Roteiro de San Francisco a Los Angeles
As paisagens são estonteantes: ao longo da Highway 1 – a mítica estrada que segue o litoral do Pacífico, o roteiro entre a idealista San Francisco e a cinematográfica Los Angeles é inesquecível.
Ali, a flora selvagem multiplica-se infinitamente, montanhas vertiginosas enfileiram-se à beira-mar, leões-marinhos cochilam nas praias e as ondas batem nas pedras com violência.
Confira as principais paradas em um roteiro de San Francisco a Los Angeles.
Carmel
Fazer um roteiro de San Francisco a Los Angeles é escolher, a todo instante, a beleza da rota pelo litoral ou a velocidade da rodovia, o conforto de uma pousada no campo ou a praticidade de um hotel urbano, uma cidade ou outra. É preciso decidir o que não perder. E você não deve perder, de jeito nenhum, Carmel-by-the-sea (para os íntimos, Carmel).
A cidadezinha, 280 km ao sul de San Francisco pela Highway 1, a bela estrada que ladeia o Pacífico, parece cenário de fábula. As construções são casas de boneca em tamanho real, de madeira ou pedra. Em vez de números, têm nomes: Recanto da Esperança, Nosso Chalé, Refúgio tal…
A rua à beira da praia, a Scenic Drive, que margeia a faixa de areia e passa à porta das casinhas com vista para o mar, resume com eficiência essa fofura toda. Mas a simplicidade é só aparência: Carmel é destino certo de um público endinheirado que quer estar entre os seus, mas sem chamar a atenção.
Ao longo da Ocean Avenue, nome megalomaníaco para a simpática ruazinha que concentra o comércio da cidade, discrição também é regra. Gente bem vestida, mas sem excessos, circula entre lojinhas de chocolate, butique de decoração mourisca e espaços com acessórios moderninhos para cozinha.
Longe desse miolo, Carmel é tão movimentada quanto sugere sua população de 3 mil habitantes. Não há nada ali em volta além de casas, bosques e a solitária Missão de San Carlos Borromeo, de 1770, que é a pedra fundamental da cidade.
Monterey
Uma vez em Carmel, vale a pena separar algum tempo para fazer ao menos dois passeios nos arredores. O primeiro é o que leva até Monterey, cidade que vale uma parada com calma, talvez para o almoço.
Ande por lá e visite o Monterey Aquarium, um dos aquários mais famosos dos EUA. Perto dele há bons restaurantes (os que estão à beira-mar são os mais interessantes), lojas e uma antiga fábrica de enlatar sardinhas, que virou shopping.
17 Miles Drive
O outro destino do pedaço que merece a visita é a 17-Miles Drive. Trata-se de um trecho fechado de estrada com paisagens exuberantes. Assim que passar a guarita, você ganha um mapa com as atrações locais.
A partir daí, basta guiar rumo aos vista points (pontos de observação). Há praias belíssimas, uma colônia de leões-marinhos e a árvore Lone Cypress Tree, debruçada sobre o penhasco, entre outras maravilhas.
Big Sur
Quem parte de Carmel rumo ao sul da Califórnia se depara com os 140 km mais especiais da Highway 1. Naquela altura, a rodovia assume a alcunha de Big Sur, avançando por túneis de árvores entrelaçadas e equilibrando-se sobre precipícios à beira do Oceano Pacífico.
Curiosamente, não há uma Big Sur literalmente desenhada no mapa, tampouco uma região exata com esse nome. Seu traçado está mais no imaginário popular e tem a precisão e a rigidez de um lugar demarcado por poetas e pintores, não por cartógrafos ou geógrafos.
Ponte Bixby Creek
O maior cartão-postal da Big Sur é a ponte Bixby Creek. Há uma área para estacionar o carro e contemplar a paisagem esplendorosa.
Depois de 70 km, quando o relevo tímido já foi há muito sufocado por paredões vertiginosos, chega-se ao Parque Estadual Julia Pfeiffer Burns, sinônimo de sua principal atração, McWay Falls, uma belíssima cachoeira de 30 metros que deságua no meio de uma praia.
Em função do terreno instável, o acesso à faixa de areia é proibido, mas uma trilha de dez minutos leva a uma plataforma de frente para a queda-d’água.
Hearst Castle
Do outro lado da estrada, as placas apontam para cima. No alto das montanhas, o magnata da imprensa americana William Randolph Hearst (1863-1951), que supostamente teria inspirado o personagem principal do filme Cidadão Kane, construiu seu playground particular.
Trata-se do Hearst Castle, réplica de um vilarejo mediterrâneo que reúne um palacete de 116 cômodos, casas de hóspedes, falsas ruínas romanas, piscinas colossais, quadras de tênis e um jardim impecável.
Santa Bárbara
Quem chega a Santa Barbara encontra uma cidadezinha praiana genuinamente agradável, pautada pela intromissão constante da serra, que projeta montanhas verde-esmeralda sobre o centro, e dona de uma estrutura urbana sofisticada. Ao longo da State Street, que divide o centro em dois, não faltam restaurantes sofisticados e lojas de grife.
A serra que envolve Santa Bárbara, por sua vez, abriga bairros classe alta. Recolhidos no alto da montanha, Riviera e Upper East, com suas mansões protegidas de olhares curiosos pela geografia irregular, observam o mosaico de telhados vermelhos à beira-mar, as montanhas dispostas como os degraus de uma escada e as parreiras que enchem o Vale de Santa Ynez.
Mais do que um detalhe em uma paisagem de encher os olhos, os vinhedos são o combustível do turismo nos arredores de Santa Barbara. Desde que Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church) partiram em uma viagem etílica pela região no filme Sideways (2004), o que não falta por lá são turistas que querem repetir as andanças da dupla entre as ótimas vinícolas da região.
Solvang
Solvang, nos arredores de Santa Barbara, é a própria Torre de Babel: nasceu como uma colônia espanhola em 1769, tornou-se território mexicano em 1821 e passou para as mãos dos americanos em 1848.
Foram os imigrantes dinamarqueses na virada para o século 20, porém, que moldaram o lugar como ele é: sem qualquer parentesco com o resto da Califórnia (e dos Estados Unidos). Há moinhos de vento nas ruas e canteiros de tulipas nas calçadas.
Todas as construções se parecem com chalés de montanha, apesar de a praia estar a meros 10 km de distância. Se restarem dúvidas sobre as origens escandinavas da cidade, basta ler as placas: Christiansen, Erichsen, Kremer, Nielsen e outros nomes escandinavos batizam as ruas.
Atualizada em: 27/03/2023