Os bares tradicionais considerados “Patrimônio Cultural” do Rio de Janeiro
Bar do Bode Cheiroso, ao lado do estádio do Maracanã, recebeu o título de Patrimônio Cultural Carioca no início de novembro 2023. Famoso pelo torresmo robusto, que foi apelidado de “barra de cereal”, o bar nascido em 1945 é um clássico entre os botequins do Rio de Janeiro. É decorado com azulejos azuis e brancos, e está sempre cheio, com fregueses que juntam até na calçada. O pernil da casa é outra especialidade, servido em pratos ou lanches, além de petiscos como o Junto e Misturado, um ragu de rabada com purê de batata, queijo e pesto de agrião e pimenta.
Assim como o Bar do Bode Cheiroso, a cidade do Rio de Janeiro é cheia de bares tradicionais, frutos do espírito descontraído e da paixão dos cariocas por se reunir em botequins. Esses locais são verdadeiros tesouros culturais, que traduzem a alma da cidade e proporcionam espaços de convivência democrática. Reconhecendo sua importância histórica e cultural, a Prefeitura do Rio já declarou 27 bares e botequins tradicionais como Patrimônio Cultural.
Os estabelecimentos são selecionados por preservarem a decoração e o charme do final do século XIX e início do século XX. Eles têm uma relevância histórica para a memória dos bairros onde estão localizados, conquistando moradores e formando uma clientela fiel ao longo dos anos. O título têm como objetivo conservar a identidade única de cada um desses locais e evitar a padronização.
Entre bares e botequins reconhecidos como Patrimônio Cultural também vale destacar o Café Lamas. Fundado em 1874, ele encanta turistas e cariocas com seu filé mignon há mais de 140 anos. Outro estabelecimento com uma história curiosa é o Bar Luiz. Inicialmente chamado de Zum Schlauch, o nome foi alterado para Zum Alten Jacob e, posteriormente, para Bar Adolph devido a uma lei que proibia letreiros em outros idiomas. Após um episódio durante a Segunda Guerra Mundial, o bar mudou novamente seu nome para Bar Luiz, em homenagem ao seu sócio austríaco.
O Bar Brasil, localizado na Lapa, também passou por mudanças de nome ao longo dos anos. Inaugurado em 1907 como Bar Zepellin, ele recebeu seu nome atual após a Segunda Guerra. O Armazém São Thiago, em Santa Teresa, foi fundado por Jesus Pose Garcia, um imigrante espanhol, e está em funcionamento desde 1887.
Além desses, outros estabelecimentos do centro da cidade, como Nova Capela (1903), Casa Paladino (1906), Armazém do Senado (1907), Bar do Joia (1909), Restaurante 28 (1910), Cosmopolita (1926), Adega Flor de Coimbra (1938) e o Villarino (1953) também são considerados Patrimônio Cultural Carioca.
Completam a lista: o Bar Lagoa (1934), o Bar Urca, com sua clássica mureta que conquista os clientes mais despojados desde 1939, o Cervantes (1955), com seus sanduíches, o tijucano Restaurante Salete – famoso pelo risoto de camarão desde 1957 –, a Adega da Velha (da década de 1960, em Botafogo), a Adega Pérola (de 1957, em Copacabana), o Armazém Cardosão (em Laranjeiras), o Adonis (de 1952, em Benfica), o Bip Bip (de 1968, em Copacabana), o Bar da Dona Maria (de 1950, na Tijuca), o Café e Bar Lisbela, conhecido como Amendoeira (da década de 1950, em Maria da Graça), o Pavão Azul (de 1957, em Copacabana), a Casa da Cachaça (de 1960, na Lapa) e o Jobi (de 1956, no Leblon).
Atualizada em: 14/11/2023