Conheça Cumuruxatiba, refúgio no litoral sul da Bahia que, de estranho, só tem o nome – Voupranos

Conheça Cumuruxatiba, refúgio no litoral sul da Bahia que, de estranho, só tem o nome

Adobe Stock: Cumuruxatiba, BA -Sergio Castro

Cumuruxatiba fica a 223 km de Porto Seguro, dos quais 32 km são percorridos em estrada de terra. O trajeto completo leva cerca de quatro horas de carro. Não é um lugar muito fácil de chegar, mas suas belas praias semidesertas são grandes atrações.

O que realmente faz do vilarejo tão especial, no entanto, não é um fator único, como as faixas de areia tranquilas e limpinhas, mas a união delas com restaurantes de primeira. Isso sem contar a contagiante junção, em um único lugar, de baianos, índios pataxós, mineiros, cariocas, suíços, alemães, africanos, italianos e até as polosulenses baleias jubarte, que volta e meia dão o ar da graça por lá.

Adobe Stock: Faixa de areia, Cumuruxatiba, BA – Leonardo Araujo

A impressão que dá é que todos que passam por lá querem ficar, montar restaurantes ou pousadinhas. Talvez isso explique o grande número de estabelecimentos voltados para o turismo em um lugar que recebe tão poucos visitantes, especialmente se comparado com outras praias baianas.

Adobe Stock: Praia de Cumuruxatiba, Bahia – Dorival

De praia em praia

Pular de praia em praia é a melhor coisa a fazer em Cumuru. Ao todo, são 40 km de faixas de areia esplendorosas, a maioria ainda deserta, graças às fazendas particulares que afastaram a especulação imobiliária da região.

Ao sul da vila, estão as praias de falésias imponentes, como Japara Grande, Tororão e da Paixão. Uma estradinha segue por cima do morro, e a cada mirante do caminho surge um visual de cair o queixo. Ao norte, no entanto, está o melhor banho de mar, na praia da Barra do Cahy.

Adobe Stock: Cumuruxatiba, BA – Paulo

Tudo por causa do rio, que chega à praia, sinuoso, e cria uma paisagem cinematográfica. Vale também conhecer as praias de Imbassuaba e do Moreira.

As melhores faixas de areia

Comece o passeio pela Areia Preta e caminhe até as faixas de areia de Japara Grande e Japara Mirim. A última é a única praia de nudismo de Cumuru. É legal até para quem não é adepto do naturismo, pois mesmo na alta temporada não fica muito cheia.

Assim como ocorre em todas as praias da região, o lance por lá é curtir o mar quente e colorido em qualquer época do ano sem esbarrar em ninguém ou ser obrigado a ouvir o axé em alto volume que domina praias não muito distantes dali, como as de Porto Seguro.

Adobe Stock: Praia de Japara Grande, BA – Leonardo

Japara Mirim é do tipo que faz cair o queixo até de quem não é muito fã de praia. A larga faixa de areia é limitada por altas falésias, todas enfeitadas por coqueiros nas bordas. Não bastasse, o caminho entre o mar e a falésia é cortado por um bucólico rio, que desemboca no mar e é fruto das intensas variações da maré.

Fato, aliás, que nomeia o vilarejo. Cumuruxatiba, em pataxó, significa “a grande diferença entre a maré baixa e a maré alta”. A mesma paisagem de mar e rio pode ser vista em outra bela praia, a Imbassaúba, enfeitada pelo rio de mesmo nome. Apesar de não ter as altas falésias das praias mais ao sul (as próximas ao Catamarã), o rio da Imbassaúba é particularmente sinuoso, causando um efeito excepcional na areia.

Adobe Stock: Praia de Japara Mirim, BA – Leonardo Araujo

Vale a pena perder o dia todo em uma praia assim, alternando entre o mar de água quentinha e ondas imprevisíveis e o tranquilo rio, mais frio e com simpáticos peixinhos explorando a borda. Só não se esqueça de levar água e algo para enganar o estômago, pois nas praias de Cumuru não há barracas nem ambulantes.

Barra do Cahy

Também não deixe de ir à Barra do Cahy, uma das melhores para banho, na divisa entre a Costa das Baleias e a Costa do Descobrimento, situada mais ao norte. É a mais famosa de Cumuru, não apenas pela beleza, mas principalmente pelo passado histórico.

Adobe Stock: Falesias em Barra do Cahy, BA – Paulo Vilela

Muitos historiadores e, claro, a população local, acreditam que foi exatamente ali que Nicolau Coelho, um dos capitães da frota de Cabral, travou o primeiro contato entre portugueses e índios. Essa teoria é reforçada por trechos da carta de Pero Vaz de Caminha e por fatos geográficos, como a vista particular nesse ponto do Monte Pascoal desde quilômetros no mar.

Adobe Stock: Barra do Cahy, BA – Paulo Vilela

O show das jubarte

O grande diferencial turístico da região é o avistamento de baleias jubarte, que visitam todos os anos as águas quentes desse trecho do litoral baiano para se reproduzir, no período de julho a novembro. Conhecer essas baleias em Cumuru é uma experiência muito especial, por dois motivos. Em primeiro lugar, elas se reproduzem em águas rasas e calmas – portanto, próximo à costa, a no máximo uma hora de barco.

Adobe Stock: Caravelas, BA – Joa Souza

Em segundo: as jubarte são muito exibidas. A menos que você tenha má sorte, vai ver não apenas um dorso enorme nadando junto à superfície, mas muito mais – pulos impressionantes, rabos espalhando água e diversos comportamentos de acasalamento que, para a sorte dos visitantes, são notados na superfície.

Adobe Stock: Baleia Jubarte, BA – Joa Souza

Os pulos são a forma que os machos usam para chamar atenção das fêmeas e por isso, capricham. Já o rabo, que pode ficar vários minutos para fora, batendo na água, é a maneira sutil de as fêmeas dispensarem os pretendentes. E eles definitivamente não se incomodam com a presença do barco, seguindo com a rotina de paquera normalmente.

Adobe Stock: Caravelas, BA – Joa Souza

 

Publicado em: 22/01/2025
Atualizada em: 17/01/2025
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