Descubra a Ilha Grande, o segredo mais bem guardado do Brasil

Adobe Stock: A grande ilha tropical Ilha Grande -Arkadijschell
A Ilha Grande já teve fama de maldita e foi reduto de índios canibais, piratas, traficantes de escravos e presidiários. Com isso, manteve intactas algumas das praias e atrações mais exuberantes da região litorânea de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. E o melhor de tudo é que muita gente ainda não a descobriu.
Por uma ironia do destino, o Caldeirão do Diabo, apelido pouco simpático dado ao presídio Cândido Mendes, que funcionava na região até 1994, acabou sendo a salvação da Ilha Grande ao evitar que tudo aquilo se transformasse num grande condomínio de luxo, a exemplo de outras ilhas particulares da baía de Angra dos Reis.

Adobe Stock: Ilha Grande, RJ – Donatas Dabravolskas
O passado sombrio fez com que o destino chegasse ao século 21 quase tão primitivo quanto era há mais de 500 anos. Boa parte da Ilha Grande ainda está recoberta por um exuberante lençol verde, hoje protegida por reservas ambientais e por onde se descortinam nada menos do que 106 praias. Entre elas se destacam Lopes Mendes, Cachadaço, Aventureiro e Parnaióca. Confira o que fazer em cada uma delas

Adobe Stock: Ilha Grande, RJ – Jantima
Lopes Mendes
Com o título de praia mais bela de Ilha Grande – o que não é pouco –, Lopes Mendes tem uma faixa de 3 km de areias brancas e fofas, sem nada ao redor, a não ser a vegetação nativa. No canto direito, o mar apresenta ondas fortes. Fique esperto na hora de banhar-se, pois existem valas e correnteza. Informe-se com os vendedores de bebidas quais os pontos mais seguros para cair na água.
Para quem curte um mais calmo, estilo piscininha, a dica é ir para o outro lado da praia, que serve de ancoradouro para as lanchas, o meio de transporte mais usado na ilha. Este é o melhor trecho da faixa de areia para quem viaja com a família e está a fim de descansar no colo de um dos lugares mais lindos do mundo.

Adobe Stock: Rio de Janeiro – Peter
Tão lindo que, desde a colonização do Brasil, já era ocupado por índios. À época, a praia era formada por um grande manguezal, que fornecia muito alimento. Por isso, é comum encontrar vestígios da antiga civilização que lá viveu em diversos pontos da região, hoje transformada em parque. O mangue secou com o plantio de eucaliptos durante a época em que a ilha abrigava o presídio.

Adobe Stock: Lopes Mendes, Rio de Janeiro – Aleksandar Todorovic
Lopez Mendes é uma praia tão especial que até o caminho que leva a ela é inesquecível. A trilha parte da Vila do Abraão, a “capital” informal da ilha, e consome duas horas de andança, só na ida. É bem mais fácil ir de escuna, mas os dois mirantes e as duas praias do caminho, Pouso e Palmas, valem cada gota de suor. Lá do alto, todo mundo conclui sem dificuldade que, de amaldiçoada, a Ilha Grande não tem mais nada.

Adobe Stock: Praia do Aventureiro – Rudiernst
Cachadaço
Pequenina no tamanho, mas de uma beleza que não se mede, a Praia do Caxadaço tem apenas 15 metros e não pode ser vista do mar por quem faz passeios de escuna, pois um costão de pedras encarrega-se de mantê-la eternamente escondida. Por conta dessa geografia, o local teve um passado criminoso.

Adobe Stock: Ilha de Cataquases – Wtondossantos
No século 18, foi abrigo de piratas que pilhavam os navios carregados de ouro no trajeto entre Paraty (RJ) à Europa. Depois, serviu aos contrabandistas de escravos: os negros eram desembarcados ali e levados até a vila de Dois Rios para serem vendidos aos fazendeiros de cana-de- açúcar e café. Hoje, é um refúgio de pura liberdade.
O mar é calmo e mistura todos os tons de verde, mas é a transparência que chama a atenção. Mesmo com a água pelo pescoço, é possível observar os dedos dos pés lá no fundo, como se estivesse em uma piscina. Aqui e ali, colônias de corais e águas marinhas e cardumes de peixes podem ser vistos bem de pertinho. Por isso, máscara e snorkel são equipamentos essenciais para quem visita o lugar.

Adobe Stock: Ilha de Cataquases – Wtondossantos
Aventureiro
Esta praia encravada no litoral voltado para o mar aberto se transformou no principal cartão-postal da Ilha Grande. Tudo por causa de um exótico coqueiro que cresceu deitado, debruçado sobre umas pedras no cantinho da praia, onde uma piscina natural se forma na maré alta.

Adobe Stock: Ilha Grande, Rio de Janeiro – Peter
A faixa de areia tem cerca de 600 metros de extensão, mas não é deserta. Lá, existe uma pequena comunidade caiçara que vive da pesca. Quem atravessa o costão de pedras do canto esquerdo alcança as duas praias mais intocadas da ilha, a do Leste e, logo depois, a do Sul. O acesso a elas, porém, é proibido, já que ambas ficam dentro de uma reserva biológica.

Adobe Stock: Praia do Aventureiro – Nehuen
Parnaióca
Embora esteja de frente para o mar aberto, a Parnaióca tem águas calmas, já que fica dentro de uma baía. No canto direito, um riozinho deságua no mar, formando, a poucos metros da areia, uma lagoa deliciosa para nadar.

Adobe Stock: Ilha Grande – Minhoca Films
Existem ainda uma cachoeira e algumas casas de veraneio na praia. Na década de 1970, a região abrigou o maior povoado da ilha, com quase mil pessoas que viviam da agricultura e pesca comercial de sardinha. Das antigas construções restaram apenas ruínas, uma antiga igrejinha e um pequeno cemitério.

Adobe Stock: Ilha Grande – Rafael Taqueda
Atualizada em: 29/01/2025