Fernando de Noronha ganha rotas de turismo para observação de aves
Fãs do birdwatching ganharam um novo destino turístico no Brasil: o arquipélago de Fernando de Noronha, que abriga a maior diversidade de aves marinhas do Brasil. Graças ao projeto Aves de Noronha, realizado pelos pesquisadores Cecília Licarião, Larissa Amaral, Geisiane Sobral e Heideger Nascimento, com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da Log Nature, a ilha ganhou quatro rotas turísticas para observação de aves, nas quais é possível observar cerca de 90 espécies registradas por lá.
Segundos os pesquisadores, as aves de Noronha usam as ilhas para descanso, alimentação e reprodução. Dessas, 17 são de espécies residentes, ou seja, moram em Noronha e podem ser observadas durante todo o ano. Seis espécies, porém, correm perigo de desaparecer e duas delas, o sebito-de-noronha e a cocoruta, só existem em Fernando de Noronha.
O sebito-de-noronha ou juruviara-de-noronha é o nome desse pássaro que habita florestas, jardins e áreas arborizadas, com preferência pelas copas dos mulungus. Alimenta-se de insetos e artrópodes, como pequenas aranhas. As aves têm cerca de 15 centímetros de comprimento, pesam, em média, 10 gramas, e possuem coloração verde-acinzentada nas partes superiores e marrom-claro e creme no ventre. A fêmea coloca cerca de dois ovos, que são chocados durante 12 ou 13 dias. Seu ninho, em formato de tigela funda, é feito de materiais vegetais e teias de aranha, costurados em galhos fininhos, parecendo uma taça de vinho pendurado. O pássaro sofre ameaça pela degradação de seu habitat, principalmente pela introdução de espécies exóticas, como gatos e ratos.
Já a cocoruta é um pássaro de 17 centímetros de comprimento, com pescoço branco e laterais e peito em tom acinzentado. A barriga é de coloração amarelada. Alimenta-se de insetos e frutos e, segundo os pesquisadores, uma cocoruta pesa, em média, 20 gramas. É encontrada em matas secas e áreas antrópicas do arquipélago de Fernando de Noronha. Também encontra-se ameaçada de extinção pelos mesmos motivos que o sebito-de-noronha.
“O turismo pode levantar fundos para manter o projeto. Obrigatoriamente, envolvemos os guias locais nessa iniciativa, pois entendemos que o dinheiro gerado pelas vendas deve circular na economia da região”, explica Cecília Licarião. “O Brasil é um dos países com mais endemismo e as pessoas vêm de fora, justamente, para ‘completar o seu álbum de figurinhas’ vendo espécies que só podem ser encontradas aqui. Daí, o grande potencial desse tipo de turismo”, conclui.
O projeto incluiu também o lançamento do “Guia de Aves Fernando de Noronha”, uma edição em formato de bolso que compila, de forma simples e acessível, as 40 espécies mais representativas de aves que habitam a ilha. Bilíngue (português e inglês), a publicação divide a lista de espécies entre residentes, migratórias e exóticas. As imagens contêm símbolos que representam o status de conservação, o habitat e os principais itens da dieta das aves catalogadas. “Trata-se de um material com linguagem acessível, uma vez que a nossa intenção é atrair o olhar das pessoas para essa atmosfera, para a biodiversidade das aves”, explica Cecília Licarião. “Um dos pilares do nosso projeto é colocar Fernando de Noronha no mapa do turismo de observação de aves, que movimenta milhões nos Estados Unidos e na Europa, e começa a crescer no Brasil. O livro complementa essa ideia”, disse.
Atualizada em: 06/10/2023