Conheça Gstaad, o refpugio das celebridades na Suiça
À primeira vista, Gstaad é mais um daqueles vilarejos suíços típicos de embalagens de chocolate, com atrações como vaquinhas pastando em colinas verdejantes durante o verão e picos de neve eterna adornando o horizonte. Embora conte com uma invejável estrutura de hotéis e restaurantes tão sofisticados quanto um relógio Patek Philippe, pouca gente ouve falar deste charmoso refúgio no cantão de Berna, encravado a pouco mais de mil metros do nível do mar.
Isso porque discrição é palavra de ordem na pequena cidade, de apenas 7 mil habitantes (e outro tanto igual de vacas). E é o que faz celebridades do quilate de Madonna, Leonardo DiCaprio e Beyoncé se sentirem mais à vontade para curtir o inverno ali do que em outras estações de esqui badaladas, como Zermatt e St. Moritz, onde o assédio certamente os importunaria. “Nesses lugares, ele se interessam mais pelo meu carro do que por mim”, exclamou em 1983 o mais icônico intérprete de James Bond, Roger Moore.
Não à toa, Gstaad já foi definida como “oásis da tranquilidade” por Paris Hilton, “lugar mais bonito do mundo” segundo o ator Richard Burton e “amor à primeira vista” nas palavras do filantropo Ernesto Bertarelli. Seja lá qual for o título, as palavras são mesmo anãs para expressar tamanha perfeição e requinte. Tudo sem ostentação, como pede a boa etiqueta dos que zelam pela privacidade.
Flanier Street
Nos últimos anos, Gstaad desenvolveu-se de tal forma que a Flanier Street, a menor rua de compras da Suíça, tornou-se também a mais famosa. Grifes de moda como Chanel, Hermès, Louis Vuitton, Moncler, Ralph Lauren e
Dolce & Gabbana disputam a atenção com as cobiçadas joalherias e lojas especializadas em relógios suíços, a exemplo das concorrentes Breguet, Chopard e Hublot.
Nenhuma fachada atrai mais cliques e selfies, no entanto, do que a do singelo hotel e restaurante Olden, de 1899. O motivo não está nas fofas janelas floridas nem no tempero de sua comida, mas no fato de ser um dos locais mais frequentados por Elizabeth Taylor e Richard Burton quando passavam suas longas temporadas na cidade.
Dizem as boas línguas que o casal dividia a mesa com agricultores sem fazer cerimônia, batia papo com todo mundo e marcava tanta presença por lá que a proprietária à época, Hedi Donizetti Mullener, lhes concedeu um status especial: mandou fazer canecas com os nomes dos atores gravados para uso exclusivo dos seus mais ilustres habitués. “Em Gstaad a gente se sente bem: trabalha, lê, joga. Não importa onde estamos, apenas aqui nos sentimos em casa”, declarou Burton nos idos da década de 1970.
Menos é mais
Tão onipresente quanto as celebrities, só mesmo o belíssimo cenário dos Alpes, que faz qualquer foto parecer descanso de tela e transforma atividades simples, como um passeio de bicicleta ou uma fondue ao ar livre, em experiências inesquecíveis para se fazer durante o verão. Além de passeios a cavalo, a região de Gstaad-Saanenland oferece pelo menos 150 km de boas rotas para ciclistas. Todas mapeadas por GPS e com diferentes critérios de altitude, tempo e nível de dificuldade.
Um dos trajetos mais inebriantes circunda o Lago Lauenen e prevê parada para almoço no restaurante Lauenensee. O lugar é perfeito para saborear suculentos salsichões grelhados em um ambiente descontraído, com mesas de madeira ao ar livre. No inverno, há quem se arrisque a patinar e jogar hóquei no lago congelado.
É bem verdade que os 25 km de percurso até a região poderão roubar o fôlego e levar as coxas de quem não está acostumado a pedalar à exaustão em alguns trechos de subida, mas aí entra em ação uma invenção suíça que ajuda a dar um belo empurrãozinho: a bicicleta elétrica.
Gruta do queijo
Todos os anos, em meados de junho, a paisagem nos Alpes se transforma. Milhares de vacas são levadas ao alto das montanhas para pastar uma vegetação especial, formada por ervas, arbustos e flores rasteiras. Elas permanecem ali por 85 dias, produzindo um leite de sabor muito próprio, que servirá de base para os tradicionais queijos alpinos, de textura e paladar marcantes.
É o caso do Berner Alpkäse, produzido na chamada Gruta do Queijo, em Saanenland, que promove uma visita guiada por um mestre queijeiro. É preciso descer por uma estreita escada para o especialista apresentar a cave subterrânea, que guarda mais de 3 mil peças com Denominação de Origem Controlada – incluindo uma roda de 200 anos.
Depois, pode-se encerrar o passeio com uma farta degustação de queijos e vinhos tendo o esplêndido cenário dos Alpes logo à frente, repleto de vaquinhas gorduchas… Isto é, pelo menos até o final da temporada, em setembro, quando os queijos são transportados de helicóptero para a planície e os rebanhos finalmente descem aos vales, com direito a decoração de flores, bandas folclóricas e clima de festa.
Atualizada em: 21/11/2024