monges estudando os escritos do budismo. Já no mosteiro de pedra Me Nu Oak, crianças com as bochechas amarelas de thanaka costumam ocupar o monumento brincando pelas escadarias do século 19.

Adobe Stock: Templo Maha Aungmye Bonzan, Ava, Myanmar – Homocosmicos

Adobe Stock: Daw Gyan Pagoda, Ava, Myanmar
Bagan
Entretanto, é Bagan a cidade que provoca mais ansiedade entre os viajantes que seguem para Myanmar. O lugar onde três mil estupas brilham entre as árvores é a joia do país. A riqueza veio essencialmente no século 9º, quando, dominada pelo imperador Gengis Khan, a região serviu de rota comercial para a China e, por conta das taxas a serem pagas, tornou-se abonada.
O mais importante monumento arqueológico da cidade é o templo Ananda, onde se pisa em um chão construído há mais de mil anos. Birmaneses chegam de longe, caminhando até 55 km, apenas para venerar a escultura de Buda feita em um único e imenso tronco de árvore original do século 11. É impressionante.
Quando as luzes do dia começam a esmaecer, é hora de seguir para a Shwesandaw Pagoda, onde, enfim, brotam centenas de viajantes para disputar nos degraus da ruína o visual mais famoso de Bagan: o por do sol ao fundo dos inúmeros templos.

Adobe Stock: Bagan, Myanmar – Seqoya

Adobe Stock: Templo em Bagan, Myanmar – Danhvc
Atualizada em: 28/09/2023