Descubra as maravilhas de Nobres no Mato Grosso – Voupranos

Descubra as maravilhas de Nobres no Mato Grosso

Rios de água cristalina, grutas e cachoeiras. A receita que tanto encanta em Bonito também faz um tremendo sucesso em Nobres. A comparação com as duas cidades é inevitável. No cerrado do Mato Grosso, a 140 km de Cuiabá, o solo calcário também fez brotar nascentes de águas transparentes que até parecem aquários e um sem-número de cavernas cheias de espeleotemas que dão a impressão de chegar a uma espécie de mundo perdido. Isso sem contar as monumentais cachoeiras que escorrem pelas escarpas da Serra Azul. Em termos de belezas naturais Nobres não fica devendo em nada a Bonito e iguala-se na emoção dos passeios. Ali, o visitante também faz flutuações em rios pontilhados de peixes, desce corredeiras em bóia-cross, voa de tirolesa sobre as matas de cerrado e assiste a revoadas de araras ao pôr do sol.

Cachoeira Serra Azul – Tales Azzi – Editora Europa

Nobres, porém, é um destino que surgiu para o turismo mais recentemente e, por isso, não oferece a mesma variedade de hospedagens e restaurantes, tal como Bonito. A infraestrutura nos atrativos, localizados em fazendas da região, também é mais modesta, embora sigam o mesmo conceito de controle de visitantes com horários marcados para visitação. Em compensação, Nobres tem a vantagem de oferecer preços mais conta nas pousadas e nos passeios: em média, metade do valor cobrado em Bonito.

A principal base para conhecer a região é o distrito de Bom Jardim, a 65 km do centro de Nobres. É lá que estão os principais atrativos, a maioria das pousadas da região. Para quem vem de Cuiabá são apenas duas horas de carro por estrada asfaltada e nem é preciso passar pelo centro da cidade.

Planeje sua viagem

Antes de viajar, no entanto, é preciso planejar-se. O mais importante é comprar os passeios com antecedência. É que Nobres adotou o mesmo sistema de turismo sustentável de Bonito. Ou seja, cada atrativo possui uma limitação do número de visitantes ao dia, medida criada para preservar o frágil ecossistema de rios e cavernas. É preciso comprar os ingressos dos passeios com antecedência. Não adianta ir direto para o atrativo pois sem o voucher  não é permitido entrar. Esse controle evita multidões e garante a distribuição equilibrada da visitação ao longo do dia. A questão é que em períodos de alta temporada e feriadões as vagas nos passeios acabam rápido.

Balneário Estivado – Tales Azzi – Editora Europa

Os mais disputados são os passeios de flutuação, que acontecem nos rios e nascentes da região. Consistem em vestir máscara e snorkel e deixar-se levar vagarosamente pela correnteza dos rios enquanto cardumes de piraputangas, pacus e dourados vão passando bem na sua frente. Não é preciso nem saber nadar, pois o colete salva-vidas impede o corpo de afundar, basta soltar o corpo e relaxar. Mesmo porque não é permitido pisar no fundo dos rios, para preservar as plantas aquáticas.

A sensação dessa atividade é a de estar dentro de um aquário criado pela própria natureza. Tanto que o passeio mais famoso da região recebeu o nome de Aquário Encantado. Trata-se de uma piscina natural, com cerca de seis metros de profundidade, na nascente do Rio Salobra, onde é possível ver as ressurgências da água que brota em meio as areias do fundo. O Rio Salobra também é o cenário do Reino Encantado, passeio de flutuação por um trajeto de 1.000 metros, cruzando com cardumes de diversas espécies de peixes.

Mergulho e outras atrações

Outro snorkeling bastante indicado acontece no Rio Triste, no município vizinho de Rosário Oeste, a 17 km da vila de Bom Jardim. O nome do rio não condiz com a beleza do cenário: águas cristalinas azuladas e matas ciliares muito bem preservadas. Ali, além de muitos peixes, também é possível ver arraias de água doce, que ficam escondidas na areia do fundo do rio, daí a orientação dos guias para jamais ficar em pé ou pisar no fundo. A regra é apenas boiar ao sabor da correnteza. A flutuação dura cerca de uma hora ao longo de um trajeto de 1.200 metros.

Todos esses atrativos estão localizados em propriedades rurais e contam com uma razoável estrutura para receber os turistas, com vestiários, restaurante de comida caseira e trilhas bem demarcadas que levam até a margem dos rios. O único problema é que eles não ficam próximos um do outro e não existe transporte para chegar aos atrativos. Por isso, estar de carro é fundamental para ter liberdade e poder combinar diversos passeios em um só dia.

Rio Triste – Tales Azzi – Editora Europa

A atração com acesso mais fácil é o Balneário Estivado, que fica a apenas 1 km de Bom Jardim, bem ao lado da ponte de saída da vila. Neste trecho, o rio faz uma curva e forma uma piscina natural cheia de peixes. O local conta com um bar e deque na beira da água. É um lugar legal para nadar, se refrescar, tomar drinques e bater papo. Não exige acompanhamento de guia.

Para quem gosta de adrenalina

Se a ideia for acrescentar um pouco mais de adrenalina à viagem, a sugestão é fazer o bóia-cross no Duto do Quedó, uma descida de 2 km por um rio que alterna trechos mansos e corredeiras. O grande barato do passeio é que, em certo ponto, o riacho passa pelo interior de uma caverna. Nesse local, os guias entregam lanternas aos turistas para observar, na escuridão da caverna, os detalhes dos salões subterrâneos decorados com estactites e curiosas formações rochosas. São cerca de 300 metros pelo interior da gruta.

Já no Sesc Serra Azul, uma cachoeira de 40 metros desaba pela encosta da montanha formando um poço verde-esmeralda cheio de peixes que nem se importam com a presença dos visitantes e nadam tranquilamente ao redor das pessoas. Para chegar lá, porém, é preciso encarar uma escadaria de 400 degraus. Descer, porém é bem mais fácil com a tirolesa que leva do alto da montanha até o ponto de partida na sede da fazenda.

Aquário Encantado – Tales Azzi Editora Europa

Os aventureiros também curtem o Mirante do Cerrado, um complexo que inclui circuito de arvorismo, uma tirolesa bem radical de 700 metros de extensão, além de duas piscinas com toboágua e restaurante. É um lugar para relaxar e, se possível, esticar até o entardecer, pois o local oferece uma bela vista para o pôr do sol.

Deixa a Lagoa das Araras para o final do dia

O fim da tarde também é o melhor horário para conhecer a Lagoa das Araras, uma área de mata alagada cheia de buritis que viraram abrigo para araras, garças e maritacas. Todos os dias, por volta das cinco da tarde, os pássaros voltam para os ninhos e dão um espetáculo em belas revoadas. Dois deques de observação foram construídos nas margens da lagoa, que fica a 1 km da vila de Bom Jardim e com acesso de carro.

Se você já foi a Bonito e gostou, pode ter certeza que também irá adorar os cenários de Nobres. É uma grande surpresa essa região do Mato Grosso, que por décadas era conhecida apenas pela extração de pedra calcária, reunir tantas belezas naturais em um só lugar. Hoje, Nobres não é mais novidade para ninguém e já deixou de ser apenas um novo segredo bem guardado do interior brasileiro para entrar no cenário do ecoturismo nacional.

Quando ir

Abril a novembro é o melhor período para conhecer Nobres. Nessa época, chove pouco e os rios estão mais cristalinos, ideal para as flutuações.

Publicado em: 10/02/2023
Atualizada em: 15/02/2023
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