Serra da Capivara – Voupranos

Saiba porque vale a pena conhecer a Serra da Capivara

Você pode nunca ter pensando em viajar ao Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, mas quando chegar lá provavelmente irá se perguntar porque demorou tanto tempo para ir. Criado em 1979, o parque guarda um conjunto de sítios arqueológicos com milhares de pinturas rupestres. É a maior concentração de desenhos pré-históricos do planeta e os vestígios mais antigos da presença do homem no continente americano. A importância da região foi reconhecida pela Unesco em 1991 que concedeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A variedade e sofisticação dos desenhos atraem estudiosos de todos os cantos do mundo e conseguem impressionar até os visitantes mais leigos. E tudo isso em meio à árida paisagem da caatinga e uma sucessão de planícies, cânions e formações rochosas sinuosas, um visual tão impressionante quanto a de outros parques nacionais até bem mais famosos.

Pedra Furada – Shutterstock – Josemar Franco

Chegar lá, porém, não é muito fácil. O parque fica no sul do Piauí, quase na fronteira com a Bahia. A cidade de São Raimundo Nonato é a principal porta de entrada, a 40 km. Lá estão as únicas opções de hospedagem, a maioria pousadas modestas. Apesar da distância, o parque é um dos mais bem estruturados do país para receber visitantes. Há lanchonete, centro de visitantes, museu e áreas para piquenique. As trilhas são bem sinalizadas, com placas explicativas sobre o meio ambiente e a cultura da região. E o acesso é facilitado por escadarias e muitas passarelas suspensas que deixam os turistas de cara com os desenhos nos paredões. São 173 sítios arqueológicos abertos ao público, sendo 17 deles acessíveis a cadeirantes.

O mais conhecido é o sítio do Boqueirão da Pedra Furada. Ali estão 2 mil desenhos datados entre 4 e 12 mil anos. São pintados em cores vermelhas, brancas e negras; e trazem representações de animais, plantas, cenas de caça, desenhos geométricos e até de relações sexuais. Essa área abriga o maior cartão-postal do parque, a Pedra Furada, e um mirante de onde se tem uma linda panorâmica das formações rochosas da Serra da Capivara.

Serra da Capivara – Shutterstock – Josemar Franco

À noite, os paredões ficam iluminados por refletores e é possível fazer o passeio noturno (mediante agendamento no centro de visitantes). A visão das rochas sob céu estrelado só aumenta a aura de mistério sobre os desenhos.

O Sítio do Boqueirão da Pedra Furada foi o primeiro a ser estudado na década de 1970 pela arqueóloga Niède Guidon, diretora da Fundação do Homem Americano (Fundham), que cuida do parque. E os vestígios não se restringem às pinturas, mas também peças de cerâmica e utensílios de pedra usada pelos antigos moradores da Serra da Capivara. Os pesquisadores também encontraram, durante as escavações, ossadas de animais pré-históricos, como mastodonte, preguiça-gigante e um tigre dente-de-sabre. Algumas estão em exposição no Museu do Homem Americano, um museu de última geração, que ninguém poderia imaginar existir em pleno sertão do Piauí. O museu traz apresentações sobre as teorias do povoamento das Américas, a vida do homem na região, a história da escavação e a descrição da fauna pré-histórica que viveu na região são alguns dos atrativos.

Serra da Capivara – Shutterstock – Josemar Franco

Outro grande atrativo na Serra da Capivara é a caminhada pelas trilhas. Os principais caminhos contornam as curiosas formações de arenito e levam a cânions e mirantes. Há percursos leves, de apenas 20 minutos, a outros de até quatro horas, como a Trilha do Caldeirão dos Rodrigues, onde há belas pinturas rupestres. Caminhar pelo parque, entre cactos e outras plantas retorcidas da caatinga, é a chance de encontrar muitas das 510 espécies de pássaros típicos da região, como a gralha-cancã e o falcão-caburé. Se manter os ouvidos atentos poderá ouvir o canto do assum preto. Se olhar para o alto, poderá encontrar macacos-prego e sagüis pelos galhos das árvores mais altas. E a paisagem inóspita e rochosa parece reforçar ainda mais ideia de voltar no tempo. Infelizmente, não existem rios ou cachoeiras para se refrescar no calorão do interior do Piauí. Por isso, levar um cantil ou garrafa de água é fundamental.

Serra da Capivara – Shutterstock – Josemar Franco

Já o Baixão das Andorinhas é para apreciar um espetáculo diário da natureza. Todos os dias, por volta das 17h30 as andorinhas às centenas fazem uma imensa revoada pelo interior de um cânion de 90 metros de profundidade. Os visitantes se juntam para assistir ao bailado das aves, que é sucedido por um belo pôr do sol. Para aproveitar a visita ao máximo, vale a pena contratar um guia em São Raimundo Nonato, que pode passar informações curiosas sobre os desenhos e os preciosos achados desse tesouro da Humanidade que é a Serra da Capivara.

 

Publicado em: 12/04/2023
Atualizada em: 12/04/2023