Como é Graceland, a mansão de Elvis Presley em Memphis
A maioria dos viajantes que chega a Memphis tem como destino certo Graceland. Mais de 600 mil pessoas passam por lá todos os anos, o que torna a casa em que Elvis Presley viveu a segunda residência mais visitada do país, atrás apenas da Casa Branca, em Washington D.C.
Há diversos pacotes de ingressos para visitar o lugar, sendo que os mais procurados são os que incluem apenas o interior da casa e o que dá acesso ao museu The Elvis Experience. Este segundo vale muito a pena, pois é bem detalhado e costuma agradar até a quem não é fã do Rei do Rock.
Por dentro de Graceland
A despeito da escolha, o passeio sempre começa pela casa. Fones e tablets são distribuídos aos visitantes, que chegam à porta principal da residência a bordo de uma van e, a partir daí, caminham e se informam por meio de um audioguia com diversas opções de idiomas, inclusive português do Brasil.
Logo após atravessar a fachada com colunas gregas chega-se à sala principal de Graceland, onde repousam um piano branco, sofás e uma mesa de jantar, com muitos detalhes em azul e dourado.
Se hoje tem estilão kitsch, o local representava o suprassumo da moda à época, cuja decoração foi modificada por várias vezes, sempre flertando com a extravagância. Isso pode ser observado no quarto dos pais de Elvis, na cozinha, na sala de TVs (sim, no plural, já que há três aparelhos por lá, um ao lado do outra), nos bares e refúgios em que ele se reunia com amigos para tocar ou jogar bilhar, no quintal e em diversos outros cômodos, como uma quadra de squash, uma ala que exibe documentos e objetos pessoais, e o espaço onde ficavam os cavalos do rei.
Só não dá para acessar o andar superior da mansão, onde estão o quarto principal e o banheiro onde Elvis teria morrido, em 1977, e que a família prefere manter privativo. Seu túmulo, ao lado dos de seus pais, fica em um jardim de contemplação, pertinho da piscina. Tomado por flores, o local é ponto de encontro diário de turistas, muitos deles emocionados e concentrados em oração.
Elvis Experience
Ali termina o passeio do casarão, mas vale cada centavo seguir para a chamada Elvis Experience, nome dado ao museu construído por Priscilla Presley, mulher do astro, que transformou Graceland em um complexo turístico completo, com direito a hotel e restaurantes.
Só para se ter uma ideia do tamanho do local, quem não tem Elvis como ídolo é capaz de gastar umas boas três horas para ver tudo que há de interessante no espaço. Para os fãs, o tour pode durar o dia todo, sem exagero.
Enorme, o museu exibe desde os carros (destaque para o famoso Cadillac cor-de-rosa) e as motos do rei até detalhes de sua carreira de músico e ator, bem como do período em que serviu como militar na Alemanha e de todas as celebridades que influenciou.
Há um bocado de objetos, cartazes, discos de ouro, instrumentos, sapatos, acessórios e roupas, todos eles com descrições detalhadas, que revelam quando e quantas vezes Elvis os usou. Isso sem contar os documentários e filmes, que mostram trechos de entrevistas, premiações e apresentações clássicas, em lugares como Havaí e Las Vegas.
É tudo tão minucioso que o valor salgado do ingresso acaba se justificando, mas o duro é que nem sempre o gasto acaba por aí. Todas as áreas do complexo contam com lojas no maior estilo pega-turista, e é difícil ir embora de Graceland sem levar uma lembrancinha para casa.
Mais complicado ainda é sair de lá sem ficar encantado com a história daquele americano caipira, que nasceu pobre em Tupelo, no Mississipi, a cerca de 1h40 de carro de Memphis e, com muita audácia, mudou para sempre a história da música.
De quebra, antes de ir embora, dá para entrar em dois aviões que pertenceram a Elvis. Repare nos detalhes em ouro, o que revela ainda mais a personalidade excêntrica do Rei do Rock. Ambas as aeronaves ficam no estacionamento de Graceland.
Sun Studio
Durante a Elvis Experience, é possível conhecer um pouco da história de Sam Phillips, dono da Sun Studio, onde o rei do rock gravou a primeira música e lançou grandes sucessos do início de sua carreira – antes de se transferir pra a RCA e explodir de vez. O passeio serve de aperitivo para uma visita à gravadora propriamente dita, que ainda está na ativa e fica próxima ao centro de Memphis.
Ali, é um barato descobrir que Elvis, então com 17 anos, nos idos de 1953, tentou primeiramente tocar e cantar alguns blues lamuriosos e, muito nervoso, não empolgou Phillips nem um pouquinho. Saiu de lá com a canção My Happiness debaixo do braço, mas pouco se falou dele durante um ano, quando então foi chamado novamente à Sun para gravar com Bill Black (baixo) e Scotty Moore (guitarra).
Mais uma vez, a sessão seguia modorrenta até que, meio que de brincadeira, o menino bonitão de olhos azuis resolveu dedilhar no violão e cantar alguns versos de That’s All Right, blues escrito por Arthur Crudup. Fez isso em um ritmo mais acelerado, como gostava, flertando com o country. Os olhos do dono do estúdio, enfim, brilharam. A música foi gravada, levada para uma rádio local e, de cara, estourou. O resto é história.
Atualizada em: 16/06/2023