Praias selvagens e mergulho perfeito em Guadalupe – Voupranos

Praias selvagens e mergulho perfeito em Guadalupe

Adobe Stock: Plage du Pain de Sucre, Guadalupe,

As Ilhas Guadalupe são um dos destinos menos conhecidos do Caribe. Pouca gente já ouviu falar de lá. Se você procurar na internet informações em português, ou mesmo em inglês, sobre o arquipélago, não encontrará muita coisa. Mais não pense que faltam atrações. Ali há florestas tropicais, um vulcão ativo, praias selvagens e um parque nacional marinho repleto de belezas subaquáticas.

O arquipélago é possessão francesa e quase ninguém fala outro idioma que não seja o originário do país europeu. Mesmo nas lojas turísticas ou nos restaurantes à beira das praias, os garçons e funcionários praticamente só conversam em francês. Para a maioria dos visitantes, franceses, é uma maravilha.

O nome do arquipélago é uma homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe e deve-se ao descobridor Cristóvão Colombo, que navegava em nome da Coroa espanhola e supostamente foi o primeiro europeu a desembarcar nas ilhas, em 1493. Os franceses tomaram conta do pedaço a partir de 1726, quando expulsaram os ibéricos e cobriram as ilhas com plantações de café, cacau e cana-de-açúcar, numa produção que alcançou o auge no século 18.

Apesar da influência francesa, Guadalupe não tem o charme e o glamour de outras ilhas caribenhas colonizadas pelos compatriotas de Napoleão Bonaparte, como Martinica e Saint Barth. Os moradores até fazem biquinho ao falar com os visitantes, mas prezam por informalidade e vida simples.

Adobe Stock: Ilha dos Santos, Guadalupe – Napa74

À mesa, por exemplo, os nativos fartam-se mais de peixes e frutos do mar fresquinhos do que de foie gras e escargot. Em vez de vinho rosé, perfeito para o clima tropical, a bebida preferida é o rum, fabricado lá mesmo em engenhos centenários. E até a música típica, o zouk, com seu ritmo autenticamente caribenho, é bem melhor para dançar coladinho do que uma chanson française.

É claro que o luxo existe nas ilhas e está reservado aos hotéis e resorts mais aconchegantes e estrategicamente erguidos à beira-mar. Mas os verdadeiros tesouros de Guadalupe estão em sua natureza preservada: praias selvagens e cachoeiras escondidas em florestas tropicais, além das belezas subaquáticas da Reserva Cousteau, parque marinho tido como um dos melhores pontos de mergulho do planeta, que ganhou seu nome por conta do navegador francês Jacques Cousteau (1910-1997), que descobriu as riquezas daquelas águas cristalinas na década de 1950.

Adobe Stock: Nationalpark der karibischen Insel, Guadalupe – AIDAsign

Adobe Stock: Iguana, Guadalupe – Jujud3100

Duas ilhas

O arquipélago de Guadalupe é composto de duas ilhas principais, Basse Terre e Grande Terre, cujo formato lembra uma borboleta de asas abertas. Elas são separadas por um canal estreitíssimo de poucos metros de extensão, chamado La Rivière Salée (Rio do Sal, em português), e interligadas por pontes asfaltadas, de forma que você pula de uma para outra e nem percebe.

Juntas, Basse Terre e Grande Terre têm área equivalente à da cidade de São Paulo e somam 300 km de litoral. Ou seja, é praia que não acaba mais. Dar uma volta completa nas duas ilhas, dirigindo pelas sinuosas estradas que circundam os morros de sua escarpada geografia, leva algo em torno de dez horas.

Adobe Stock: Basse-Terre, Guadalupe – Iryna Shpulak

Adobe Stock: Grande-Terre, Guadalupe – Iryna Shpulak

Grande Terre

Grande Terre, onde fica o aeroporto de Point-a-Pitre, é mais urbanizada e tem a melhor estrutura de hotéis. Lá estão resorts que oferecem praias exclusivas para seus privilegiados hóspedes. Um dos destaques é a Praia de Saint-François, onde ficam os condomínios de alto padrão, a marina e o campo de golfe. Quem quiser pode se hospedar por lá, em casarões transados, onde não faltam casas bacanas, com vários quartos e piscina privativa.

Em Grande Terre, muitas praias, como a própria Saint-François, têm areia branca e bancadas de corais que formam lagunas com tonalidade verde-água. Elas fazem jus ao que todo mundo imagina de uma típica praia caribenha, muito embora o arquipélago, nesse trecho, seja banhado pelas águas do Atlântico.

Adobe Stock: La Datcha Beach, Guadalupe – Petr Zyuzin

Adobe Stock: Pointe a Pitre, Guadalupe – Tupungato

Adobe Stock: Mercado em Sainte-Anne, Grande-Terre – Boivinnicolas

Basse Terre

Já a vizinha Basse Terre é bem mais verde e montanhosa e, por isso mesmo, bem menos populosa. A maior parte de sua área é ocupada por uma densa floresta tropical, que serve de manto para o Vulcão La Sufrière, que, a 1.467 metros de altitude, guarda as belezas da ilha.

O gigante ainda é ativo, mas nada temperamental: a última erupção ocorreu em 1977. De suas encostas brotam diversas nascentes de água, as quais são aquecidas pelo magma subterrâneo. Os riachos correm montanha abaixo e formam dezenas de cachoeiras de água morna, e muitas dessas quedas-d’água termais são fáceis de visitar nas proximidades da vila de Gourbeyre, no oeste da ilha.

Adobe Stock: Parc Des Mamelles, Guadalupe – Gadzius

Adobe Stock: Cachoeira Ecrevisses, Guadalupe – PackShot

As praias de Basse Terre também são bem diferentes das de Grande Terre. As areias têm tonalidade mais escura, próxima ao dourado, por conta dos minerais liberados pelo vulcão. Só o mar que não é tão azul, embora a ilha, esta sim, seja banhada pelo Mar do Caribe. Mas quem caminha pela praia de Grand Anse, uma longa enseada cercada por morros verdejantes, nem liga para esses detalhes.

Em Basse Terre não há grandes hotéis. Ali prevalecem as pousadas encravadas na encosta dos morros, em meio à mata. Para quem busca descanso e contato com a natureza, é o lugar ideal.

Por ser mais selvagem, essa ilha oferece muitas opções de ecoturismo. Na floresta nos arredores do vulcão, há 246 km de trilhas demarcadas, com placas que trazem informações de distância e níveis de dificuldade. Os trekkers mais experientes seguem rumo ao cume do La Sufrière, alcançado após cinco horas.

Alugar carro é imprescindível para o visitante. Só assim dá para explorar com propriedade as ilhas e conhecer diversas praias. As estradas correm próximas ao mar, de forma que não é difícil se localizar. Em geral, basta ver os carros parados no acostamento para saber que atrás das árvores há uma praia escondida.

Adobe Stock: Basse Terre, Guadalupe – Olivier h

Adobe Stock: Norte de Basse-Terre, Guadalupe – Iryna Shpulak

Adobe Stock: Catedral Católica, Basse-Terre – Napa74

Jacques Cousteau

Basse Terre também é o ponto de acesso para a Reserva Marinha Jacques Cousteau. A área foi criada com a ajuda do navegador e explorador Jacques Cousteau, responsável também por revelar ao mundo a existência das belezas submersas do arquipélago.

Ali, Cousteau gravou cenas que foram parar num de seus filmes mais conhecidos: The Silent World, lançado em 1956. Mergulhar nas águas da reserva, que fica a apenas 2 km de distância da costa, é como flutuar em um lindo jardim submerso, no qual esponjas e corais multicoloridos, que vão do laranja ao azul, lembram plantas e flores exóticas. A água é incrivelmente transparente, e a visibilidade média é de 40 metros. Ou seja, de dentro do barco é possível ver as pedras no fundo do mar.

Mesmo em um dia ruim, nublado e com mar agitado, a visibilidade ainda alcança 20 metros, o que já é equivalente a alguns dos melhores pontos de mergulho do litoral brasileiro. Muitos turistas só vão a Guadalupe com o intuito único de cair nas águas dessa deslumbrante reserva de preservação para poder passar o dia curtindo o desfile de peixes, tartarugas, moreias, arraias, lagostas e, por vezes, golfinhos.

O mais famoso hotspot de mergulho fica nos arredores da Pingeon Island, ilhota onde repousa, no fundo do mar, uma simpática estátua de Jacques Cousteau. Diz uma lenda local que mergulhadores que tocam a cabeça da estátua têm boa sorte em suas aventuras subaquáticas pelo resto da vida.

Adobe Stock: Plage de Bois Jolan, Guadalupe – Guillaumevoiturier

Adobe Stock: Saintes Islands, Guadalupe – Pascale Gueret

Adobe Stock: Estátua do Comandante Cousteau – Gregory CEDENOT

Publicado em: 23/05/2023
Atualizada em: 23/05/2023
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