Estudo revela a poluição de plástico nas praias brasileiras

Uma pesquisa realizada pela Sea Shepherd Brasil, e com o apoio do Instituto Oceanográfico da USP, sobre a presença de lixo e resíduos sólidos nas praias brasileiras mostrou que 100% das praias do Brasil tem problemas com a poluição. A pesquisa levou 16 meses para ser concluída e envolveu a coleta de dados ao longo de 7 mil quilômetros da costa, passando por 306 praias de 201 municípios, do Chuí ao Oiapoque. Do total de resíduos encontrados, 91% são plásticos, sendo 61% itens descartáveis, como tampas de garrafa. Entre os macrorresíduos, o maior volume foi de bitucas de cigarro.

Maresias – Tales Azzi – Editora Europa

Ao longo das 306 praias analisadas, foram encontrados 16 mil fragmentos de microplástico e 72 mil macrorresíduos. Em média, as praias brasileiras contêm 4,5 microplásticos por metro quadrado e 0,5 macrorresíduo por metro quadrado, ou seja, 1 resíduo a cada 2 metros quadrados.

O estudo mapeou as regiões mais e menos afetadas pela poluição, destacando áreas críticas. Cidades das regiões Sul e Sudeste estão entre as mais impactadas. Em São Vicente, por exemplo, foram encontrados 10 resíduos por metro quadrado nas praias. Em Mongaguá, o cenário é ainda mais alarmante, com 83 fragmentos de microplástico por metro quadrado.

“Pretendemos que os resultados do projeto não somente choquem, mas provoquem a ação, trazendo à tona a necessidade de políticas públicas e de uma mudança na cultura de consumo de plástico no Brasil.”, afirma Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil. Vale ressaltar que o trabalho não se trata de um censo, mas sim de uma análise específica, sem a pretensão de abordar a poluição de forma abrangente. Para conseguir os resultados a equipe juntou técnicas de campo, como peneiras e fitas métricas, e o trabalho realizado em laboratório junto ao Instituto Oceanográfico da USP, para definir a composição de cada item.

Em São Paulo, onde o estudo envolveu a visita a 27 praias de 16 municípios paulistas, as praias que registram a menor presença de microplástico foram Ubatumirim – Ubatuba (1,6 por metro quadrado), Camburi – Guarujá (1,5 por metro quadrado) e Itaguaré – Bertioga (1,0 por metro quadrado).

Resumo do estudo de resíduos nas praias brasileiras:

– 306 praias estudadas e 201 municípios brasileiros cobertos

– 156.600 m² de área analisada (equivalente a 22 campos de futebol)

– 91% dos resíduos são plásticos; 61% plástico de uso único, 22% plásticos de vida longa e 17% apetrechos de pesca

– 97% das praias têm microplásticos

– Foram coletados 16 mil fragmentos de microplástico e 72 mil macrorresíduos.

– Em média, 4,5 microplásticos/m² e 0,5 macrorresíduos/m² nas praias brasileiras.

– 1 em cada 12 itens são filtros de cigarro.