Futuro e tradição se mesclam em Doha, no Catar
As atrações de Doha, no Catar, entraram no mapa turístico dos brasileiros com a realização da Copa do Mundo da FIFA em 2022. Até 1995, o país sequer emitia visto para turistas. Hoje, porém, o cenário é muito diferente e há muito que fazer por lá.
Os guias locais costumam explicar: islamismo é mais do que uma religião. É um padrão de conduta. Para fazer bonito, use o bom senso e siga algumas dicas: se vista com recato (nada de roupas justas, joelhos e ombros de fora) e deixe as demonstrações de afeto para a intimidade do casal.
Também não saia fotografando todo mundo (principalmente mulheres) e lembre-se de que o consumo de álcool é permitido só para não muçulmanos, sendo que a bebida é servida apenas em alguns restaurantes e hotéis internacionais.
De olho no mapa, o Catar é um emirado às margens do Golfo Pérsico e faz divisa terrestre com a Arábia Saudita e ninguém mais. Funciona sob o regime de monarquia absolutista, e a população é primordialmente muçulmana.
Em Doha, existem 1.400 mesquitas para 1,5 milhão de habitantes. A religiosidade convive com a modernidade, sem conflitos. A razão disso tem nome, sobrenome e tradição: trata-se da família Al Thani, que rege o país desde a fundação, em 1850.
Nova Doha
A renovação pela qual Doha passou para a Copa do Mundo inclui a Pearl-Qatar. Trata-se de uma ilha artificial, no formato de um colar de pérolas, que oferece a aquisição de propriedade plena a estrangeiros.
Para quem quiser investir, o imóvel oferecido provavelmente estará junto à marina e a iates, bem como hotéis cinco estrelas, spas luxuosos ou sobre o belo shopping ao ar livre Port Arabia. A loja da Ferrari fica em frente da Rolls Royce – basta seguir o seu estilo.
Para compras convencionais, não faltam shopping centers luxuosos. Entre os atuais, os cataris recomendam o Villaggio, que reproduz internamente Veneza, com direito a passeio de gôndola.
O Lagoona Mall traz um bocado de grifes da moda. E o City Center mescla lojas locais com outras de fama internacional. Toda essa imagem nada se parece com o humilde Catar do passado que viveu da pesca, da exploração de pérolas e da criação de camelos até que descobriu que em suas terras áridas existia petróleo.
Skyline
O milagre se repetiu com a descoberta de enorme reserva de gás natural. E de uma hora para outra, o Catar enriqueceu. Como são recursos esgotáveis, o emirado anda direcionando seus petrodólares ao mercado financeiro internacional. Como estratégia, passou a atrair investimentos em tecnologia, educação.
E também aposta no turismo. Basta alcançar a West Bay para avistar uma coleção de arranha-céus catalogados pela CTBUH – Council on Tall Buildings and Urban Habitat. Esse conselho é uma instituição norte-americana que cadastrou em Doha 117 arranha-céus, sendo 57 com mais de 150 metros de altura. Nada mal. São Paulo é 11 vezes maior, tem 183, e somente 13 com mais de 150 metros.
Distante dali, destaca-se o The Torch Doha, ao lado do complexo esportivo Aspire Park. O edifício de 300 metros de altura abriga um hotel cinco estrelas. De volta à West Bay, região da orla, o redondinho Doha Tower chama a atenção.
Seu diferencial é a estrutura coberta por camadas de pele metálica rendada, formando um entrelaçamento de aço que cria arabescos. À noite, o desenho fica evidente quando o edifício se ilumina e, junto aos demais arranha-céus, dá um show de luz.
A beleza desse skyline é mais evidente ainda durante uma caminhada pelo Corniche, o calçadão de 7 km que percorre a baía de Doha. Já para ter a vista do mar, embarque em um dhow. O barco de madeira é igual aos usados no tempo dos mercadores e da pesca. Das águas do Golfo, o Museu de Arte Islâmica brilha reluzente. Situado em uma ilha artificial, ligada ao extremo do Corniche, tem uma arquitetura impressionante.
O arquiteto I. M. Pei abandonou a aposentadoria aos 91 anos e esboçou a geometria da obra. Seu projeto saiu do papel com auxílio da mesma equipe da pirâmide de vidro no Louvre, em Paris, um de seus trabalhos mais reconhecidos.
Internamente, o museu abre-se num enorme átrio, e seus cinco andares são rasgados na face norte por uma janela de 45 metros de altura. As galerias têm iluminação especial sobre joias, cerâmicas e manuscritos, além de outras 800 peças de arte islâmica.
Souq
Para outro mergulho na cultura local, cruze a rua. O Souq (mercado) Wakif, em frente, foi um antigo bazaar, parada dos beduínos – nômades do deserto – para a troca de lã e animais por produtos de primeira necessidade. Em 2006, uma reforma fez renascer sua beleza, coisa de mil e uma noites, e seria bom ter todo esse tempo para passear e comprar – não sem antes barganhar, queira você ou não. Especiarias, artesanatos, suvenires, tecidos, tapetes, artigos de madeira, luminárias – pechinche e leve tudo.
Sua experiência no souq só não será única porque você vai voltar amanhã, depois de amanhã e no dia seguinte – há muito para ver (e é uma delícia ficar por ali para jantar). O mercado é repleto de ruelas com lojas curiosas e tem até um setor que vende animais de estimação e pássaros.
O Golden Souq, no mesmo complexo, traz vitrines de joias, e os sheiks gastam sem cerimônia, exibindo um calhamaço de rials – a moeda do país. Visível do mercado, o Fanar é o centro cultural islâmico, em formato de bolo de noiva, que permite tours, visita à mesquita e aulas de árabe.
Atualizada em: 28/07/2023