Uma ilha, dois países e férias perfeitas: Conheça Saint Martin e Sint Maarten – Voupranos

Uma ilha, dois países e férias perfeitas: Conheça Saint Martin e Sint Maarten

Adobe Stock: Praia de Mullet Bay, Sint Maarte, Caribe – Val Traveller

A chegada a Sint Maarten surpreende os incautos: da janelinha, o passageiro vê o avião perder altitude e tirar fino dos banhistas na Maho Beach para, em uma fração de segundo, aterrissar seguramente na pista do aeroporto internacional Princesa Juliana. Dizem que o piloto tem de ser muito bom para dar esse rasante a míseros 30 metros da areia da praia. E essa é apenas a primeira de uma série de atrações a serem listadas na hora de planejar uma viagem para este pontinho de terra perdido entre o Oceano Atlântico e o Mar do Caribe.

Dividida entre Sint Maarten ao sul (que integra o Reino dos Países Baixos) e Saint Martin ao norte (sob domínio francês), a ilha impressiona não só pelas águas translúcidas de suas praias como também pela diversidade de atrações, culturas e nacionalidades que coexistem em impecável harmonia.

Adobe Stock: Praia de Maho – Hladchenko Viktor

A lista de pequenos grandes prazeres inclui andar numa praia de nudismo – vestido ou não –, visitar um borboletário, cavalgar entre engenhos de açúcar ou simplesmente saracotear pelas lojas e barzinhos à beira-mar enquanto saboreia um sorvete das várias filiais da Häagen-Dazs espalhadas pelas Antilhas.

Quem curte esportes náuticos, por sua vez, além de velejar e praticar parasailing, pode submergir com escafandro para conferir a vida marinha sem o desconforto dos cilindros de ar comprimido. Afinal, a temperatura agradável da água (média de 21°C) e a visibilidade a até 37 metros da superfície fazem um irresistível convite ao mergulho.

Os pontos mais procurados pelos que preferem ir fundo na atividade são o navio britânico que naufragou em 1801, próximo de Great Bay, e o cargueiro Teigland, que afundou no Cable Reef em 1993, ambos ricos em espécies de fauna e flora subaquáticas.

Adobe Stock: Naufrágios em Sint Maarten – Timsimages.uk

Adobe Stock: Ilha caribenha holandesa de Sint Maarten – Timsimages.uk

Já o viajante que busca experiências mais exclusivas pode agendar uma aula de culinária típica com nativos, degustar os mais cobiçados vinhos franceses no Bacchus – que ostenta a maior adega do Caribe – ou até produzir a própria fragrância no laboratório da perfumaria Tijon, com direito a fórmula patenteada e o nome que quiser no rótulo.

Para não perder tempo entre tantas atividades, compensa alugar um carro e explorar os 87 km² da ilha ao bel-prazer. A fronteira imaginária que separa os dois lados não passa de mera formalidade: é possível circular livremente entre eles sem qualquer empecilho. As vibes distintas, contudo, não dão margem para a dúvida de estar em um ou noutro território.

Adobe Stock: St. Martin, Caribe – Maridav

Se você gosta de pechinchas e diversão, Sint Maarten é o lugar certo, com vida noturna intensa, cheia de latinidade, cassinos e boas opções de lojas duty-free que vendem desde eletrônicos japoneses até porcelana dinamarquesa nas principais ruas da capital Philipsburg.

Quem prefere uma atmosfera mais sofisticada e blasé, no entanto, deve optar pelo lado francês, onde a arte gaulesa do bem viver é levada a sério em hotéis de charme, lojas de grife e pratos regados a vinhos de Bordeaux.

Mas todo esse refinamento também tem seu preço. Basta um breve passeio pelas ruas de Marigot, a capital da porção francesa, para verificar que em euro tudo fica mais caro. Mesmo assim, passe ao menos uma tarde na cidade para conferir seus ares europeus e as tendências fashion ditadas por marcas como Versace, Jean Paul Gaultier, Gianfranco Ferrè, Hermès, Max Mara, Céline e La Perla.

Essas vitrines très chics têm como cenário a esplêndida marina Royale, que fica ainda mais linda se você encarar a subida a pé, de 15 minutos, até as ruínas do forte Louis. A fortaleza foi construída em 1767, por ordem do rei francês Luís 16, para proteger Marigot de piratas britânicos e holandeses. De lá de cima, descortina-se um dos panoramas mais belos de Saint Martin. Não à toa, celebridades do quilate de Bill Gates, Steven Seagal, Chuck Norris e Sylvester Stallone mantêm casas na região.

Adobe Stock: Fort Louis, Marigot, St. Martin – Nicola

Também não é de estranhar que a ilha como um todo tenha sido disputada por muita gente desde sua descoberta por Cristóvão Colombo, em 1493, até o acordo de compartilhamento entre os governos francês e holandês, estabelecido há quase quatro séculos.

Nas suas lutas contra a Coroa espanhola, França e Inglaterra chegaram a ceder cartas de corso aos piratas, mas o tratado de Rijswijk, em 1697, proscreveu a atividade. Muito antes disso, no entanto, a guerra movida pela Companhia das Índias Ocidentais contra a navegação espanhola já havia acarretado a ocupação holandesa de Sint Maarten, junto com as vizinhas Curaçao, Saba e St. Eustatius.

Desde então, a ilha passou a servir de entreposto de comércio de escravos, produtos tropicais e, sobretudo, contrabando de mercadorias entre a Europa e a América. Com a abolição da escravatura séculos depois, as potências substituíram a mão-de-obra negra pela de indianos, chineses e malaios, trazendo à ilha uma variedade de etnias.

Adobe Stock: Fort Louis, St Martin – Nicola

Começava a se delinear a Sint Maarten de hoje, famosa por suas praias, música animada, gastronomia de primeira e pela pluralidade cultural que faz brasileiros arriscarem até o portunhol em meio à variedade de idiomas ouvidos pela rua.

Afinal, bem ou mal, todos acabam se entendendo. No sul da ilha, por exemplo, a língua oficial é o holandês e a moeda, o florim antilhano, mas, na prática, todo mundo fala inglês e paga em dólar. Já ao norte, a população é fiel ao francês e ao euro embora também seja possível fazer compras com dólar. Para completar, muitos moradores vindos de outras partes do Caribe se comunicam em espanhol e em dialetos típicos, como o papiamento e o creole. Impossível não enrolar a língua!

Adobe Stock: Simpson Bay na Ilha de Sint Maarte – hierryDehove

Dos tempos dos corsários restou a nata vocação ao livre comércio, que garante ao destino outro importante título: o de Meca das compras. Afinal, a ilha toda é duty-free, ou seja, não há barreiras alfandegárias nem se paga taxa de importação sobre o valor dos produtos estrangeiros, o que faz os preços de eletrônicos, bebidas, joias e cosméticos de grife despencarem para até metade do que se pagaria em solo brasileiro.

Mas se você esqueceu o cartão de crédito em casa, não se preocupe: embora as inúmeras lendas de tesouros escondidos por piratas na região nunca tenham sido comprovadas, a parte meridional da ilha conta com mais de uma dezena de cassinos badalados, onde fortunas já foram construídas e arruinadas com o simples virar de uma carta.

Adobe Stock: Ilha caribenha de St Martin -Multiverse

Publicado em: 13/12/2023
Atualizada em: 13/12/2023
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