Como o Carnaval é celebrado no resto da América
De origem religiosa, o Carnaval para o mundo moderno marca o início da Quaresma, que são os 40 dias que antecedem a Páscoa e era o período em que, por muitos anos, os fiéis católicos não podiam comer carne. Daí, reza a maior parte dos historiadores, vem o nome Carnaval, que, em latim, significa algo como “adeus à carne” (carnelevarium) e transformou-se em uma enorme festa não apenas no Brasil, mas também em diversos outros países da América.
Há quem defenda que, já na Antiguidade, as pessoas se reuniam para agradecer pelas colheitas e celebrar a vida, com bebedeiras e orgias incluídas, o que leva alguns estudiosos a creditar a origem da festa a outros períodos da história. Só muito tempo depois, já com o mundo amplamente influenciado pelo cristianismo, é que o Carnaval teria sido incorporado pela Igreja Católica em uma tentativa de trazer ordem à festa mundana.
Diante da diversidade histórica e cultural das regiões em que é celebrado, o Carnaval sofreu também a influência de ritmos e costumes particulares, o que deu ao evento uma identidade única de acordo com o lugar em que rola a festa. Na cidade norte-americana de Nova Orleans, por exemplo, os foliões do Mardi Gras (terça-feira gorda em francês) disputam colares de contas coloridas embalados pelo ritmo que deu fama mundial à cidade: o jazz. Mas é no Brasil que a festa ganha sua expressão máxima.
Brasil
Entre todos os carnavais do mundo, nenhum é mais famoso que o brasileiro. Apontado pelo Guinness Book, o livro dos recordes, como a maior festa popular do planeta, as suas características vêm da mistura de elementos africanos, indígenas e portugueses. O evento atrai multidões para os desfiles, ruas, clubes, blocos ou trios elétricos espalhados pelos quatro cantos do país. A popularidade é tanta que diversas cidades promovem carnavais até mesmo fora de época. Mas é na data oficial, o período que precede a Quaresma, que o Brasil promove o maior espetáculo da Terra.
New Orleans
O Mardi Gras é comemorado na mesma data do Carnaval brasileiro. E, longe de terras verde e amarelas, é sem dúvida o mais animado. Durante as semanas que antecedem o evento, o French Quarter e outros
bairros da cidade são decorados com artefatos nas cores amarela, roxa e verde, da Louisiana. Um dos pratos típicos de New Orleans, o king cake, é servido nessa época, e a cidade fica em polvorosa com os eventos que acontecem pelas ruas.
Ao andar pelas ruas do French Quarter, você verá pessoas nas sacadas dos casarões jogando colares coloridos para os foliões (não é raro meninas e meninos levantarem as camisas em troca de mais e mais colares). Há também festas, desfiles de carros alegóricos, pessoas fantasiadas e blocos de rua,, chamados de Second Lines.
Caribe
Cada ilha caribenha celebra o Carnaval à sua maneira e em datas que variam bastante. Em Trinidad e Tobago, e evento é a principal expressão cultural do país. Máscaras e fantasias coloridas tomam as ruas nos dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. Calipso e soca são os ritmos que mais se ouvem nas ruas. Em Cuba, por sua vez, a festa também marca alguns dos dias mais esperados do país, principalmente na capital, Havana, e nas cidades de Varadero e Santiago de Cuba. Ao ritmo da salsa, do reggaeton (mistura de hip hop com reggae) e das batidas de conga, o colorido das fantasias e os desfiles de carros alegóricos fazem a festa dos foliões.
O problema por lá é que o Carnaval não tem data certa para acontecer. Ele geralmente é celebrado em julho, mas já chegou a ser realizado em diferentes épocas do ano. Para quem pretende conhecer o evento de perto, portanto, é importante verificar as datas com cuidado antes de fazer as malas.
Colômbia
Ex-colônia espanhola, as origens do Carnaval colombiano remontam aos costumes trazidos do outro lado do Oceano Atlântico. A cidade de Barranquilla abriga a mais famosa festa do gênero no país, considerado Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco. Terra natal da cantora Shakira, Barranquilla agrega ao Carnaval vindo da Europa diversos traços da cultura indígena e caribenha, como os ritmos de cumbia, salsa e rumba. Todos os anos, milhares de visitantes vão atrás da beleza e empolgação dos seus desfiles e da Batalha de Flores. Este é o clímax do evento, marcado por um desfile de carruagens presidido pela rainha da festa, que dança e joga flores aos espectadores.
Uruguai
Já no Uruguai, diversas cidades comemoram o Carnaval, mas é na capital Montevidéu que a festa ganha contornos de grande acontecimento. O “Desfile de las Llamadas” (As Chamadas, em português) toma a Avenida 18 de Julio e tem esse nome porque, antigamente, os grupos carnavalescos convocavam uns aos outros para o desfile na batida dos tambores. O ritmo que se ouve pelas ruas é o candomblé, trazido da África pelos escravos e já está enraizado na cultura uruguaia.
E é assim que o Carnaval mostra sua faceta multicultural por todos os cantos da América. Da expressão máxima no Brasil, passando pelas ilhas caribenhas, cada qual com suas peculiaridades, o evento prospera ano após ano com a fama de maior festa do planeta. Os foliões agradecem.
Atualizada em: 16/12/2024