Como a Oktoberfest de Blumenau se tornou a segunda maior do mundo
A maior festa de origem germânica das Américas tem lugar certo: Blumenau, em Santa Catarina. Lá, todos os anos, centenas de pessoas se reúnem durante 18 dias do mês de outubro – nem poderia ser diferente com o nome que tem em alemão, algo como festival de outubro – para participar da Oktoberfest, a grande celebração de um dos orgulhos da Alemanha: a cerveja.
A Oktoberfest que inspirou a edição brasileira nasceu em Munique, em outubro de 1810, com o casamento do rei Luís I, que se tornaria o rei da Baviera, com a princesa Teresa da Saxônia. Para comemorar a boda, foi organizada uma corrida de cavalos, que se converteu em evento anual por causa do sucesso da competição entre o povo da região e de outros estados da Confederação Germânica.
Mas o status de maior festival de cerveja do mundo só foi conquistado a partir do século 20 – quando a Alemanha já era um país unificado –, mais precisamente em 1918, ano em que a preciosa bebida dourada foi liberada para ser servida durante o evento.
No Brasil, a Oktoberfest foi criada em 1984. Naquele ano, a região do Vale do Itajaí ficou embaixo d’água com as enchentes que assolaram Santa Catarina. Em um cenário trágico de perdas irreparáveis, a ideia de realizar em Blumenau uma edição da festa de Munique foi fundamental para resgatar a autoestima da população e ajudar no reaquecimento da conomia.
Em poucos anos, se tornou o maior encontro de cervejeiros do País e uma das festas mais conhecidas entre os brasileiros, amantes ou não da loira gelada. E para saciar a sede dos visitantes, muito chope produzido por cervejarias artesanais catarinenses de Blumenau, Gaspar, Pomerode e Joinville.
Gastronomia e cultura
Mas a Oktoberfest de Blumenau não se limita à venda de chope e cerveja, ainda que a sensação da festa seja a bebida favorita dos alemães – e dos brasileiros também. Durante o evento, o município catarinense se transforma numa grande arena de exposição da cultura e dos costumes trazidos da Alemanha pelos imigrantes que fundaram suas colônias no Sul do Brasil, há 150 anos. Danças folclóricas, grupos musicais, desfiles pelo centro da cidade e apresentações de clubes de caça e tiro compõem a homenagem da comunidade blumenauense aos seus antepassados.
O toque final é dado pelas especialidades da culinária alemã. Nos restaurantes e pontos de venda de alimentos do Parque da Vila Germânica, espaço construído especialmente para abrigar a Oktoberfest e outros eventos em Blumenau, são preparados pratos como kassler (costeleta de porco acompanhada de salsicha branca e vermelha, purê e chucrute), eisbein (o famoso joelho de porco) e marreco recheado, servido com arroz, repolho roxo e purê de batata e maçã.
A culinária alemã não é fraca, não. As festas realizadas no Brasil costumam se transformar em grandiosos eventos, com presença garantida de um público oriundo de várias regiões do País. A Oktoberfest de Blumenau não é diferente. Desde a primeira edição, o mais famoso encontro da cerveja já contabilizou um total de mais de 15 milhões de visitantes, incluindo estrangeiros, o que significa um público médio anual de 700 mil pessoas. O evento também fez de Santa Catarina o destino preferido dos brasileiros no mês de outubro.
Com tanta gente reunida no mesmo ambiente, o consumo de cerveja durante a Oktoberfest é de deixar qualquer produtor do precioso líquido com os olhos brilhando de felicidade. A cada ano, o volume de chope comercializado varia, sempre superando a casa dos 250 mil litros, com exceção dos dois primeiros anos, quando a participação do público ainda era menor e o consumo não chegou a 200 mil litros. A edição de 1990, porém, carrega o título de recordista, ultrapassando o consumo de 770 mil litros de chope durante os dias da festa. É muita cerveja, não?
Concurso Nacional de Tomadores de Chope em Metro
Uma das curiosidades da Oktoberfest de Blumenau, e que já virou tradição entre o público da festa, é o Concurso Nacional de Tomadores de Chope em Metro. Como diz o nome, uma competição para guerreiros. A disputa é promovida todas as noites do evento no Parque da Vila Germânica, e os valentes tomadores de cerveja, desde que tenham mais de 18 anos, podem se inscrever gratuitamente no local.
Ganha o concurso quem beber um metro de chope – o equivalente a 600 mil – em menos tempo, sem derramar e sem tirar o copo tulipa da boca. A competição é dividida para homens e mulheres e, no último dia da festa, os detentores do menor tempo entre os vencedores de cada noite são eleitos os mais rápidos tomadores de cerveja do festival.
Atualizada em: 31/10/2024