A partir de Manaus, descubra como explorar as maravilhas da Amazônia – Voupranos

A partir de Manaus, descubra como explorar as maravilhas da Amazônia

Adobe Stock: Ribeirinhos na Ilha do Marajó – Pulsar Imagens

Venerada mais pelos gringos do que pelos brasileiros, a Amazônia oferece uma série de opções de turismo. A partir da capital, Manaus, dá para ir de barco ou hidroavião até o Encontro das Águas, quando os rios Negro e Solimões se tocam em uma paisagem de encher os olhos, ou a alguns lodges, onde é possível dormir na floresta e praticar atividades como arvorismo.  Quem quiser avançar pelos arredores, tem como opção encarar as expedições em barcos pequenos pelo Rio Negro, que partem de Novo Airão rumo ao Parque Nacional do Jaú, o terceiro maior do mundo em floresta tropical úmida intacta.

Adobe Stock: Rio Jaú – Marcio Isensee e Sá

Apesar do clima de aventura, é possível, sim, desbravar os rios amazônicos com segurança e boas doses de conforto. Com estrutura de madeira, velocidade tranquila, calado (parte que fica abaixo da superfície da água) reduzido e um agradável deque no terceiro andar, embarcações com capacidade para até 16 pessoas oferecem a vantagem de penetrar regiões e afluentes pouco ou nada explorados pelos navios de cruzeiros fluviais, sem abrir mão de comodidades como cama com travesseiro de plumas, ar- condicionado nos quartos e banheiro privativo.

Adobe Stock: Rio Negro, de água escura, e o Rio Solimões clara – Pulsar Imagens

Uma noite na floresta

Depois de rodar 200 km de carro desde Manaus, pelas estradas AM-070 e AM-352, chega-se à cidade de Novo Airão, o ponto de partida das expedições em barcos pequenos pelos arredores da capital. Lá, o Rio Negro se apresenta com suas águas tão escuras que fica impossível enxergar a profundidade ou qualquer ser vivo que se aproxime. Logo no começo da navegação, é possível avistar algumas das mais de 400 ilhas do parque de Anavilhanas, um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo.

Adobe Stock: Rio Negro em Novo Airão, Amazonas – Carina Furlanetto

Ali, dá para fazer diversos passeios, como o que segue de voadeira até o Mirante do Madadá, onde dá para viver a experiência de dormir em uma rede no meio da mata. Se você está pensando na quantidade de pernilongos, a boa notícia é que as águas do Rio Negro escondem um segredo: seu pH é tão ácido que impede a proliferação de mosquitos. O mesmo não acontece com os peixes, que saltitam para dentro da canoa motorizada como se quisessem uma carona noturna.

O Mirante do Madadá é uma espécie de quiosque com dois andares, todo aberto nas laterais, para que se possa dormir ouvindo o canto do curiango e sentindo a brisa que, como num passe de mágica, aplaca o calorão abafado da noite ao adentrar da madrugada.

Adobe Stock: Mirante na floresta – Ecuadorquerido

Grutas e praias

Quem opta por passar a noite no barco pode retornar ao mirante bem cedinho, a tempo de contemplar a alvorada. Em seguida, o roteiro costuma prever uma incursão de três horas pela selva rumo às grutas do Madadá – na verdade, um impressionante amontoado de rochas e reentrâncias subterrâneas envoltas pela vegetação. O cenário lembra filmes de aventura na floresta, à la Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Mas a maior recompensa para o esforço da caminhada vem após o retorno da trilha, quando o barco atraca na Praia do Meio – um agradável banco de areia que se forma no fim do período de seca, em outubro e novembro.

Adobe Stock: Praia do meio –  Marcos

O resto da tarde costuma ser de navegação, com uma breve parada na comunidade ribeirinha de Mirituba, até que a noite chega e o barco finalmente lança âncora em um local que não aparece em nenhum mapa e atende pelo sugestivo nome de Ilha da Caveira, já bem perto da entrada para o Parque Nacional do Jaú.

Adobe Stock: Grutas e praias – Nathsegato

Ilha da Caveira

Dormir na Ilha da Caveira faz lembrar mais uma vez o longa-metragem dirigido por Spielberg, mas, pode crer: as histórias do folclore caboclo e os causos contados aqui e acolá conseguem ser tão ou mais surreais do que as aventuras vividas pelo personagem de Harrison Ford no cinema. Principalmente quando o desembarque se dá na cidade-fantasma de Airão Velho, já perto do Rio Jaú.

Durante a fase áurea do Ciclo da Borracha (1879-1912), os coronéis do látex construíram ali um povoado na região, com casas de alvenaria (os tijolos eram trazidos de Portugal), comércio e até cemitério.  Com o declínio da borracha e um suposto ataque de formigas, no entanto, a vila foi abandonada e acabou sendo engolida pela floresta. Anos depois, as poucas paredes que restaram da época ainda foram atingidas por tripulantes de navios da Marinha que estavam de passagem pelo Rio Negro e resolveram praticar tiro ao alvo justo ali.

Adobe Stock: Ciclo da Borracha – Alessandro Grandini

Airão Velho é daqueles lugares em que se pode passar horas sem cansar, só ouvindo histórias. Mas é preciso seguir viagem, sobretudo se o próximo destino for as cachoeiras do Carabinani. Situadas já dentro do Parque Nacional do Jaú, essas pequenas duchas com piscinas naturais formam–se em meio a enormes rochedos que só ficam à mostra no final da época de seca, quando o nível do Negro e dos seus afluentes chega a baixar 15 metros.

Petróglifos incas

Além das cascatas do Carabinani, a estação de seca revela um tesouro arqueológico que passa a maior parte do tempo submerso: petróglifos incas, esculpidos há centenas de anos. A maior parte deles fica perto de Airão Velho e faz pensar como aqueles desenhos de aranhas e macacos – tão parecidos com as misteriosas figuras de Nazca, no Peru – foram parar ali, bem no meio da floresta.

Outra caminhada leva a uma das mais majestosas árvores da Amazônia: a samaúma. Para várias tribos, ela é sagrada, cultuada como mãe da humanidade. E não é para menos. Com até 65 metros – altura equivalente a um prédio de 22 andares! –, a samaúma tem um tronco tão largo que seria necessário reunir muitas pessoas para envolvê-la em um abraço.

Adobe Stock: Petróglifos incas – JF Cimatoribus

Botos em Novo Airão

Depois de todas essas emoções, os barcos retornam a Novo Airão, mas ainda há gratas surpresas para os passageiros. Entre elas, ir à base do Projeto Boto-Vermelho, onde esses simpáticos mamíferos interagem com os visitantes e até comem na mão. Embora vivam soltos na natureza, eles sempre batem cartão por lá à espera de um peixinho fácil.

Adobe Stock: Botos-cor-de-rosa – Pulsar Imagens

Também vale fazer um city tour pela cidade para visitar oficinas de artesãos e o belo trabalho desenvolvido pela Fundação Almerinda Malaquias, que oferece atividades de formação profissional para crianças e famílias da comunidade. Na lojinha do local, há desde sabonetes à base de ingredientes amazônicos até peças belíssimas de marchetaria.

Adobe Stock: Botos-cor-de-rosa – Ericatarina

Publicado em: 21/12/2024
Atualizada em: 20/12/2024
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