As boas Surpresas de Bucareste, capital da Romenia
Para conhecer um pouco das maluquices do Conde Drácula, não há nada melhor do que usar a capital romena Bucareste como base antes de seguir para a Transilvânia. E quem espera encontrar uma cidade cinzenta, dominada por edifícios quadradões da época socialista, ficará positivamente surpreso com as atrações locais.
Muito da estrutura da era de ouro da cidade, quando a principal rota entre Ocidente e Oriente incluía Bucareste, se exibe impecavelmente por lá e hoje é ocupada por complexos como o Museu Nacional de Arte, a Biblioteca Central e a Ópera. Mas o local mais visitado é o Palácio do Parlamento, que resume a mania de grandeza do ditador Ceausescu e de sua mulher, Elena.
Parlamento
Só para dar uma dimensão do absurdo, o Parlamento romeno é o segundo maior prédio público do mundo, atrás apenas do Pentágono, em Washington (EUA). Cerca de 700 arquitetos e 20 mil operários trabalharam no projeto por vários anos, que não ficou pronto antes de o ditador ser condenado à morte e fuzilado em 1989, pondo fim ao comunismo no país.
A grandiosidade virou uma faca de dois gumes. Seria caríssimo para a Romênia pós-revolução terminar a construção, mas seria ainda mais dispendioso e inviável parar o projeto e demoli-lo, o qual acabou concluído em 1997.
Centro histórico
Como a cidade contabiliza perto de seis séculos de vida, o centro histórico também é um delicioso convite a bater perna. Ali, sucedem-se igrejinhas charmosas, cafés e restaurantes, além de artistas de rua que tentam chamar a atenção dos passantes com seus realejos ou fazendo bichinhos com bexigas.
Parque Cismigiu
Para terminar o dia de andanças, nada como degustar uma cerveja ou vinho branco no Parque Cismigiu. Por lá, pombas bebericam nas fontes, enquanto velhinhos de boina tocam sanfona e casais andam de pedalinho no lago.
Conde Drácula
O Drácula da literatura, que deu origem a uma vampiromania que nunca saiu de moda, incluindo filmes que vão de Nosferatu, de 1922, à saga teen Crepúsculo, desenhos e séries de TV como True Blood e Vampire Diaries, foi inspirado num príncipe que realmente existiu na Valáquia, área que hoje integra o território romeno.
Figura importante na história do país, o nobre, chamado de Vlad III, fazia jus às alcunhas adicionadas ao seu nome: Dracul (dragão, em latim) e, mais tarde, Tepes (empalador, na mesma língua). É que ele punia os desafetos com práticas como empalamento e decapitação. Mas também tinha um lado legal, digamos assim, e protegeu a região por muitos anos das investidas otomanas.
Hoje, muita gente que vai a Bucareste segue de lá para a Transilvânia a fim de visitar os lugares por trás de toda essa história. Na viagem, despontam na paisagem campos verdes repletos de ovelhas, castelos góticos, igrejas fortificadas, ciganas com saiotes vermelhos à beira da estrada e vilarejos com detalhes pitorescos, como ninhos de cegonhas no alto dos postes de iluminação.
Por esses bônus, é uma dádiva, pelo menos para os visitantes, que as rodovias romenas estejam longe de serem tão boas como na Europa Ocidental: isso impede que os veículos “voem” e cubram a paisagem de poeira, dando tempo aos viajantes de se deslumbrarem, de cara, com os encantos da vizinhança.
Transilvânia
Os destinos que não podem faltar em uma visita à Transilvânia são Sinaia, Sighisoara, Brasov, Bram e Sibiu. Não deixe também de conhecer a região amuralhada de Rasnov, erguida na parte alta do terreno em que a cidade se desenvolveu e isolada dela por uma mata densa, oferece uma das vistas mais bonitas da região.
Dá para chegar à área a bordo de um trenzinho ou caminhando por entre as árvores, ladeira acima. No topo, o panorama que se descortina parece pintado à mão: as torres de proteção, muitos vestígios das antigas construções de pedra, o vale verdinho e, bem ao fundo, os “Alpes romenos” com seus picos brancos de neve. “Espero que você aproveite a estada na minha bela terra”, escreveu o Drácula de Bram Stocker ao dar as boas-vindas ao corretor que o visitava na Transilvânia.
E se os turistas de hoje recebessem tal mensagem, balançariam a cabeça em sinal positivo, já que é impossível não se render às lendas e aos encantos da região e, por extensão, deste curioso país.
Quando ir
O clima varia bastante nas diferentes regiões da Romênia. No verão, a temperatura pode passar dos 30 ºC e, no inverno, despencar a -30 ºC. O melhor período é mesmo no verão europeu, entre junho e agosto, ou na primavera, sobretudo em maio, quando o calor normalmente já se instalou. Nessas épocas, além da temperatura agradável, toda a infraestrutura turística e muitas opções de entretenimento e lazer estão à disposição do viajante.
Atualizada em: 27/06/2023