As maravilhas de Ilhabela, a mais bela ilha de São Paulo
Chegar a Ilhabela no verão ou no feriadão não é fácil. Além do trânsito nas estradas que levam ao litoral norte paulista, onde fica a ilha, a fila da balsa em São Sebastião, município que dá acesso ao local, pode acabar com o humor de qualquer um. A fama dos “ataques” de borrachudos também não ajuda muito. Dessa forma, vale a pena planejar a viagem para lá com cuidado.
Ilhabela compensa todos esses perrengues ao oferecer doses equilibradas de praias selvagens, pousadas charmosas e gastronomia de primeira. É um destino simples e ao mesmo tempo chique, onde se pode passar o dia curtindo uma praia deserta e sair para jantar em um bistrô francês. Ou, então, fazer uma trilha em meio à Mata Atlântica, que possibilita tomar banho de cachoeira no Parque Estadual de Ilhabela – onde a civilização parece estar a centenas de quilômetros – e, depois, espantar o cansaço na piscina com vista para o mar de uma superpousada.
Arquipélago
Oficialmente, Ilhabela é o nome do município que agrega um arquipélago com meia dúzia de ilhas e ilhotas, esparramadas à frente da costa de São Sebastião, a 210 km da capital paulista. A maior de todas essas ilhas, chamada São Sebastião, é a que todo mundo conhece como Ilhabela. Trata-se da maior ilha do litoral brasileiro, com
cerca de 22 km de comprimento e nada menos que 130 km de litoral. No total, são quase 350 km2 a ser explorados.
Como chegar
Da balsa, durante a travessia do Canal de São Sebastião, o visual das montanhas já deixa qualquer um encantado. Isso porque 85% da ilha são tomados por montanhas íngremes, cobertas por Mata Atlântica nativa. O trajeto desde o continente até lá leva meros 20 minutos em um dia sem movimento. No verão, porém, a espera na fila pode demorar duas ou até quatro horas para quem chega sem reserva de horário.
O que fazer
Apesar da proximidade com a capital paulista, que permite encaixar uma viagem a Ilhabela em um simples fim de semana, um par de dias é muito pouco para conhecê-la. Afinal, são 45 praias, sem contar uma dezena de faixas de areia minúsculas, escondidas entre as curvas dos costões rochosos. Há ainda trilhas que levam a cachoeiras, passeios de escuna e muitas opções de atividades esportivas, como surfe, windsurfe, trekking e mergulho.
Vila
Mesmo assim, a maioria dos visitantes se contenta em circular pela orla voltada para o continente, onde está a parte urbanizada da ilha, incluindo o centrinho da vila, com seus cafés e restaurantes saborosos e lojinhas descoladas. É um trecho longo e estreito, delimitado pelas águas do canal, de um lado, e pelas montanhas, do outro.
A geografia bela, mas íngreme, destinou Ilhabela a ter pouco espaço físico para ruas e casas, que não podem ser construídas acima de cem metros em relação ao nível do mar, de modo a preservar a vegetação e evitar a “favãelizao” chique do lugar. Resultado: faltam vias para escoar o trânsito – por lá, há basicamente duas avenidas –, o que complica bastante a vida de turistas e moradores no verão e nos feriados prolongados. A avenida à beira-mar, por onde todo mundo precisa circular para ir de um lugar a outro, esparrama-se por 28 km de extensão desde Borrifos, no sul da ilha, até Ponta das Canas, no extremo norte.
Praias para todos
Ainda que urbanizadas, há praias encantadoras no trecho voltado para o continente, caso das faixas de areia da Pedra do Sino, com um restaurante no canto direito oferecendo um deque agradabilíssimo para bebericar enquanto se curte o visual; da Praia do Veloso, procurado por famílias e de onde parte a trilha para a Cachoeira do Veloso; e do Curral, a mais badalada e movimentada de todas.
A mais bela praia com acesso pela avenida da orla, porém, é a do Jabaquara, no norte da ilha, a cerca de 20 minutos de carro desde o centro. Também é possível chegar até lá de barco, o que é bem mais agradável, especialmente para fugir do trânsito intenso da alta temporada. O panorama de Jabaquara, visto do mirante ao lado da estrada, forma uma das paisagens mais incríveis do litoral paulista, já que ali não há casas nem condomínios. Assim, a região preserva-se tão selvagem quanto era décadas atrás. Há apenas um restaurante na praia, que serve de ponto de apoio aos banhistas.
Castelhanos
No lado selvagem da ilha, voltado para o mar aberto, as praias têm mar bravio e abrigam pequenas comunidades de pescadores. Apenas uma delas é acessível por carro, justamente a mais estonteante de todas as de Ilhabela: a Baía dos Castelhanos. É para lá que a maioria dos passeios segue, tanto em escunas, que contornam a ilha e param para um mergulho nas praias da Fome e do Saco do Estáquio, quanto em jipe. No meio do caminho, fica a entrada do Parque Estadual da Ilhabela, onde começa a trilha para a Cachoeira da Toca.
A Baía dos Castelhanos ganhou esse nome por conta de um evento trágico: o naufrágio do navio espanhol Príncipe das Astúrias, em 1916, que se transformou na versão brasileira do Titanic. Na ocasião, morreram 477 dos 590 marinheiros que estavam a bordo. Os corpos, carregados pela maré, foram parar na praia. Outra meia centena de navios, surpreendida por mau tempo e rochedos submersos, também afundou ao navegar pela face selvagem de Ilhabela, que ganhou o apelido de Triângulo das Bermudas da América do Sul. A compensação é que o mergulho na área dos naufrágios tornou-se um grande barato na região.
Bonete
Outra faixa litorânea famosa é a de Bonete, localizada ao final de uma trilha de 11 km que passa por três cachoeiras e leva de quatro a cinco horas para ser percorrida. Uma alternativa mais simples para chegar até lá é o barco, na carona de algum morador. Ou seja, não é fácil ir até Bonete e, por isso, pouca gente segue para lá. Mas quem alcança o destino encontra uma praia de cinema, com ondas fortes e cercada por costões rochosos.
Ali, vive uma pequena comunidade caiçara, que não desfruta comodidades como sinal de celular e que tem energia elétrica proveniente de uma pequena usina, que usa a água de uma cachoeira próxima. Para os turistas, é uma chance de desconectar-se completamente do estresse cotidiano.
Atualizada em: 26/12/2024