Cracóvia surpreende viajante com lindas paisagens – Voupranos

Cracóvia surpreende viajante com lindas paisagens

Adobe Stock: Vista antiga do centro da cidade em Cracóvia – Rh2010

A cidade motivo de orgulho para os poloneses e com mais atrações turísticas não é Varsóvia, a capital mas a Cracóvia, onde João Paulo II começou o sacerdócio. Linda, ela é atravessada por um rio, o Vístula, que se esparrama sob um castelo. A Cracóvia é tão charmosa que foi poupada da destruição pelos nazistas na Segunda Guerra, diferentemente de Varsóvia, que foi devastada. A capital polonesa hoje tem edifícios modernos, o Castelo Real e um centro histórico que vale a pena visitar, todo reconstruído e com uma imensa praça cercada de restaurantes.

Todas as ruazinhas, cheias de lojas de roupas e de suvenires, com muitos pubs e bares, levam ao pedaço principal da cidade: a Praça do Mercado, no centro histórico, chamado de Stare Miasto. Com 40 mil m2, ela é a maior praça medieval da Europa e, quadrada, concentra em cada canto uma atração. O burburinho dos visitantes, rodando para lá e para cá – e conversando nos bares da praça com copos da cerveja típica polonesa Zyrtec ou da vodca Zubrówka na mão – só é interrompido com a melodia do trompetista que toca nas horas cheias do alto da Igreja Gótica Santa Maria, também na praça.

Adobe Stock: Basílica de Santa Maria, Cracóvia – Pab_map

Adobe Stock: Fonte de Netuno em Gdansk, Polônia – Tomasz Warszewski

O som é tradição desde o século 13, quando um guarda trompetista que vigiava a cidade soprou o instrumento para avisar o povo da invasão dos tártaros. No entanto, mesmo assim, ele foi atingido por uma flecha e, por isso, a melodia que embala Cracóvia a cada hora é interrompida subitamente como forma de homenagear o guardião.
A Santa Maria, de onde se ouve a música, é daquelas igrejas em que todos que entram soltam “ós” e “uaus”, boquiabertos. Na igreja feita para o povo, o melhor jeito de apreciá-la é fazer como os mais pobres, que deveriam ficar afastados do altar. Só assim para enxergar a imensidão de vitrais que a decoram de cima a baixo.

Em frente a ela, no meio da praça, estão uma torre medieval com um imenso relógio – simplesmente a antiga prefeitura – e o mercado, que dá nome à região. Como nos séculos passados, quando lá eram vendidos sal e âmbar, encontram-se hoje os mais variados colares e brincos de âmbar, além de miniaturas e colares de madeira, jogos de xadrez ornamentados e artigos com pele. Explore o centro histórico todo batendo muita perna. Ele é pequeno e reserva algumas surpresas, como a Universidade Jagiellonski, a quinta mais antiga da Europa, construída em 1364, cerca de cem anos antes do descobrimento da América por Colombo.

Adobe Stock: Praça do Mercado, Stare Miasto, centro de Varsóvia, Polônia – Bortnikau

Adobe Stock: Universidade Jaguelônica, a segunda universidade mais antiga da Europa – Radek

Fortaleza Wawel

Saindo de lá, não deixe de reservar um bom tempo para a Fortaleza Wawel, a principal atração da cidade. Como muitos dos castelos no Leste Europeu, é um complexo que reúne o palácio real, a catedral e um museu. O palácio foi residência dos reis poloneses desde o ano 1000 e exibe uma bela coleção de tapeçarias nos gabinetes reais. Grande parte dos objetos do castelo não é original da monarquia polonesa, já que na trágica história do país, muito foi roubado pelos austríacos.

A catedral, esta dedicada aos monarcas e cardeais, é outro ponto alto da cidade, com tapetes, vitrais e quadros do século 16. Rodar pela fortaleza é um passeio pela história da Polônia, do cristianismo e da arte, com várias tumbas de reis e santos, além de decoração de vários estilos e períodos. Foi lá que, em 1947, o então padre Karol Wojtyla celebrou sua primeira missa, antes de tornar-se cardeal de Cracóvia e papa.

Adobe Stock: Catedral de Wawel, Polônia – Sergii Figurnyi

Adobe Stock: Castelo Real Wawel, Cracóvia, Polônia – MNStudio

João Paulo II

Karol Wojtyla é um símbolo na Polônia e amado pelos poloneses, não só por ter sido papa, mas por representar a luta contra o comunismo. Foi escolhido papa em 1978, em pleno regime da Cortina de Ferro, quando era proibido o exercício da religião no país. Os poloneses o viam como um protetor externo e como alguém que nunca os abandonaria. Por isso, a imagem de Wojtyla é lembrada e venerada emtoda a Polônia, mas em Cracóvia ela ganha outra dimensão, seja em lembrancinhas vendidas na cidade, nas estátuas de homenagem a ele ou nas fotos em igrejas.

Quem quer ir mais fundo na história do papa deve visitar Wadowice, a 60 km de Cracóvia, cidade onde ele nasceu e viveu até os 16 anos. Lá, dá para conhecer a igreja onde ele foi batizado e um museu com pertences de sua vida, como documentos escolares, roupas que usava antes de ser papa, um par de esquis e fotos em momentos espontâneos, como o jovem Karol Wojtyla de bermuda em um barco.

Adobe Stock: Estátua de bronze do Papa João Paulo II na Polônia – PiotrKaluza

Adobe Stock: Igreja de Todos os Santos em Siemon – Rparys

Auschwitz

Se Karol Wojtyla é motivo de visitas e adoração na Polônia, a destruição da comunidade judaica no país pelas forças nazistas hoje é atração turística. O distrito Kazimierz, habitado pelos judeus desde o século 14, é uma delas. Locação de A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, o bairro já foi um efervescente centro de cultura judaica. Está lá a fábrica do empresário Oskar Schindler, que salvou 1.200 judeus dos campos de concentração, hoje um completo museu.

Para completar a incursão pela história judaica, há ainda os tours para os campos de concentração Auschwitz-Birkenau, a cerca de 60 km de Cracóvia. O primeiro campo do complexo, Auschwitz I, aquele com a famosa placa Arbeit macht frei (“O trabalho liberta”) e prédios de tijolos, é onde ficavam os prisioneiros polononeses, soviéticos e os oficiais. Birkenau, 3 km adiante, chamado de Auschwitz II, era o imenso campo de xtermínio, com os galpões onde ocorriam as etapas da matança em série. O passeio pesado toca cada um a sua maneira ao exibir provas do massacre de judeus na Segunda Guerra Mundial.

Adobe Stock: Campo de Auschwitz, antigo campo de extermínio nazista em Oswiecim – Levgen Skrypko

Cenário de sal

As cidades do leste têm paisagens muito parecidas entre si, com o rio, o castelo e as vielinhas. Mas antes de você achar que já viu tudo, Wieliczka, a 14 quilômetros de Cracóvia, apresenta um cenário muito diferente: uma mina de sal do século 13, com salões e corredores cheios de esculturas de sal feitas pelos mineiros. Estão lá desde figuras religiosas e reis até estátuas de seres fantásticos, como gnomos. Por isso, não é à toa que o lugar está na lista de Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Adobe Stock: Vista da Mina de Sal de Wieliczka, Polônia – Andrey Shevchenko

Publicado em: 03/04/2024
Atualizada em: 03/04/2024
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