Capital Da Eslovênia tem um pouquinho da Itália, Áustria e Croácia
Ela fica a menos de três horas de carro de Veneza (Itália) e a cerca de quatro horas de Viena (Áustria), Munique (Alemanha) e Budapeste (Hungria). Vive lotada de turistas europeus, seja nos meses frios, quando é tingida pelo branco da neve, ou nos quentes, época em que serve de palco para uma série de eventos ao ar livre. Mesmo assim, poucos brasileiros a conhecem. E olha que Liubliana, a capital da Eslovênia, reúne o melhor dos países vizinhos: tem ótimas atrações, hotéis luxuosos, gastronomia de alto nível e povo acolhedor.
De quebra, é linda de morrer e serve como porta de entrada para um país surpreendente, dono de castelos, vinhedos, cavernas espetaculares e lagos, muitos lagos, entre eles o mais lindo do mundo. Parte da antiga Iugoslávia, a Eslovênia carrega ainda no DNA um pouco de Croácia, sua antiga “irmã” e atual vizinha ao sul.
Um exemplo é a base do idioma, que, embora soe diferente para os locais, é igualmente impronunciável para quem chega de fora. São muitas consoantes juntas para exclamar o quanto o país, um dos mais verdes do Velho Continente, surpreende a cada instante. Melhor ficar com um “uau” mesmo, que soa universal. Mas é fato que quase todo mundo por lá fala inglês. Principalmente em Liubliana, um importante celeiro universitário do leste europeu. Assim, se a placa com o nome da rua repleto de circunflexos ao contrário não ajuda, há sempre alguém jovem e solícito para indicar o melhor caminho. Ah, e bonito, já que os eslovenos, homens ou mulheres, têm uma beleza marcante, de traços fortes, que combina muito bem com a simpatia empregada ao receberem turistas.
Centro histórico
Outra notícia boa é que quase ninguém se perde em Liubliana. Isso porque quase tudo na cidade se concentra nos poucos quarteirões em torno da Tromostrovje (Ponte Tripla), estrutura sobre o Rio Liublianica, onde viajantes brincam o dia todo de ir para lá e para cá, fazendo altas fotos. A obra foi desenhada por Joze Plecnik, nome importante na arquitetura mundial, que não parou por aí. Seus projetos estão por toda a parte no centro de Liubliana, com destaque para o Mercado de Peixes, a Câmara de Comércio, Trabalho e Indústria, o Estádio Bezigrad, a Ponte Cobblers e a Igreja de São Francisco de Assis, na linda Praça Presernov, que desponta
de um dos lados da Tromostrovje.
Discípulo de Otto Wagner, Plecnik ganhou fama para valer ao desenhar a Igreja do Coração de Jesus de Praga e pelas reformas e anexos do Castelo de Praga, trabalhos realizados entre 1920 e 1934, que o levaram a ser nomeado arquiteto-chefe da República Checa. É por isso que muitos dizem que Liubliana é uma pequena Praga, o que não é pouco. Se a capital tcheca é comumente chamada de Paris do Leste, a eslovena é uma Praga mais ao leste ainda. E no melhor dos sentidos.
Principais atrações
Basta um dia para conhecer quase tudo que importa em Liubliana, embora o ideal seja passar ao menos três na cidade para explorá-la com calma. E, acredite, você vai querer fazer isso. De dia, por exemplo, dá para visitar lugares como a catedral dedicada a São Nicolau, aquele mesmo que inspirou a figura do Papai Noel, e o Mercado Central, sempre muito colorido graças às barracas de frutas e flores.
À noite, é hora de ir à Praça do Congresso, onde fica um dos prédios da universidade, além de barraquinhas de comidas e artesanato típicos. Seja durante os badalados mercados de Natal, em dezembro, ou com a presença de chefs famosos que ali cozinha o que mais gostam e de uma maneira mais despojada, o que costuma rolar nos meses mais quentes do ano. Independentemente da hora do dia – e da temperatura –, há muitas lojas para visitar nas ruas medievais românticas da cidade.
O forte não são as grifes famosas, mas as vitrines que exibem produtos locais de excelente qualidade. Há boas opções de roupas, peças de design para casa e empórios, que oferecem embutidos, queijos, azeites e, principalmente, o excelente vinho branco da Eslovênia, uma das boas surpresas para quem viaja ao país.
Dragão
Boa parte das pessoas que vai à Liubliana, no entanto, deixa as sacolas um pouco de lado enquanto caminha à procura do dragão. Ou melhor, dos dragões. Ocorre que o mítico animal é o maior símbolo da cidade. Reza a lenda que, na mitologia grega, Jasão e seus companheiros argonautas roubaram um velocino de ouro (lã do carneiro alado), se perderam ao fugir da Grécia e acabaram em meio ao Rio Danúbio, de onde seguiram para o Rio Sava até alcançar, veja só, Liubliana.
O local, porém, era habitado por um dragão, que foi combatido bravamente e preso na capital eslovena. Outra versão dessa história, bem mais fofinha, indica que, na verdade, o monstrengo não tinha nada de mau. Tudo que ele gostava de fazer era dar piruetas no céu, mas havia um problema: ele não conseguia cuspir fogo. De tanto desgosto, o papai-dragão chorou até formar o rio. Depois, o pequenino resolveu descansar das brincadeiras em sua ponte favorita, a
Zmajski Most, hoje mais conhecida como Ponte do Dragão. E por lá ficou. De fato, há uma estátua de um dragãozinho ali. E em muitos outros lugares da cidade. O símbolo está ainda no brasão de armas de Liubliana. E, claro, em toda a sorte de suvenires, nas muitas lojinhas. Inclusive numa grandona que fica lá em cima, onde os “dragões costumavam ficar presos” no castelo.
Castelo Ljubljanski Grad
Quem bate perna em Liubliana tem a impressão de ser vigiado a todo o momento. O que não deixa de ser verdade. Basta olhar para cima para encontrar ali, emoldurado pelos Alpes, o imponente castelo Ljubljanski Grad. Cercada por muros altos, com pontes cênicas de madeira e tudo mais, a fortaleza de pedras claras e telhados escuros erguida no alto de um morro é uma graça. Tem diversos mirantes, onde o dia todo há turistas de olho nas pessoas pequenininhas lá embaixo, no centro da cidade, em uma paisagem inebriante, que se descortina até as montanhas.
É fácil e rápido chegar lá, de carro ou por meio de um funicular, que leva até um pátio aberto que concentra a tal lojinha de souvenires, bem como um museu e o mirante principal. Dica: suba ao castelo no meio da tarde para conhecer as áreas antigas e novas da estrutura, onde se destacam artefatos remanescentes das culturas celta, grega e romana, num lugar que, em passado recente, já foi lar de monarcas, prisão, reduto militar e até residência. Mas bom mesmo é encarar as escadas que levam ao topo da torre quando o sol estiver perto de se por, de modo a fazer fotos sensacionais da cidade plácida, com o céu mudando de cor a cada instante.
Atualizada em: 22/08/2024