Luxo e vida boa em St. Barth, no Caribe
Ao se deparar com uma foto ou um comentário de Saint Barthélemy, não duvide: a ilha é tudo isso e mais um pouco. Mas com uma vantagem: não tem a pretensão de parecer ser mais do que realmente é. Trata-se de um lugar elegante, autêntico e sofisticado por natureza, sem qualquer exagero. Um Caribe sem os clichês da salsa, do reggae, do drinque colorido na praia, mas com muitas atrações. Ali, o que é impera é o requinte francês em fazer, receber e acolher.
Num lugar onde o básico é, por definição, muito elaborado, a distinção de Saint Barthélemy está nos mínimos detalhes oferecidos ao visitante. Talvez seja por isso que, longe de perpetuar a lógica dos resorts all-inclusive que prevalece em grande parte o Caribe, a ilha tenha nos hotéis a alma, mas não a integralidade da estadia.
Há muito mais a descobrir por lá do que a piscina e a espreguiçadeira mais próxima do seu quarto. E é assim, com a mesma intimidade e carinho que o concierge o tratará do primeiro instante até o check-out, que você ficará à vontade para chamá-la apenas Saint Barth. E sair em busca de sua praia.
Boas opções não faltam, já que todas as 17 faixas de areia disputam informalmente o título de mais bela da ilha e dão o tom de refúgio dos sonhos com águas ora verdes, ora azuis, mas sempre translúcidas. Boa parte delas é protegida por uma barreira de corais, criando piscinas naturais abrigadas e perfeitas para as crianças, mas também propiciando a prática de stand-up paddle e kitesurfe.
Outro consenso é quanto à beleza submersa, com vários pontos de snorkeling e mergulho, além de temperatura agradável o ano todo. Tartarugas marinhas, inofensivos tubarões e muitos peixes coloridos disputam espaço com intrigantes naufrágios.
Em terra, as poucas estradas conectam os 21 quilômetros quadrados que fazem da ilha um lugar ideal para percorrer com scooter ou carro alugado. Isso também significa ampliar as opções gastronômicas, já que os restaurantes de todos os hotéis são abertos a não hóspedes.
A história da ilha
Politicamente, Saint Barthélemy é um departamento francês que, desde 2007, não mais depende da ilha de Guadalupe – a uma hora de voo dali. O passado da ilha remonta a 1493, quando Cristóvão Colombo passou por lá em sua segunda viagem ao Novo Mundo e, num leve – e na época comum – ato de nepotismo, batizou a terra com o nome de seu irmão, Bartolomeu.
Os franceses ocuparam o território em meados do século 17 até o ano de 1784, quando cederam o território aos suecos, para retomá-lo quase um século depois, em 1878. Contudo, as quase dez décadas de influência escandinava ainda se mostram na arquitetura da capital, em construções como a Torre do Relógio e na Igreja Anglicana.
Homenagem ao rei sueco Gustavo III (1746-1792), Gustavia preserva esse legado na Casa do Governador, na Antiga Prisão, hoje sede da prefeitura, e no pequeno Museu Territorial (Rue de Pitea, 2). As atividades turísticas se iniciaram em 1960, quando o milionário norte-americano David Rockfeller ergueu uma mansão na então despretensiosa vila de pescadores.
No boca a boca, o local foi ganhando fama nas altas rodas na costa leste dos Estados Unidos – até hoje 55% dos frequentadores vêm do país, principalmente de Nova York e Boston.
Capital glamorosa
A maioria dos hotéis de Saint Barth fica afastada de Gustavia, a pequenina capital, que concentra a maior parte dos 11 mil habitantes da ilha. A vilazinha com ar aconchegante, no entanto, evoca um quê de Búzios com o glamour de Cannes que induz quem chega de fora para visitá-la. Na charmosa Rue de la Republique há vitrines Cartier, Bvlgari e Louis Vuitton, mas tudo sem exagero, bem discreto. A descontração vem de bares moderninhos e tradicionais, como o Le Select, inaugurado em 1949.
Em Gustavia há também a opção de saborear mais de 20 opções de gastronomia, de italiana a asiática, passando por creole.
Passeios em St. Barth
A partir da capital, quem está de carro pode fazer bons passeios pelos arredores. Longe de ser plana, a ilha tem diversas ladeiras que, se por um lado exigem esforço do veículo, por outro revelam impressionantes vistas panorâmicas.
Não perca os mirantes de Colombier e de Anse de Toiny, mas, acima de tudo, tire um dia com céu aberto para contemplar o sol se pondo no mar do alto do Farol. Com a baía de Gustavia à esquerda, é lindo ver os iates e veleiros retornando à marina ao entardecer.
Enquanto isso, aviões de pequeno porte entram na ilha numa reta impressionante, fazendo um mergulho e margeando um notável rochedo até pousarem, intactos, no pequeno aeroporto local. Cabe dizer que o melhor jeito de alcançar Saint Barth é voando 12 minutos desde Saint Martin ou Saint Marteen (nome holandês), para onde há voos diretos de Miami ou do Panamá. Uma opção para evitar o voo de monomotor é apanhar uma lancha em Saint Martin e navegar por 45 minutos.
Eventos
Saint Barth promove uma série de eventos ao longo do ano. Em janeiro, o Festival de Musique traz concertos de jazz e orquestras de câmara para dentro das igrejas de Gustavia e Lorient. No mês seguinte é época de carnaval, com o Mardi Gras.
A Bucket Regatta, um dos principais encontros de grandes veleiros e amantes da vela do mundo todo, é o grande evento de março. Já o Festival do Livro, com a participação de autores de língua francesa e inglesa, ocorre em abril. No mesmo mês, o Festival du Film Caraïbe exibe ao longo de seis dias películas que retratam aspectos culturais da região.
Junho é o mês da Fête de la Musique, com shows de bandas regionais no Quai Genéral de Gaulle. Como parte da França, a ilha não poderia deixar de festejar a queda da Bastilha, em 14 de julho. Em novembro, o Taste of Saint Barth traz nomes de peso da gastronomia francesa para os restaurantes locais.
O Piteä Day, entre 12 e 13 de novembro, celebra o vínculo entre Saint Barth e a Suécia, com eventos culturais e esportivos. E ainda há o Réveillon, um grande momento na ilha, com a oportunidade de contemplar a queima de fogos em Gustavia.
Atualizada em: 16/06/2023